* Victor Nogueira
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Depois da barrigada do «Muro de Berlim», voltou a saga do soma e «sume». A saga tem muitas sequelas, mas fartote de sequelas quem as apanha é quem não lhes chega. O filme principal chama-se «Xico-Esperto» e as sequelas têm nomes pomposos, embora normalmente acabem por encher Bolsas e esvaziar bolsos. As sequelas dão quase todas em nada, pois há mar e mar, há ir e voltar ... ou não. Aqui, por mais voltas que lhes demos, o nó górdio é que quem tem unhas toca guitarra, mesmo que desafine. Ele há nomes para tudo, desde o Processo Casa Pia, que pariu um ratinho que estrebucha há anos com arraia miúda, e que de Pio nada tem, antes é uma Piazinha sem piada, passando por Operações Furacão, Apito Dourado, Garganta Funda, Face Oculta, e muitos outros. Depois há os Casos ... que variam desde o Maddie, passando pelo da Joana, até ao Freeport passando por Felgueiras, Loureiros (Valentins em Dias), Jardins, Privadas Universidades da treta e chuchadeira. É uma escavacadela leytiama mas sem cicuta mas com patetas alegres. E como este rol cansa, ainda há bancos ou bancas para repousar, sejam exemplares miléniuns, sejam populares privadas, sejam comerciais ou pouco populares negócios. E um fartar vilanagem, para descrédito do sistema democrático e da «nojenta» política. Claro que nisto de nojo, só não mete a mão quem não pode e quanto mais xico-esperto mais o menino Zequinha «bota» sem bota, como aconteceu em Oeiras ou em Felgueiras ou com Sócrates e Cia, imunizados contra a cicuta!
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Os milagres multiplicam-se como na parábola do pão e dos peixes, só que estes saiem de todos mas são arrecadados por uma minoria. Mas o que interessa é a Quadratura do Triângulo, a Opa, a Obra, a Fachada! O resto é treta, mesmo que o rei vá nú e nos deixe de tanga! A tanga é que dá, a tanga é que rende!
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Já aqui falámos na magistral Operação Entrada na Europa. Nos bancos da Escola e mesmo em livros veneráveis e já corroídos pela traça ou pelo bicho da prata, sempre li com estes olhos que a terra há-de comer e ouvi com estes ouvidos cada vez mais surdos que Portugal se situava na Europa. Mas numa operação de magia estilo Só-Ares Escavaqueando fiquei a saber que não. Onde se situava Portugal não sei bem, pois foi pela mão de Só-Ares e Cia que após Maastrich e até Lisboa é que passámos a estar na Europa.
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Foi de facto uma Operação magistral: em meia dúzia de anos desmantelou-se a estrutura produtiva, tornando este País completamente dependente do estrangeiro e dos tecnocratas de Bruxelas, cortando quaisquer veleidades de garantir a independência nacional e tornando letra morta a Constituição de 1976 e completamente anacrónico o respectivo Preâmbulo (1).
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Veio pois a barrigada do Muro de Berlim, esquecendo outros muros, como o da formatação das consciências para o Pensamento Único ou os Muros que Israel ilegal e impunemente construiu na Cisjordânia ou os Estados Unidos na fronteira com o vizinho do quintal, o México, ou bloqueios criminosos como os que foram feitos ao Iraque no tempo de Saddam ou no que persiste em torno de Cuba. É verdade que dalguns e doutros muros se terá falado, mas esses não são da infâmia mas erguidos em nome da ... Livradade e da Demo-Cracia. Quanto aos mortos por eles provocados ... um silêncio sepulcral!
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Mas retomando o fio à meada, estamos em crise depois de não estarmos. Não me percebem? Bem, patrões e governo dizem que ... não pode haver aumentos salariais, lembrando um tal Ulrich, Patrão dos Tubarões, que em tempos veio advogar que face à crise os trabalhadores deveriam de livre vontade tomarem a iniciativa de proporem diminuições nos seus salários. Pois é ...
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Leio o tablóide Correio da Manha e lá vem em grandes parangonas: BANCOS LUCRAM CINCO MILHÕES POR DIA entre Janeiro e Setembro deste ano. Não contente com isto, o Governo deu mais uma ajudinha permitindo que os bancos cobrem não já uma anuidade pelos cartões de débito mas ... por cada operação em caixas ou terminais Multibanco. Estes serviram para diminuir custos com pessoal, mas isso não chega, como não basta terem deixado de pagar juros nas contas de depósitos à ordem e cobrarem ... despesa de manutenção. O dinheiro é nosso, mas os lucros são deles
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Mas, folheando mais para dentro, lê-se que o Ministro do Trabalho (!) é contra aumentos de 1,5 % e, em letras mais pequenas, que «os patrões defendem congelamento (de salários) no próximo ano» e que a eventual «subida deve "adequar-se" ao quadro de inflacção ... negativa». Isto para não falar na eventual diminuição do valor das pensões ... quando sobra cada vez mais mês apesar da proclamada inflação negativa. E sobre a «solidariedade» o Avante de hoje noticia que prosseguem os despedimentos e o encerramento de empresas, adiantando A Talhe de Foice que Américo Amorim, um dos homens mais ricos de Portugal, se não o mais rico, depois de despedir 200 trabalhadores, vem com o choradinho da crise, quando a Corticeira Amorim teve no 1º trimestre de 2009 um lucro líquido de 5,7 milhões de euros, o que equivale a um aumento de 60.7 % , comparando com os 3,6 milhões do período homólogo do ano anterior!
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Se a isto juntarmos os paraísos ficais, os escandalosos lucros das empresas de energia e combustíveis privatizadas mas com aumentos de preços ao consumidor por causa da crise, é caso para lembrar um velho dito português «é fartar vilanagem» ou a interpelação de Cícero «Até quando, enfim, ó Catilina, abusarás da nossa paciência?»
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A não ser que resultem os saltos à Vara ou à vara se dê o verdadeiro uso de pau de marmeleiro para acabar com esta marmelada!
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