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domingo, 8 de agosto de 2010

Tempo de calor tropical


* Victor Nogueira
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Os EUA publicaram a lista dos países terroristas ... Irão, Cuba, Sudão,Siria  ... Mas ficam de fora os amigos como Israel, Colômbia e outros regimes ditatoriais  do "Mundo Livre", para não falar da Arábia Saudita, extremista Islâmico que as mentes bem pensantes ignoram. Acabaram as manobras que a Coreia do Norte considerou provocatórias, sem que tivesse concretizado a ameaça de recorrer à Bomba Nuclear, utilizada apenas duas vezes, em Hiroshima e Nagasaqui, faz agora 65 anos, num crime contra a Humanidade que nada fica a dever às atrocidades nazis ou de países amigos como a Indonésia de Suharto (1) ou as inúmeras ditaduras apoiadas pelos EUA na América Latina, o seu quintal das traseiras! Com 95 anos morreu Dias Lourenço, que conheci sempre cheio de vida e que representou o PCP no funeral do meu amigo Gilberto de Oliveira, um dos prisioneiros que escapou com vida do Campo da Morte Lenta do Tarrafal, em Cabo Verde.
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Na RTP transmitiram um programa de homenagem ao actor Raúl Solnado, recentemente falecido, e que, com Carlos Cruz e Fialho Gouveia, lançou na chamada Primavera Marcelista da "evolução na continuidade" um programa que agitou as águas e fazia parar País, tal como depois de Abril sucedeu com a  Telenovela "Gabriela Cravo e Canela", baseado no romance homónimo de Jorge Amado. Para além dos seus números de humorísticos de "non sense" ficaram-me na memória dois filmes dramáticos por ele interpretados;: "D. Roberto" e "Balada da Praia dos Cães", este baseado no romance homónimo de José Cardoso Pires.
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Voltando à ligeireza, os temas do Correio da Manha continuam a ser a violência doméstica, os incêndios, o Rei dos Gnomos e o predador sexual de Telheiras, para além das lojas CR7 geridas pela irmã de Ronaldo,desaparecido da circulação mai-lo misterioso filho, cuja foto exclusiva teria pertencido ao Correio da Manha. Na Supertaça o FCPorto venceu o Benfica por 2 a 0, num jogo violento, mas já sem as fitas do tempo do fascismo, quando os jogadores se deitavam no chão simulando faltas do adversário e retomando lépidamente o jogo  quando o arbitro os ignorava.
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Ver
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Hiroshima e Nagasaqui - Mais Brilhante que mil sóis - Crimes Contra a Humanidade

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(1)  A 30 de Setembro de 1965,[1] Suharto orquestrou um golpe, apoiado pela CIA,[2] que foi acompanhado pelo massacre de comunistas e democratas indonésios e que resultou num genocídio que fez entre 500 mil e dois milhões de vítimas, perante a indiferença mundial.[3]

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  1. Jon Halliday Jung Chang. Mao - A História Desconhecida.  1.ed.  pp.992.
  2. Carlos Lopes (03/10/2003). Golpe na Indonésia: 1 milhão de mortos CIA preparou “listas de execução” para Suharto. Jornal Hora do Povo. Página visitada em 2009-07-19.
  3. A morte de um ex-ditador. Folha de Pernambuco (29/01/2000). Página visitada em 2009-07-19.
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http://pt.wikipedia.org/wiki/Suharto
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domingo, 2 de setembro de 2007

Zip Zip - a equipa


Carlos Cruz, Raúl Solnado e Fialho Couveia

Se quiser ver fotos e outra informação clique aqui -> factos 1950

RTP - Zip-Zip - Uma pedrada no charco

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* Victor Nogueira
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Vi ontem pela primeira vez esse programa novo da RTP que tantos rios de tinta e palavras tem feito correr. "Zip-Zip" tornou se a expressão característica do princípio da semana. Bem, nada de especial achei na sessão de ontem, nada que justifique tanto entusiasmo (até o Mário Castrim) - (1) - gasta os seus tão avaramente guardados adjectivos elogiosos). Dizem me os "fiéis" cá da casa que de facto o de ontem não foi o melhor. E eu fico com pena de não ter visto o da semana passada, com o discurso do [Raúl] Solnado ao seu povo Zip-Zipzeano, mais o O'Neil e a menina Elsinha ou lá como se chama. Bem, o de ontem teve alguns momentos bonzinhos: o das interpretações do Quarteto Musica Novarum, com um sabor de outras épocas, repousante, as do Gino Becchi e a do vendedor de banha da cobra, igual a tantos que encontrei por essas ruas de Lisboa e do Porto! Não gostaria de estar na pele do Espadinha. O Solnado entalou o bem; vamos ver para que lhe dá a genialidade. (MLF - 1969.06.17)
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1 - Crítico de Televisão diário no Diário de Lisboa

