quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Os votos e as urnas !

* Victor Nogueira
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.Os farsantes montaram o show, os comparsas forneceram as deixas e as achas, e aí temos o  machado aprovado, pronto a cortar o pescoço e os dedos dos suspeitos do costume para que outros anéis e dedos não sofram danos.
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Alegre reúne-se com a CGTP e esse simulacro de Central Sindical  que é a UGT mas mantém-se em pose de Estado,  equidistante: não lhe compete apelar à Greve Geral de 24 de Novembro mas veria com bons olhos que Carvalho da Silva apoiasse a sua candidatura. Se Carvalho apoiasse a do PCP, Francisco Lopes, cairiam o Carmo e a Trindade, a CGTP transformada em correia de transmissão do PCP.   Mas em se tratando de Alegre, as trombetas seriam outras, com trela ou treta de lata da UGT!
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Voltando à vaca fria, o candidato a Belém, do PS e Bloco de Esquerda, não diz se apoia ou não a greve geral, a qual, avisa, é um alerta. E pede mais sensibilidade social. Note-se - o candidato não exige, o candidato PEDE.
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E enquanto pede, segundo o "Diário Económico", alegremente,  "depois da reunião com a UGT, (...)  disse que está "claramente do lado do mundo do trabalho e em sintonia com as preocupações das duas centrais sindicais", Alegre falou em concreto da greve de 24 de Novembro: "Trata-se agora mais do que o direito à greve, mas de um alerta à sociedade e de um virar de página e de abrir novos caminhos para a nossa sociedade, numa aposta em muito mais sensibilidade social". O candidato-poeta admitiu que o mundo do trabalho "está a ser fortemente fustigado pela dureza das medidas", disse que, como "homem de esquerda", está "em primeiro lugar ao lado do país", mas avisou que está "também ao lado daqueles que mais sofrem".

 E segundo  o "Público",  Manuel Alegre  (...) visitou a mesquita de Odivelas –  (onde afirmou que)o país precisa “de novos comportamentos e de uma nova cultura, uma nova frugalidade, de outra capacidade de criação e de refazer o tecido produtivo" para combater a crise..

Mas  Alegre, republicano, socialista e laico, faz também a ronda pela Igreja Católica e, segundo o "Público", "O candidato à Presidência da República, Manuel Alegre, encontrou-se (...)  com o Bispo do Porto, defendendo (novamente) que Portugal precisa de “uma nova frugalidade, de outra capacidade de criação e de refazer o tecido produtivo” para combater a crise." 
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Nada de original relativamente ao que o PCP e o seu candidato Francisco Lopes não venham afirmando "dinossáuricamente". Mas dito por Alegre, apoiado pela aparente quadratura do círculo que são o Bloco de Esquerda e o PS, cheira a novidade, tem outra frescura, sem que Alegre pague direitos de autor, apesar de ter estado sempre em órgãos de decisão do PS fiel aliado e amigo de Só-Ares e de quantos lhe sucederam, apesar das aparentes divergências e trovoadas de pólvora seca.
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Também e segundo o "Público" à saída da capela "o candidato presidencial (fez) uma declaração no final do encontro, sem se manifestar ou responder a questões relacionadas com o Orçamento do Estado para 2011."
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Também segundo a Agência Lusa, "o candidato à Presidência da República Manuel Alegre considerou esta quarta-feira que Cavaco Silva afinal «não é um político e não gosta da política», acusando-o de, através do Facebook, ter atacado a classe «mais uma vez». Um Homem que foi dirigente máximo do PSD, que foi 1º Ministro, que deu à sola deixando o menino nos braços de Fernando Nogueira para depois se candidatar virginalmente à Presidência da República onde tem deixados passar todos os desmandos do PS/PSD, não é político? Não gosta da política? Não gosta dos políticos ? 
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Manuel Alegre, que já foi militante do PCP, como Só-Ares, vem falar na "classe política"? Ignora  o candidato que os políticos são executantes  das classes sociais e camadas sociais que os apoiam!? Ou quer alegremente fazer-nos passar por imbecis, falando talvez metaforicamente em algo que não existe; as "classes médias," cujo voto quer conquistar?  Andará Alegre a ler indigentemente  Lobo Antunes?
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Temos pois dois candidatos cujos apoios se não recomendam mas que não repudiaram: Mário Nobre Soares, apoiante das políticas de Sócrates, simpatiza  com um pretenso não político que é Fernando Nobre, o candidato que se afirma acima e independente dos partidos políticos, e que, segundo o "Jornal das Caldas" , " apelou à banca que “seja sensata” e que tenha vontade de fazer as apostas certas na “disponibilização de crédito aos empreendedores inovadores e criativos”.
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Um PEDE, outro APELA (ao bom coração? da banca?)
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Entretanto, corre o risco de ser despejado da sua sede de candidatura por falta de pagamento das rendas ao senhorio, segundo o "Público". Quem lhe pagará as rendas e a campanha? O candidato da esperança e da renovsção, se não consegue gerir os fundos da sua campanha, como pretende que se acredite que possa gerir Portugal?
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Quanto a Manuel Alegre, terá de gerir as políticas diametralmente opostas dos dos partidos apoiantes. Ou o Bloco de Esquerda passou um cheque em branco a Alegre, candidato oficial do PS, ou não.  Se não, como compatibiliza duas políticas contrárias? Ou nuns comícios Alegre falará pelo BE e noutros pelo PS, conforme s públicos? Um bico de obra que explica que Alegre seja o candidato do NIM. "Malhas que o império tece": Retirará o Bloco o seu apoio a Alegre? Repudiará Alegre o apoio do Bloco. Uma coisa é  certa:  presente envenenado ou não,  Alegre é o candidato oficial do PS. Tão certo como Mário Soares arrumou o socialismo na gaveta, apoia as políticas de Sócrates e simpatiza com Fernando Nobre, num gesto largo mas não moscovita, parodiando outro poeta !
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