segunda-feira, 14 de abril de 2014

NOS QUARENTA ANOS DO 25 DE abril - 01 - As Excelências


* Victor Nogueira 

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Barroso lamenta que "não tenha sido possível conciliar a democratização do ensino com a exigência e a qualidade", recordando que, antes do 25 de Abril de 1974, "apesar de algumas liberdades cortadas, havia na escola uma cultura de mérito, exigência, rigor, disciplina e trabalho".

* Victor Nogueira 
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Este é o meu contraponto à excelência de Durão.
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Em Angola onde nasci e vivi, qual era a excelência do ensino antes do 25 de Abril ? 
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Do ensino primário e do Liceu falo aqui:
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(...) Em Luanda nasci / Em Luanda vivi / Em Luanda estudei // Não Angola mas Portugal / Todos os rios e afluentes / Todas as linhas férreas e apeadeiros / Todas as cidades e vilas / Todos os reis e algumas batalhas / as plantas e animais / que não eram do meu país. // De Angola /pouco sabíamos /até ao 4 de Fevereiro, até ao 15 de Março // Veio a guerra e ....................a mentira / que alimenta / ..................a Guerra, / Veio a guerra e a violência / veio a guerra e a liberdade. (...)»
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No Liceu as aulas eram teóricas – ao contrário do que sucedia nas escolas industriais - e apenas uma vez em Ciências Naturais foi dissecado uma rã, enquanto que no laboratório de ciências físico-químicas (o Planeta Proibido, como lhe chamávamos) entrámos duas ou 3 vezes para ver o funcionamento duma máquina a vapor ou o professor a fazer umas experiências. 
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A esmagadora maioria dos meus colegas no Liceu – exclusivamente masculino até ao 5º ano, equivalente ao actual 9º - eram “brancos”, rapazes ou raparigas – muitos nascidos em Angola. E da minoria de outras etnias, a esmagadora maioria no 3º ciclo (equivalente aos actuais 10º a 12º ano) eram do sexo masculino.

Na Universidade em Portugal a liberdade para questionar - nas aulas - era menor do que no Liceu em Luanda, onde no 3º ciclo e nas aulas de Geografia alguns de nós defendíamos a independência de Angola (aliás e numa perspectiva multi-racial também o meu pai a defendia), e nas aulas de Organização Política e Administrativa da Nação eu argumentava - exclusivamente com base no livro único superiormente aprovado para o "Portugal do Minho a Timor" - que do ponto de vista teórico o fascismo italiano e o nacional-socialismo alemão eram idênticos ao corporativismo português (na biblioteca do meu pai - essencialmente livros técnicos de engenharia civil ou de "faça você mesmo" - havia a obra "Ascensão e Queda do III Reich" de William L. Shirer, uma "denúncia" do Nazismo).
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Mas se no Liceu Nacional Salvador Correia em Luanda, em 1964/65, nos toleravam estas “ousadias”, elas eram consideradas por alguns dos pouquíssimos professores que as permitiam, como “verdores” da juventude, que nos passariam com a “maturidade”.
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Era pois esta a “excelência” do ensino no Liceu e nos colégios particulares que frequentei, em Luanda e no Porto. No meu curso do Salvador Correia, os 5 que conseguimos aprovação em todas as disciplinas para frequentarmos Economia em Portugal eram uma minoria face à minoria dos cerca de 25 matriculados na alínea g). Aqui já se haviam apurado entre a minoria a minoria das "excelenciazinhas" com direito de acesso às "excelências" baboseadas por Durão Barroso.
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Quanto à Universidade, o que vim encontrar em Portugal, em Económicas, em 1966, foram aulas teóricas com 250 alunos ou mais em Matemáticas Gerais - e quase o dobro em Direito Civil - e uma cadeira bianual de Propedêutica Comercial, para nos darem, entre outros, os conhecimentos de Estatística e de Contabilidade Geral que à pretensa “elite” o Liceu nos não fornecera. 