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ZIP-ZIP
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Estávamos em Abril de 1969. O Homem ainda não tinha chegado à Lua. Salazar já não estava na cadeira do poder, assumindo-a agora Marcello Caetano. A Censura apertava o cerco à liberdade da televisão. Ramiro Valadão era o novo homem forte a conduzir os destinos da RTP, um braço aliado do poder. Mas apesar da estagnação que se vivia em Portugal, Raúl Solnado, Carlos Cruz e Fialho Gouveia propunham a realização de um programa diário, "de estúdio aberto, porta aberta". Ramiro Valadão foi peremptório, "Era complicado... mas porque não fazer semanalmente?" - Daí a um mês nascia o Zip-Zip!
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Raúl Solnado, Carlos Cruz, Fialho Gouveia
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Juntamente com Baptista Rosa, estas 3 figuras que hoje pertencem já à história da televisão em Portugal estiveram na génese da criação de um programa que iria revolucionar o panorama português não só televisivo como social. Depois de falarem com Ramiro Valadão, que concordou apenas com uma ideia vaga de um programa semanal, Solnado, Cruz e Fialho passaram os dias seguintes a criar um programa que, de início, eles próprios não faziam ideia do que queriam que fosse, senão que tivesse pelo menos o mérito de "agitar" o país.
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Um acontecimento na vida da RTP e do país
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Como os próprios "mentores" do programa o afirmaram, um ano antes o "Zip" não teria sido possível. Mas agora estava-se em plena Primavera Marcelista, e a amplitude de movimentos sempre era um pouco maior. O país, esse, respondeu com entusiasmo a um programa que revolucionou as noites da televisão, o futuro de muitos programas que viriam a ser feitos, a consciência e as atitudes do público e mesmo a relação com os Censores. Alguns tabus caíam, e do primeiro ao último minuto do programa viviam-se tanto alegrias como tristezas.
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As diferenças do que se fazia até aí
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Se virmos com olhos de hoje o "Zip", talvez achemos que não foi tão original como isso. Mas estava-se em 1969, numa RTP habituada à seriedade e numa sociedade que, como diria Eça, se afundava no marasmo. Por isso as diferenças saltaram mais à vista nesse tempo: o público assistia da plateia à gravação do programa, falava-se de assuntos que antes teriam justificado quase interrogatórios policiais, os convidados tanto iam das personalidades mais influentes até às pessoas mais comuns, o humor era fresco e vigoroso e a música punha no ar nomes antes impensáveis.
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Zip de noitadas
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Toda a equipa que punha no ar o programa trabalhava incansavelmente, até porque as dificuldades com a Censura não davam o mínimo descanso. A amizade entre o trio Solnado-Cruz-Fialho era também muito grande, pelo que era difícil haver obstáculos impossíveis de ultrapassar. "Todas as semanas passávamos mais de 48 horas sem dormir e sobrecarregados com trabalho em excesso", relembra Fialho Gouveia. "Aquele programa só podia ser feito com muito entusiasmo", acrescenta Solnado. Um programa feito com paixão no Teatro Villaret, pelas ruas ou pelos cafés de longas noitadas.

