segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

João Baptista Cansado da Guerra (2)

* Victor Nogueira
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HISTORIAS A VOLTA DA MESA DE SNOOKER OU

NÃO CONFUNDIR COM AS HISTóRIAS DO SNOOPY

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Estava João Bimbelo posto em seu sossego sossegado quando lhe entrou pela casa dentro a Joana Ratinho, não porque fosse maneirinha de porte mas porque tal era o jeito que assumia em seu perfil. Era bonita, elegante e flexível a Joana Ratinho, atraente no seu modo de por as coisas, surpreendente nas histórias que contava sobre as mulheres e certos homens, não porque João Bimbelo as desconhecesse mas porque faziam parte dum outro mundo que não era o seu.

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Tinha vindo de longe, a Joana Ratinho, lá das bandas de NGOLA e do povoado de AXILUUANDA, para lá dos idos dos tempos e da História, parando nesta terra cujo estuário e península se confundiam na ilusão dos sentidos com a ilha do Cabo e a baía daquela outra que tão longe ficara.

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João Bimbelo percorrera muitas terras e cruzara muitas gentes, somara muitas (des)ilusões e acentuara aquele seu modo por vezes irónico, irritante e distante de ver as pessoas , os acontecimentos e as suas contradições, que não o impedia de procurar ser naturalmente prestável e acolhedor, um pouco por solidariedade com os outros, que persistia para quem lhe agradava ou interessava. E pareceu a João Bimbelo que a Joana Ratinho era uma pessoa interessante e porque lhe agradara procurou conhecê-la.

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Mas.,. há sempre um mas nas voltas das histórias, breve lhe pareceu que ela era de outro mundo, dum mundo onde as mulheres, presas de medos e cálculos ancestrais, pensam duas e três vezes perante os (des)conhecidos, todos lobos prestes a saltarem para catrafilarem os dentes no capuchinho vermelho, ou por temerem sucumbir ao corte afiado e acerado das comadres viperinas!

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Não era João Lobo nem seria Joana Capuchinho mas era evidente, seriedade à parte, que há mulheres que não saem assim com os homens para ir ao castelo ou para almoçar ou para jantar, ou porque elas fazem os seus jogos de enleios e de enredos, ou porque pensam que todos eles querem cobrar favores. Não era este o pensar de João Bimbelo nem para ele a simpatia, solidariedade ou a amizade tinham rigoroso livro DEVE/HAVER ou acabavam necessariamente em troca de corpos e favores.

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Mas... João Bimbelo era quem era e seguramente não era Joana Ratinho que contava histórias sobre as mulheres e certos homens comuns a tantas delas. E assim se interrompe a história, pois parecendo tímida e recatada a Joana Ratinho, paradoxalmente dizia reservar para si a iniciativa dos convites para não ficar a dever favores ou o que fosse, deste modo falando talvez para delicadamente mandar o João Bimbelo dar uma volta a mesa, não do bilhar grande mas sim do snooker.

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Por isso não é ainda hoje que se conhecerá qual o seguimento da história e das mútuas iniciativas, que ficam para outro capítulo.

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Bye!Bye!

Setúbal, 1989.06,04

1 comentário:

A OUTRA disse...

Sim Senhor!... Ora aqui está uma história muito bem contada!...
Gostei muito da apreciação da Joana Ratinho feita pelo autor.
Não será que a Joana Ratinho tinha outras razões mais poderosas, do que as comadres ou os seus mêdos e que o João não entendia iu não queria entender?...