Dos mais de quinhentos alunos do 1º ano de economia e finanças em Lisboa, quatro éramos de Luanda. O 5º matriculou-se na Faculdade de Economia do Porto.
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Em Matemáticas Gerais, com o Fernando de Jesus, na 1ª aula teórica, as boas vindas aos novos alunos - que se consideravam uns "heróis" por serem a minoria da minoria que no Liceu vencera a barreira da Matemática - "aquilo que vocês aprenderam no Liceu nada tem a ver com a Matemática, esqueçam-no, agora é que vão aprender". Note-se que durante o Liceu só tive necessidade deexplicadores particulares a inglês, para complementar o do 3º ciclo com a "prática" da conversação. A "prática" do francês fora adquirida anteriormente e durante os dois anos em que passei as férias grandes em casa de amigos na África Equatorial Francesa.
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E nunca efectivamente havíamos ouvido falar em Álgebra Booleana e na Teoria dos Conjuntos. O quadro era constituído por 3 ou 4 placas de ardósia e ele começa a desbobinar escrevendo de costas voltadas para os estudantes, sempre sem parar, sempre a escrever, com muitos "como é evidente" e nós sem vermos as evidências. Desesperados, começámos a copiar do quadro para os cadernos (as Folhas eram editadas com atraso pela Associação dos Estudantes) e ele escrevendo, escrevendo, escrevendo, com muitas "evidências" pelo meio. Ainda íamos a meio de copiar mecanicamente o 1º quadro e já ele terminara o 3º ou 4º e apagava o 1º. Nas aulas práticas as turmas eram menores, cerca de 30 ou 40 alunos. Logo na 1ª as boas vindas do assistente: "Daqui a 15 dias a última fila já desistiu, daqui a um mês desiste a 2ª, lá pelo Natal só deve haver metade do curso". E assim sucessivamente até à estocada final "Ao fim do ano só devem chegar 2 ou 3, se chegarem". 
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Direito Civil era dado pelo Dias Marques também professor da Faculdade de Direito de Lisboa (A sebenta de Económicas era igual à de Direito, salvo o frontispício - Uma dizia Universidade Clássica de Lisboa, Faculdade de Direito, a outra Universidade Técnica de Lisboa - Instituto Superior de Ciências Económicas e Financeiras Aqui as turmas também eram imensas, a maioria dos estudantes em pé e apinhando-se, e a tourada era serem os alunos "varridos" com notas baixas por "não usarem linguagem jurídica como é vossa obrigação", argumentava o professor aos protestos de quem lhe dizia que éramos estudantes de economia e não de direito. 
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Economia I tinha aulas teóricas – menos superlotadas, pois havia mais professores - - e práticas e nas teóricas calhou-me o Oehen Gonçalves, assistente, cujas prelecções não se conseguiam seguir pois deixava os assuntos e as frases a meio e continuava com outro e assim sucessivamente. O livro base eram as "Lições de Economia", do Pereira de Moura.
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No 1º ano as únicas aulas interessantes e que me cativaram – combinando a teoria com a prática - foram as de Geografia Económica Portuguesa, do Simões Lopes, mas com a sala pequena para a imensidão de alunos.
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Depois de 1974 fui professor do ensino técnico e apercebi-me que não poucos alunos meus se limitavam a "reproduzir" o livro de apoio. E um dia e em várias turmas disse a vários deles que lessem um parágrafo e o explicassem por palavras deles. Muitos não foram capazes, desconheciam o significado de termos que para mim eram do vocabulário corrente, para além das dificuldades de raciocínio abstracto. 
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Consciencializei-me que embora estivesse a dar aulas em português, numa linguagem que me parecia acessível e compreensível, este português "escolar" era um idioma "estranho" para muitos dos meus alunos, filhos de meios operários, que também se exprimiam mas num outro português. Eu entendia o deles, eles nem sempre entendiam o meu, sobretudo nas aulas e face às matérias que eu lecionava. As competências por eles adquiridas no meio social de origem eram diferentes das minhas - as minhas baseadas no raciocínio abstracto, a deles no raciocínio concreto e no "fazer" e menos no discurso oral e ainda menos no discurso escrito.
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Quando se fala de “excelência”, de que “excelência” estamos a falar?
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Gravura – Dinossauro Excelentíssimo, escrito por José Cardoso Pires, ilustrado por João Abel Manta (1970/1972 ), de que se dá um extracto:
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“Como no Reino só havia 1-Único Mestre que tudo podia e tudo lo mandava, cada dê-erre pretendia enganar os outros fingindo que era o mais importante logo a seguir ao Chefe. Daí o conhecido estribilho
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«O EXCELENTÍSSIMO NÃO SABE COM QUEM ESTÁ A FALAR»
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que se ouvia constantemente nas cenas de rua da Comarca dos Doutores.
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Filhos e netos de camponeses que enriqueceram, enriqueforam e que em ricos serão sempre camponeses por mais que disfarcem, estes exemplares caracterizavam-se por possuírem hábitos sedentários, preferindo as áreas das secretarias e outras de clima acentuadamente burocrático onde a vida decorre nos ciclos naturais da chuva e dos impostos.
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Deslocavam-se com solenidade difusa, à custa dos seus canudos de bacharéis que utilizavam como membrana extensora do aparelho bucal e do abdómen ou como apêndice perfurador para abrir caminhos subterrâneos no planeta dos decretos.
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Hoje está historicamente provado que os dê-erres eram dotados de grande instinto gregário. Se bem que desvairados na voracidade, davam provas de apreciável sentido colectivo na luta contra as maiorias dos mexilhões, dominando-as pelo cantar gargarejado com manobras de ponto e vírgula. Assinavam com DR. Sempre com DR., fizesse sol ou tempestade. Transformaram essa marca no entre-parênteses do seu nome e não podiam dispensá-la ao telefone, na voz, na família e nas iniciais do pijama.»