O frenesim até ir para o ar
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Durante a semana a correria ia desde os contactos para as entrevistas, a escrita dos textos de humor até à busca incessante de ideias. Aos sábados, no Teatro Villaret, era tudo posto em prática. O público ocupava os seus lugares e assistia à gravação do programa. Depois a gravação era visionada pelos censores, em conjunto com os autores do programa, e seguiam-se horas pela noite dentro para decidir o que podia, devia, tinha ou não de ir para o ar. 2ª-feira os telespectadores da RTP viam o produto final de um trabalho suado mas recompensador.
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Luís Andrade
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A realizar o "Zip" estava uma das figuras mais sólidas e importantes da RTP. Decisiva, desde logo, para o arranque do Zip-Zip. No dia de gravação do primeiro programa, eram já 3 horas da tarde e nem sequer tinha ainda havido ensaio. O público aguardava para entrar e o convidado especialíssimo, Almada Negreiros, já estava no camarim. Alguém terá suspirado com a hipótese de ter de adiar a gravação do programa, mas o realizador foi peremptório: "Vamos fazê-lo. Eu faço de caras.", os operadores de câmaras disseram o mesmo, e toda a restante equipa técnica deu o seu apoio para que se começasse a gravar. No fim do dia a satisfação era febricitante; o primeiro "Zip" tinha sido um sucesso. Só faltava agora o "diálogo" com a censura...
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Maratonas com a Censura
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As noitadas em "negociações" com os censores eram longas e árduas, mas no final, como recordam hoje Solnado, Cruz e Fialho Gouveia, isso servia apenas para dar ainda mais força e ânimo para continuar, pois fazia sentir que se estava a fazer algo de verdadeiramente importante. Mas apesar de inicialmente a permissividade ser generosa, a verdade é que, com as proporções que o programa veio a ter, as coisas se complicaram. De início podia-se "jogar" um bocado: "podem cortar isto mas não aquilo"; mas a pouco e pouco, do censor sempre presente entre o público passou-se a um "estrangulamento" bem maior. Ao fim de 6 meses, o esgotamento, grande parte dele devido à censura, acabava por fazer terminar o "Zip".
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Almada Negreiros
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Foi a melhor estreia que o Zip-Zip podia ter. Pela primeira vez o artista estava na televisão portuguesa, para uma conversa que deixaria os portugueses suspensos. Um homem culto, especial, inteligente e que em poucas palavras dava respostas que faziam eclodir as palmas do público. Lá fora, na rua, muitos dos seus quadros estavam expostos, onde Fialho Gouveia fazia uma reportagem diferente, percorrendo falando com os transeuntes. No estúdio, Almada assistia atento e curioso. Na Feira do Livro que então decorria, esgotaram-se os de Almada Negreiros. Hoje, esse primeiro "Zip" é um legado histórico, de onde seleccionámos algumas das partes mais importantes, que pode ver nos vídeos que aqui lhe facultamos. Aproveite! Valem bem a pena.
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As histórias
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Solnado recorda uma delas: "No Lumiar, entrevistámos uma mulher que vendia coisas e a que achámos piada. A entrevista estava a ser um falhanço total. Até que um de nós perguntou: "O que é que a senhora já vendeu na sua vida?", e ela: "Vendi tudo, menos pomada para chatos!". Gargalhada geral. O pior veio depois. A Censura não permitiu que a palavra "chatos" fosse para o ar...
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O "Zip" desce à rua
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A criatividade da equipa que fazia um programa inovador e revolucionário não parava. Luís Andrade conseguia sempre dar respostas criativas aos problemas que surgiam com a execução para televisão de várias ideias, como, por exemplo, a transmissão de um jogo de futebol... de matraquilhos! Produção mais grandiosa foi a entrevista ao maior poeta português... esse mesmo, Luís Vaz de Camões... ou melhor, à estátua dele! Pelas avenidas, entre as bandas de música, na praça de touros... o "Zip" saía do Teatro Villaret, e em vez de esperar que as pessoas fossem ter com ele, ele foi desde o início ter com as pessoas.
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Uma imensa felicidade
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As palavras de Raúl Solnado quando já o "Zip-Zip" não estava no ar, respondendo sobre o acontecimento mais marcante da década de 60, são elucidativas do que toda a equipa viveu: "Suponho que todos vamos dizer o mesmo: a conquista da Lua. Depois disso, o movimento hippie, e... o Zip-Zip. Desculpem-me as pessoas, mas para mim foi uma experiência extraordinária, que me enriqueceu muito, sob o ponto de vista humano e profissional"; acrescentando ainda: "Durante 7 meses vivi completamente feliz - isso equivale a muitos anos de vida".
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[PDF]
O «canto de intervenção» no combate ao Estado Novo
Formato do ficheiro: PDF/Adobe Acrobat - Ver em HTML«Zip-Zip», apresentado por Fialho Gouveia, Raul Solnado e Carlos Cruz, ... A partir do «Zip-Zip», surge um maior interesse das editoras pela música de ...