terça-feira, 10 de novembro de 2015

A coerência incoerente na política segundo bagão felix - parte II









Continuo a pensar do mesmo modo. Nenhum partido deve estar fora de futuras responsabilidades governativas. O que reprovo veementemente é a fraude eleitoral de não se colocar, previamente, aos eleitores essas hipóteses.Sejam elas quais forem. Como disse Costa, não deve haver cheques em branco. O pior é que ele vai mesmo beneficiar de um mandato que os eleitores (parte, claro) não lhe deram. Pelo contrário.

Quanto às incoerências (não é este o caso) claro que as tenho. Como o senhor certamente…

* Victor Nogueira

Independentemente das minhas divergências ou discordâncias, ao longo de anos tenho lido e ouvido Bagão Felix como alguém a quem reconheço seriedade intelectual e postura cordata. 

Quem seguiu a campanha eleitoral e não só, sabe com segurança que as afirmações de António Costa não se resumem aos excertos que seleccionou. Que alguém substitua a argumentação em volta de programas políticos, que em princípio têm como finalidade os cidadãos eleitores (ou classes e camadas sociais), por argumentos "ad hominem" do estilo "sede de poder", “desonestidade”, "facadas", "traições", “embuste eleitoral”, "golpes sujos" ... é ficar pela espuma dos acontecimentos e dos sound-bytes. 

Cada um dos partidos tinha um programa que apresentou ao eleitorado e natural é que não havendo maioria absoluta de qualquer deles negociassem entre si tendo em conta os objectivos estratégicos de cada um. 

Quais eram os verdadeiros do PSD que em 2011 prometeu fazer exactamente o contrário do PS/Sócrates acabando a negociar com o CDS/Portas o apoio deste para obter a maioria absoluta? Dois anos decorridos Portas, quê teria fixado "linhas vermelhas" inultrapassáveis, demitiu-se de forma. "Irrevogável" porque a sua permanência no Governo deix[ara]  de ser "politicamente sustentável". Permanecer no Governo "seria um acto de dissimulação", afirmou então. Porque voltou atrás Paulo Portas, após a demissão de Victor Gaspar, acabando por “aceitar” a nova Ministra das Finanças?  (1)

Em 1978 o CDS – que havia votado coerentemente contra a CRP em 1976 - resolveu apoiar o Governo [marxista] de Soares/PS partilhando pastas ministeriais, sem que qualquer dos partidos o tivesse previamente proposto aos cidadãos eleitores. Quais eram os objectivos estratégicos do CDS na altura? 

A talhe de foice – “A Internacional” (2) ainda é o Hino do PS e não só do PCP. Creia-me, sem acrimónia.

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em tempo - Ao contrário do PCP, Bloco e PEV, o PSD havia votado “sim” aos PEC's do PS/Sócrates.

Mas em 2011 o PSD/Passos Coelho surpreendentemente mudou o sentido de voto e votou contra o PEC IV, que tinha luz verde da UE. Porque mudou o PSD a sua orientação "tradicional" e se "juntou contra-natura" áos partidos à "esquerda" do PS para logo a seguir assinar o pedido de intervenção da troika, conjuntamente com o PS/Sócrates/Teixeira dos Santos e o CDS/Portas?

Falando em "vitórias que sabem a pouco" como classificar o 2º pior resultado do PSD+CDS em legislativas, com perda de mais de 700 mil eleitores relativamente a 2011, apesar de pedirem a "maioria absoluta", que o eleitorado negou? Note-se a "confusão" em que nuns círculos concorreram coligados o CDS e o PSD e noutros se apresentaram cada um para seu lado? 


Face ao por mim referido neste meu comentário em 2 prestações será legitimo perguntar qual tem sido a "história" que ao longo de várias décadas o PSD e o CDS "[assumem] com toda a sua integralidade"  e sobretudo, inquestionável integridade e coerência? 