Mais sobre o Dinossauro Excelentíssimo” em 


    • há 21 horas · Gosto · 3
    • Manela Pinto gosto do k escreveste só é pena que o cherne fascista de hoje nao quer saber ou falar de verdades que cherne maoista de ontem até sabia o dinheiro cala a boca a muita gente e este cherne apodrecido nao presta
    • peixe podre? dá para vomitar. não é só o dinheiro que faz isto ao cherne. é tudo o que mexe com organismos de poder. e cherne ainda o tem.
    • Margarida Piloto Garcia Olha Victor li tudo o que escreveste com muito interesse. Concordo com muita coisa mas devo dizer que considero que antes tínhamos muito mais conhecimentos e cultura sim. Isso nada terá a ver com o regime mas com o modo de ser e aprender. Neste momento é fácil constatar da tremenda falta de cultura dos mais jovens e isso possibilita a desinformação o que é muito grave. Quando vemos concursos no âmbito do conhecimento geral verificamos que até quem faz mestrados pouco sabe para além da sua área. É a cultura das zonas cinzentas. Como pode um povo assim interessar-se por si próprio? É uma forma de egoísmo porque cada um só luta quando se trata de si próprio. Do resto nada sabe ou percebe portanto também não lhe interessa. 
      Fizeste-me lembrar quando dei aulas no Barreiro aos alunos da escola comercial e industrial. Ainda por cima foi um curso nocturno para estudantes trabalhadores de várias idades. Apercebi-me ao fim dos primeiros 5m da aula de apresentação, de que falava uma língua diferente e tive de reformular o discurso. 
      Também me lembrei das aulas de Direito , todas tão teóricas que quando chegávamos ao tribunal, qualquer escrivão sabia bem mais do que nós, das práticas processuais.
      há 12 horas · Gosto · 1
    • Maria Jorgete Teixeira Tenho esta 1ª edição.
      7 h · Gosto
    • Graca Maria Antunes Victor, lembro-me q aos 16 anos, líamos Kafka, Camus, Sartre, Leon Uris...E escrevíamos sem erros, logo na 3ª classe. Também tenho a 1ª edição do Dinossauro , do JCP.Grande sucesso, no pré 25,Mas vê-se que sabes do q falas e falas bem...Bj
      7 h · Gosto
    • Cremilde Barreiros Victor Nogueira seria de grande interese reeditar este fabuloso livro
      7 h · Gosto · 1
    • Maria João de Sousa Não li o Dinossauro Excelentíssimo, mas tenho pena! Quanto ao senhor citado... são estes os adjectivantes que considera mais adequados a uma educação de exclusão social, pelos vistos... abraço!
      6 h · Gosto
    • Penso que o nosso querido D. B.fala da grande exigência que encontrou na faculdade!
      4 h · Gosto
    • Não contesto que havia professores competentes quer no ensino técnico-profisisonal, quer no Liceu, quer nas Universidades. Ponho no entanto várias questões, que explicito:

      a) em Portugal – onde era necessário segundo o fascismo apenas “saber ler, escrever e contar”, nos meios rurais o ensino era feito pelas regentes escolares, praticamente analfabetas e com recurso à aprendizagem mecânica e de memorização, com a pedagogia das orelhas de burro e as reguadas e bofetadas. Apesar disso, era Portugal um país maioritariamente de analfabetos filhos de analfabetos ou pouco escolarizados.
      b) se nos colégios particulares ou na escola primária oficial que frequentei em Luanda não havia castigos físicos nem “orelhas de burro”, se havia jogos de grupo encenações para a festa de fim de anos, nos anos 60 do século passado praticamente aos cerca de quatro milhões e quinhentos mil negros estava vedado o “saber ler, escrever e contar” que no mínimo habilitava os cerca de 170 mil brancos, dos quais apenas uma minoria tinha posses para frequentar o Liceu e prosseguir estudos universitários em Portugal, pois em Angola a Universidade apenas foi criada depois do início da guerra colonial e restrita aos cursos de engenharia e de medicina, decalcada fielmente dos planos curriculares das universidades portuguesas
      c) qual o conteúdo ideológico e pluralismo possível num regime de livro único superiormente aprovado para vigorar no Portugal do Minho a Timor ? Da 1ª classe do ensino primário ao último ano dos cursos técnico-profissionais ou liceais ?
      d) qualquer aluno dum curso técnico industrial ou comercial tinha mais experiência de saber fazer do que um colega no Liceu. Mas se quisesse entrar para a Universidade tinha de ter muito mais anos de estudo do que os 7 exigidos pela frequência liceal, (e em tempos de guerra colonial e assim mais facilmente incorporado para cumprir serviço militar obrigatório)
      e) os métodos pedagógicos que “competências” e “saberes” desenvolviam e valorizavam ?
      Tratava-se dum ensino compartimentado, alta e claramente selectivo. Era “natural” que as mulheres operárias ou rurais fossem analfabetas e era “natural” que nos meios rurais os garotos “inteligentes” fossem pelo padre ou por uma rica benfeitora encaminhados para o seminário e para o serviço de Deus, tivessem ou não vocação religiosa.
      Era um sistema de ensino altamente selectivo e socialmente discriminatório, onde apesar disso havia professores competentes, interessados e mesmo marcantes. Mas todos eles sujeitos ao programa único e vigiados pela PIDE, pela “moral” e pelos “bons costumes”. Sob o manto protector e caritativo da Igreja Católica. Um ensino onde se privilegiava o livro único ou a “sebenta”, a memorização em detrimento do saber de experiência feito, a escolástica à dialéctica, o saber acrítico ao saber que pusesse em causa, o conformismo à descoberta. As excepções, e muitas houver, eram mesmo excepções à “excelência” normativa que se pretendia fosse a da formatação. Não se pretendia que fossem ser criativos mas seres normativos. Mesmo que lessem, investigassem ou tivessem sede de saber e questionassem. Se o fizessem, teria de ser dentro das “normas”.
      4 h · Editado · Gosto · 1
    • Margarida Piloto Garcia Victor. Nada do que escreveste está em contradição com o que eu ou a Graça dissemos.
      4 h · Gosto · 1
    • Victor Nogueira Éramos mais cultos e privilegiados porque muitos tinham acesso a livros, discos e a bibliotecas de família ou pessoais, ou pertenciam a um estrato social onde se "conversava" e era permitido de algum modo contrapor na argumentação. Havia no estrato social a que pertenciam tempos livres e de ócio, "interesses" culturais e não se estudava à luz da candeia de petróleo nem era necessário contar a broa e as sardinhas para o jantar. A "excelência" já havia sido “apurada” logo de início na escola primária – “saber ler, escrever e contar” na base da pedagogia da memorização e dos castigos físicos e morais. E de não ultrapassar a barreira dos 4 erros ortográficos nos ditados e nas redacções “normalizadas” na escola primária, e ultrapassadas estas, vencer no Liceu as barreiras do Português e da Matemática. Apesar disso, tive na Universidade, em évoraburgomedieval e pela vida fora mutos colegas (m/f) que – apesar das notas elevadas – eram quadrados, incultos, broncos, incapazes de saírem das baias ou de desenvolverem . A escola pública de hoje é também o resultado da “ideologia” desse professor catedrático, antigo 1º Ministro e actual Presidente da República a que jardim da Madeira – fa mesma escola de excelência de barrosos – chamou o “senhor silva”. Que abriu caminho às “privadas” e aprofundou o caminho de Soares/Cardia !

      3 h · Editado · Gosto · 2
    • Graca Maria Antunes Não sei se os meninos das escolas industriais e comerciais eram mais bem preparados para a vida prática, mas havia um certo elitismo da parte da malta do Liceu...Quanto à tua experiência, como professor, só me admiro que a incultura geral fosse tão próxima do 25.Mas como diz a Margarida, não contesto nada do que dizes.Aprendo! 
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    • Margarida Piloto Garcia Olha Victor repetiste o que já tinhas escrito com mais um acrescento. Continuo a afirmar o que disse anteriormente e que nada tem a ver com tudo isto que em termos gerais não contesto. 
      Eu sei que a cultura e a apetência pelo conhecimento que me foi transmitida pelos meus pais e algumas excelentes professoras, deixou marca em mim ...felizmente. 
      Que há um evidente declínio cultural sem dúvida e acho que não é só em Portugal.
      3 h · Gosto · 1
    • Victor Nogueira Graca Maria Antunes Os "meninos" frequentavam o Liceu. Se tinham posses (ou notas altas para bolsa de estudo), e passavam as barreiras, iam para a Universidade. Se o não conseguissem, iam como "escriturários" ou afins para a Admnistração Pública, desde que jurassem fidelidade ao fascismo, activo repúdio do comunismo. obrigados a denunciar superiormente as actividades e palavras contra a ordem social 

