quinta-feira, 1 de maio de 2014

o bancário do banqueiro

* Victor Nogueira

1 . Mas a UGT não foi criada pelo ps(d) na sequência da "Carta Aberta" para "quebrar a espinha à Intersindical"? E ao longo destes anos a UGT não tem feito todos os fretes aos sucessivos Governos ps(d)cds para tirar direitos aos trabalhadores ? São os partidos todos iguais ? Onde é que já ouvi isso e quem beneficia com "os partidos são todos iguais""todos querem só ]a porca da}política", quando "a minha política é o trabalho" ? A UGT faz o seu papel divisionista, e o actual secretário -geral bancário até foi falar antes com o patrão Ricardo Salgado, banqueiro, que declarou aos jornais que tinha orgulho em que o seu bancário fosse ... sindicalista ?



Joana Lopes disse...
A existência de mais de uma central sindical foi uma batalha primeiro perdida por Mário Soares, mais tarde vitoriosa.
Parece-me demasiado redutor o retrato que faz da UGT, já que ela engloba muitos milhares de trabalhadores que não se identificam com o que descreve.
E a celebração conjunta do 1º de Maio seria um patamar mínimo, desejável, de entendimento. unidade de

2. - Joana Lopes. Eu não confundo as direcções dos sindicatos e das centrais com os trabalhadores associados. A UGT foi criada com uma finalidade específica e essa é a de dividir o movimento sindical e dos trabalhadores. É a Joana que fala em "correias de transmissão partidária", como se os partidos defendessem objectiva e subjectivamente os mesmos interesses de classe ou como se os militantes partidários na sua intervenção política ou nos sindicatos tivessem de despir a camisola numa de "consenso". O que divide os trabalhadores e o eleitorado é a sua consciência de classe, a consciência da finalidade última dos respectivos programas e do conteúdo de palavras abstractas como liberdade”, “unidade”, “consenso” “democracia”, “ditadura” …



Os partidos políticos são associações de interesses para a conquista e manutenção do poder político. Aos trabalhadores interessa a unidade na acção. Ao patronato interessa a divisão da consciência dos trabalhadores e do eleitorado. E as palavras e programas políticos nascem da prática e é na prática que demonstram a sua validade e falsidade ou não. Se é "fácil" perceber porque não se "entendem" os partidos, e não se entendem porque defendem interesses antagónicos, incompatíveis com governos de “salvação”, “acalmação” ou “união” nacionais, então  porque há quem pretenda mascarar a realidade e por no mesmo pé de igualdade as confederações sindicais, reduzindo a questão a ser ou não correia de transmissão partidária ou à “gravidade” da situação económico-financeira ou à dimensão do país ? Então na Suíça ou em Portugal de pequena dimensão territorial e populacional não deveria haver mais do que uma central sindical com os “seus” sindicatos, mas tal já seria admissível por exemplo, no Brasil ou nos EUA?

Então não é em nome da gravidade da situação que cavaco, barroso, Soares dos Santos Salgado mário soares eanes sampaio reclamam ou “aconselham”,  unidos  no que é essencial ?

Então para melhor explicitação, onde se lê “UGT” leia-se “direcções da UGT a todos os níveis”. Não esquecendo que tal como no patronato, também nas classes trabalhadoras há camadas com interesses e objectivos (aparentemente) antagónicos, há camadas com diferentes graus de consciência de classe, que interessa ao núcleo duro da classe dominante manter desunida. Afinal o Socialismo em Liberdade conduziu à Liberdade do Súcialismo e ao Estado “Súcial”. Escrevia Eça que “sob o manto diáfano da fantasia, a nudez forte da verdade”. A verdade de com artifícios e com enganos, se governar contra a maioria, em nome da “democracia” e da “liberdade”. Do socialismo, já eles nem falam.

Durante muito tempo o PS foi  a ponta de lança contra a Constituição de 1976 e os direitos e garantias nela consignados. Hoje, o PSD dispensa o PS mas os compromissos deste são de tal ordem que “ordeiramente” espera por 2015. 


Blogger Joana Lopes disse...
Vítor, comento com uma resposta que dei a posições semelhantes à sua, numa longa discussão sobre este tema, que leu ou poderá ler, no meu mural do Facebook,: « Vamos lá ver se me faço entender: não pretendo escamotear as diferenças entre a UGT e a CGTP, nunca fui a qualquer manifestação ou actividade da 1ª. Isso não me impede de considerar que é lamentável que os trabalhadores portugueses que uma e outra representam (e que não se identificam todos, necessariamente, com os seus dirigentes) não se unam no patamar mínimo que é a comemoração do 1º de Maio. Até porque já o fizeram! 
Btw, também não alinho nesse endeusamento da CGTP que bem precisava de um «arejamento» e, sim, de ter uma direcção menos enfeudada ao PCP. Ingénua não sou, se não se importam!»

2 de Maio de 2014 às 14:15

3. - Sei que as palavras são como as cerejas! Mas sou responsável apenas por aquilo que digo e na exacta medida do que digo. O resto está no olhar de quem me lê e ouve. Que pode ou não ter os mesmos códigos e chaves de leitura ou não. E procuro não enveredar por atalhos esquecendo o que está de essencial em cima da mesa.

Eu não tenho deus(es)  nem deusa(s). Estive mesmo para escrever no meu comentário imediatamente anterior que não tenho visões maniqueístas, a tal ponto que até percebo e aceito que o Capital defenda os seus "interesses" e o que considera serem os seus direitos. E que use as suas (deles) armas. E que o Capital tenha a sua própria Ética.

E sei por saber de experiência feito que a luta de classes atravessa também as organizações dos trabalhadores e os sindicalistas. Há óptimas pessoas entre os patrões (m/f) como há péssimas pessoas entre os trabalhadores (m/f). Mas o que está em causa é que interesses reais defendem a UGT e a CGTP. E os seus dirigentes e activistas (m/f). Em cujo seio se reflectem e actuam as contradições de classe. Em que barricadas a sua prática os coloca, para além das “palavras”.

Mas a Joana, cujo blog aprecio, apesar de eventuais e naturais discordâncias, põe em mim atitudes e posições que não expressei. Quanto à revolução, elas fazem-se com os homens e mulheres com as virtudes e defeitos do tempo e lugar em que estão. São diferentes, opostas, as barricadas do Capital e do Trabalho/Humanidade.

No meu comentário quanto a partidos, mencionei apenas o PS(d)CDS. Não falei em qualquer outro partido. Isso, seria outra discussão. Pública no que é para ser público, privada no que é para ser lá dentro. 

E, parafraseando Espinoza, quanto aos Homens (Humanidade), “nem o riso, nem as lágrimas, nem a indignação, mas apenas o entendimento”, isto é, a compreensão dialéctica das causas e da praxis.


http://entreasbrumasdamemoria.blogspot.pt/2014/05/triste-espectaculo-sindical.html

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