Para lá das “promessas” eleitorais e das escolhas do eleitorado, para lá das estratégias que servem interesses de classe, tudo o resto, no essencial reduz-se apenas a "subjectividades" em que uns terão apenas "sede de poder", "malevolência", "falta de caracter" enquanto outros serão íntegros querubins e desinteressados defensores do "Bem-Comum", acima de qualquer suspeita?


  1. joão lopes
    10 Novembro, 2015 às 10:29
    Pergunta:mas que coerencia encontra nos ultimos quatro anos de governação? só se for na coerencia incoerente de destruir paulatinamemnte o conceito de “social democracia” que é inerente ao nome de um dos partidos do Paf(coisa que a direção do respectivo partido terá que explicar aos seus proprios militantes)

    Pedro Areias
    10 Novembro, 2015 às 10:25
    Há aqui um mecanismo de transitividade.
    A inerente objecção dos partidos à “direita” CDS-PP e PSD relativamente à coligação de esquerda não se prende com o PS nem com o António Costa, a quem foi oferecido um lugar no governo PSD/CDS.
    O grande “problema” também não é o acordo com o BE. O problema é o acordo com o PCP. O PCP é um partido sério, que não deixa passar as patranhas e os cambalachos, que põe o dedo nas feridas mais infectadas do regime que vigora desde 1926.
    O PCP é o partido que dá valor às palavras, às pessoas e às acções. É um partido que, passadas tantas décadas, mantém a seriedade e os valores de sempre.
    É o único partido que não se vende. Jamais.
    É isso que faz tremer a direita. É isso que motiva as críticas a António Costa e ao PS. É isso que motiva o apelo ao ódio subjacente às “Notícias” do Público.
    Essencialmente, o PSD/CDS-PP está agora a dizer o seguinte: “então António, estávamos todos aqui no quentinho desde 1926 e agora fazes-nos isto? Até tinhamos aqui um lugar para ti”
    É necessária muita lucidez para compreender o que é Portugal, no seu sistema Feudal extremamente violento, com uma sociedade por classes onde a hierarquia é capaz de expulsar a população desesperada como o tem feito. 12º País com mais Emigração.

    Augusto Costa
    10 Novembro, 2015 às 3:57
    Exmo Senhor, no que diz respeito à sua resposta ao comentário de Victor Nogueira, VªExa usa a expressão “fraude eleitoral” de forma completamente errada. E não se trata de um questão de opinião, mas sim de sermos rigorosos com as palavras que utilizamos. Nós estamos num Estado de Direito e existem leis contra as fraudes eleitorais. Se se verificou“fraude eleitoral”, porque é que Vª Exa ainda não participou à PGR ??? Porque é que a PaF não fez o mesmo ??? Sabendo nós que o Presidente da República é no seu âmago contra a possibilidade de um governo de esquerda, porque é que o Prof. Cavaco Silva não descartou esse governo logo à partida, alegando as suspeitas de “fraude eleitoral” ??? Tenho V.Exa como um homem ponderado ( embora discorde de si várias vezes ), por isso não acicatemos mais os ânimos do que já estão …

    Nuno Silva
    10 Novembro, 2015 às 3:18
    Espero que no caso de António Costa se tivesse aliado ao PSD-CDS, deixando passar talvez o governo mais extremista neoliberal, anti-Estado Social, e anti-Constitucional da Europa, o meu caro Bagão Félix, tivesse escrito a mesma crónica.
    Mas faça um esforço: vá buscar as declarações de Passos Coelho, antes das eleições em 2011.
    Costa tem hoje a maioria do Parlamento, e 62% dos votos dos portugueses, algo nunca atingido por nenhum político em Portugal, e será Governo nos próximos 4 anos.
    A Direita tem que respeitar a democracia, quando os resultados não lhes são favoráveis.


  2. VEM DE´
  3. A coerência incoerente na política segundo bagão felix parte I


  4. Hino da Internacional Socialista - Versão do Partido Socialista


  5. Gravura de Escher

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