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Hoje, em Évoraburgomedieval é terça feira e, para além dos turistas habituais, a Praça do Giraldo e o Café Arcada encontram se cheios de forasteiros, solidamente especados, indiferentes a quem passa e ao estorvo provocado. É dia de S.Porco, i.e, dia de mercado, em que os homens vêm à cidade para o negócio do gado, enfiados nos seus fatos escuros, de mau corte, botas enlameadas e chapéu na cabeça. Detesto a sua falta de maneiras, embora por vezes seja uma distracção observar as suas atitudes. O mais interessante neles é o modo como se escarrancham nas cadeiras, à mesa do café, solidamente instalados, o chapéu na cabeça atirado para trás. (MAF - 1971.10.09)
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Évora é uma terça-mercado numa praça.
numa praça em terça-mercado um café.
de um café em praça numa terça-mercado.
.................................de agrários cinzentos..
.................................como cepos sem vida. (POE - (1)
Évora é uma terça-mercado numa praça.
numa praça em terça-mercado um café.
de um café em praça numa terça-mercado.
.................................de agrários cinzentos..
.................................como cepos sem vida. (POE - (1)
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Amanhã é 3ª feira, o meu dia negro, pois a cidade - e o café - enchem-se de alentejanos corpulentos, solidamente parados no meio do caminho, de chapéu na cabeça e fatos escuros, como se nada mais existisse no mundo senão as suas irritantes pessoas ! (NID - 1973 ?)
______Amanhã é 3ª feira, o meu dia negro, pois a cidade - e o café - enchem-se de alentejanos corpulentos, solidamente parados no meio do caminho, de chapéu na cabeça e fatos escuros, como se nada mais existisse no mundo senão as suas irritantes pessoas ! (NID - 1973 ?)
1 - Do poema «Natureza Morta«, escrito em Évora
3 comentários:
Interessante esta tua abordagem sarcástica e azeda, por um dia tão importante, para muitos/as, como é um dia de feira.
Embora não goste de comprar nas feiras, por não saber "marralhar", isto é, discutir o preço, a verdade é que apesar de alguns inconvenientes, a feira, qualquer uma, é sempre lugar de encontro/os,
de movimento,quase sempre alegre e
colorido.
Há, pintadas por um Ilustre da minha Terra, o Prof.Abel Salazar, várias telas de valor, sobre gente do campo, retratando os seus trabalhos e divertimentos, onde as feiras têm naturalmente, papel de destaque.
Estes e outros trabalhos do Prof.,podem ver-se na Casa Museu Abel Salazar em S.Mamede de Infesta.
Pensa numa visita quando vieres até cá; vais ver que vale a pena.
Maria Mamede
M.M.
Esta era uma «feira» especial, onde os agrários e latifundiários vinham negociar gado à mesa do Café Arcada ou na Praça do Giraldo. O outro gado que vendiam não era exibido na cidade. Não era uma «feira» popular, mas um encontro de incultos e arrogantes agrários, sobre os quais noutro post falarei. A pela arraia miúda chamada «Feira de S. Porco» era o encontro semanal dos senhores da terra e opressores dos assalariados rurais, a quem não eram reconhecidos direitos, salvo o das 8 horas diárias de trabalho em vez do trabalho de sol a sol, duramente conquistado na sequência de greves organizadas pelo PCP, embora a Praça da Jorna ainda persistisse.
O café Arcada e a Praça do Giraldo eram de fugir à 3ª Feira. Mas não eram só agrários, a praça e a cidade, o mercado e as lojas, o jardim público, etc., recebiam nesse dia a visita de pessoas de todo o distrito, pois era o dia de camineta da rodoviária para a cidade.
Curiosamente, o Arcada ganhou clientela de direita e as meninas da boite e seus amigos (que de modo algum menosprezo), quando os donos eram gente do PCP. O Portugal tinha clientela mais variada, pessoas com todos os gostos e profissões, que por lá trocavam ideias ao longo das tardes preguiçosas. Os donos, dizia-se, eram de direita.
Agora resta o Arcada e acabou-se o S. Porco.
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