      Os não meninos, como Saramago e muitos outros, iam para o ensino técnico profissional - frequentavam os cursos técnicos de contabilidade e administração, de mecânica, de electricidade, de auxiliares de laboratório fisico ou quimico, de serralheiros civis ou mecânicos, de artes decorativas. ..

      E naturalmente sabiam e praticavam uns contabilidade geral e outros frequentavam aulas práticas curriculares - as chamadas aulas oficinais - de mecânica, de electricidade, de serralharia, de pintura, de escultura ... Seriam os operários qualificados.

      Sei do que falo, porque a minha mãe - engenheira química - e um meu tio - arquitecto - eram professores na escola industrial e muitos colegas deles e dos Liceus eram amigos da família e visitas lá de casa. 

      Ainda mais do que em Portugal, para um branco angolano era difícil frequentar a universidade num país estrangeiro, noutro continente, para lá do oceano, como era Portugal. E praticamente impossível se fosse negro. O que não impediu que não sei quantos enfileirassem na oposição ou na luta armada e não escolhessem as "excelências" e os caminhos de salazar, marcelo, soares, cavaco ou barroso.
      3 h · Editado · Gosto · 3
    • Graca Maria Antunes Havia muitos que assinavam fazendo figas, por assim dizer, não eram anti comunistas nem com vocação pidesca, mas tinham uma família a sustentar.E sei do que falo.
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    • Victor Nogueira Em tempo, Graca Maria Antunes Sabes, em Luanda havia um dito da malta do Liceu - que nunca usei - qd via uma garota bonita "mal-acompanhada! - Larga o osso, que não é teu, é da malta do Liceu" LOL
      3 h · Gosto · 1
    • Maria João de Sousa Aplaudo as tuas palavras,Victor Nogueira! Fui uma das "privilegiadas", mas tive a sorte de nascer numa família no seio da qual se olhava para a pobreza generalizada, de todo um povo, com olhos muito mais solidários do que caritativos!
      3 h · Gosto
    • Margarida Piloto Garcia Pois olha Victor eu não fui uma das privilegiadas. Tive sim o privilégio de ter um pai que tudo fez para que eu pudesse estudar sempre. O resto foram as minhas boas notas que o conseguiram e a muita sede de conhecimento que ainda hoje mantenho. O que nunca fui foi fanática ou fundamentalista em relação a nada nem a ninguém. 
      3 h · Editado · Gosto · 1
    • Victor Nogueira Margarida Piloto Garcia Já sei que para ti sou um fanático e um fundamentalista. Quando falo em ser "privilegiada" emito um juízo de facto, não de valor, estatística e pela análise sociológica fundamentados.E falo das "co,mpetências" adquiridas e valorizadas para que se possa ter uma vida de sucesso - maior ou menor.

      Se a esmagadora maioria da população portuguesa e praticamente a totalidade da população negra de angola NÃO tinha acesso ao Liceu ve muito menos à Universidade e aos vários poderes que ela abre, para além do político, então quem passou essas barreiras todas é um privilegiado, tem um poder maior do que todos os outros - independentemente do uso e da direcção que dê a esse poder. 

      E não tinha acesso por motivos que nada tinham a ver com as capacidade individuais mas com os custos e a disponibilidade e acessibilidade da rede escolar, entre possuir as "compeências" e os "saberes" exigidos

      Vá lá, não sejas má para mim LOL
      2 h · Editado · Gosto
    • Margarida Piloto Garcia Eu cá não te chamei nada. Só disse que eu não era. :-):-)
      2 h · Gosto
    • Victor Nogueira Margarida Piloto Garcia H+a tantos anos que nos conhecemos ... virtualmente que sei "descodificar" o teu discurso LOL
      2 h · Gosto
    • Maria João de Sousa Em relação às minhas palavras, insiro-me num contexto meramente português, atenção! Nunca estive fora da "santa terrinha"...
      2 h · Gosto
    • Victor Nogueira Margarida Piloto Garcia Este Facebook hoje deixa-me completamente baralhado pois os comentários, as réplicas e as tréplicas perderam a sequência  Mas prometto dar a volta ao facebook num dos meus blogs LOL
      40 min · Editado · Gosto

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