sexta-feira, 18 de março de 2011

1 Milhão para quê?

* Victor Nogueira
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.Do ponto de vista marxista não existe uma classe política, mas sim classes sociais que se definem conforme são ou não proprietárias dos meios de produção e como tal colocam ao seu serviço o poder político. Tal como não existe uma classe média, mas sim oscilantes camadas intermédias, que normalmente têm como espelho os detentores dos meios de produção, que procuram mimetizar, e são o caldo de cultura anarco-individualista avesso às consequentes organizações políticas e sindicais dos trabalhadores e que desembocam no apoio a soluções ditatoriais O partidos e os sindicatos não são todos iguais e é a prática que define a coerência com os programas políticos. 
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À oganização internacional do capital - pretendem opor movimentos mais ou menos espontâneos. À árdua e trabalhosa organização contraponhem a "espontaneidade". E depois ..? 
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Os organizadores da justa manifestação de 12 de Março que vão fazer ao inesperado menino que lhes caiu no regaço? Pk razão os meios de comunicação engrandeceram essa manifestação e silenciaram a dos professores ? Que sucedeu aos votos em Fernando Nobre, que abriram caminho a Cavaco Silva logo à 1ª volta? Para que serviram os votos em Manuel Alegre e no seu letárgico MIC, apoiante de todas as medias anti-populares de PS(D) e que se mantém no PS? Votos que que em duas eleições presidenciais abriram caminho a Cavaco Silva logo à 1ª volta? 
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Entre outras, é elucidativa a obra colectiva "Os donos de Portugal - 100 anos de poder económico 1910-2019", Edições Afrontamento, mas que remonta a 1820 e que i que abriram caminho a Cavaco Silva logo à 1ª volta? ! Livro que pode ser complemantado musicalmente aqui:
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Não é preciso uma nova Constituição da República mas sim que se criem condições para pôr em vigor a Constituição da República promulgada em 25 de Abril de 1976. 
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"1 milhão na avenida da liberdade pela demissão de toda a classe política"? Quem tem posto no poleiro os governos da AD, do Bloco Central, do PSD/CDS ou do PS? Não foram os eleitores que agora reclamam, que o fizeram, conscientemente ou não, em sucessivas eleições? E que chama(ra)m em altos gritos pelo voto em D. Sebastião e nos pretensos independentes Manuel Alegre e Fernando Nobre abrindo caminho ao son(h)o de Sá Carneiro: uma maioria PS(D [na Assembleia da República], um Governo - PS(D), um Presidente(Cavaco PS(D)?  de que na União Europeia Angela (!?) Merkel, Nicolas Sarkozy, António Vitorino (PD) e Durão Barroso (PSD) são meros e diligentes comparsas? 
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19 de Março - Manifestação da CGTP - quem vai participar? Manuel Alegre? Fernando Nobre? Mário Soares? Os promotores facebookianos das justas manifestações de 12 de Março? Nas próximas eleições legislativas, qual vai ser o sentido de voto? PS(D)/CDS/BE ou CDU? Inútil abstenção ou voto em branco ? 
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O ANALFABETO POLÍTICO
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O pior analfabeto
É o analfabeto político,
Ele não ouve, não fala,
Nem participa dos acontecimentos políticos.
Ele não sabe o custo da vida,
O preço do feijão, do peixe, da farinha,
Do aluguel, do sapato e do remédio
Dependem das decisões políticas.
O analfabeto político
É tão burro que se orgulha
E estufa o peito dizendo
Que odeia a política.
Não sabe o imbecil que,
da sua ignorância política
Nasce a prostituta, o menor abandonado,
E o pior de todos os bandidos,
Que é o político vigarista,
Pilantra, corrupto e lacaio
Das empresas nacionais e multinacionais.
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Há homens que lutam um dia, e são bons;
Há outros que lutam um ano, e são melhores;
Há aqueles que lutam muitos anos, e são muito bons;
Porém há os que lutam toda a vida
Estes são os imprescindíveis
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Elogio da Dialéctica
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A injustiça avança hoje a passo firme
Os tiranos fazem planos para dez mil anos
O poder apregoa: as coisas continuarão a ser como são
Nenhuma voz além da dos que mandam
E em todos os mercados proclama a exploração;
isto é apenas o meu começo
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Mas entre os oprimidos muitos há que agora dizem
Aquilo que nòs queremos nunca mais o alcançaremos
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Quem ainda está vivo não diga: nunca
O que é seguro não é seguro
As coisas não continuarão a ser como são
Depois de falarem os dominantes
Falarão os dominados
Quem pois ousa dizer: nunca
De quem depende que a opressão prossiga? De nòs
De quem depende que ela acabe? Também de nòs
O que é esmagado que se levante!
O que está perdido, lute!
O que sabe ao que se chegou, que há aì que o retenha
E nunca será: ainda hoje
Porque os vencidos de hoje são os vencedores de amanhã
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Dificuldade de governar

1

Todos os dias os ministros dizem ao povo
Como é difícil governar. Sem os ministros
O trigo cresceria para baixo em vez de crescer para cima.
Nem um pedaço de carvão sairia das minas
Se o chanceler não fosse tão inteligente. Sem o ministro da Propaganda
Mais nenhuma mulher poderia ficar grávida. Sem o ministro da Guerra
Nunca mais haveria guerra. E atrever-se ia a nascer o sol
Sem a autorização do Führer?
Não é nada provável e se o fosse
Ele nasceria por certo fora do lugar.

2

E também difícil, ao que nos é dito,
Dirigir uma fábrica. Sem o patrão
As paredes cairiam e as máquinas encher-se-iam de ferrugem.
Se algures fizessem um arado
Ele nunca chegaria ao campo sem
As palavras avisadas do industrial aos camponeses: quem,
De outro modo, poderia falar-lhes na existência de arados? E que
Seria da propriedade rural sem o proprietário rural?
Não há dúvida nenhuma que se semearia centeio onde já havia batatas.

3

Se governar fosse fácil
Não havia necessidade de espíritos tão esclarecidos como o do Führer.
Se o operário soubesse usar a sua máquina
E se o camponês soubesse distinguir um campo de uma forma para tortas
Não haveria necessidade de patrões nem de proprietários.
E só porque toda a gente é tão estúpida
Que há necessidade de alguns tão inteligentes.

4

Ou será que
Governar só é assim tão difícil porque a exploração e a mentira
São coisas que custam a aprender?
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Nada é impossível de mudar
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Desconfiai do mais trivial, na aparência singelo.
E examinai, sobretudo, o que parece habitual.
Suplicamos expressamente: não aceiteis o que é de hábito como coisa natural, pois em tempo de desordem sangrenta, de confusão organizada, de arbitrariedade consciente, de humanidade desumanizada, nada deve parecer natural nada deve parecer impossível de mudar. 
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   Bertolt Brecht
(1898-1956) 
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