domingo, 18 de novembro de 2007

Do rio que tudo arrasta ... (1)



* Victor Nogueira
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O rio a que Brecht se refere metaforicamente, são «o povo» ou os «trabalhadores», isto é os oprimidos e alienados pela classe dominante ao longo de milénios. E o transbordar das margens, não é uma «revolução» como a dos cravos, mas como as que têm ocorrido ao longos dos tempos, desde os escravos, passando peloa camponeses pobres, pela Comuna de Paris, pelas revoluções de 1848 na Europa, a de 1910, no México, pela de Outubro de 1917 na Rússia, das de 1918 pela Europa, e muitas outras desde então.
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Abortadas? Por agora, talvez sim. Mas depois do inverno, a semente enterrada no solo germina. Pois até o capitalismo, desde há séculos, sofreu avanços e recuos e mesmo hoje em dia ainda não se impôs em todo o Planeta Terra nem é o fim da história.
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Mas se tudo isto não explodir antes, se conseguirmos rebentar com as margens, o rio será depois sereno e sem barreiras, para todos e cada um dos sobreviventes. Assim o acreditamos muitos de nós por todo o mundo e ao longos dos milénios. Porque o Inferno, o Purgatório ou o Paraíso ou são neste Mundo ou não são!
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«Do rio que tudo arrasta se diz que é violento Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem.» (Bertolt Brecht).
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Encontra de Bertolt Brecht aqui mais Poesia ou nesta Antologia Poética. A imagem é uma gravura japonesa de Katsushika Hokusai e foi retirada de terra da alegria.

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