sábado, 1 de dezembro de 2007

Do rio que tudo arrasta ... (6) - o Poder e a Violência


Em conversa com os meus botões, com a Maria e com o Manel
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. * Victor Nogueira
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Há duas, Felgueiras, uma é uma povoação/cidade descaracterizada, outra o apelido duma certa Fátima, que andou fugida, foi expulsa do Partido dela que no entanto mantêm conscientemente no PODER, a vários níveis, gente do mesmo calibre. Houve outro partido, irmão gémeo e consanguíneo, cujo secretário geral tentou correr com os corruptos e acabou por ser corrido por ... um autarca.
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Pois o Povão re-elegeu a dita Felgueiras, apesar de saber dos crimes graves de que estava e está indiciada. É verdade que nas sociedades «civilizadas» vigora o princípio da presunção da inocência até prova em contrário, em sede do «independente» Poder Judicial. Em sociedades «civilizadas» mais antigas, um Senhor do Poder disse que «A mulher de César deve estar acima de qualquer suspeita» ou que «À mulher de César não basta ser, terá que parecer» .
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Pois esta Czarina, personagem esperta (o povão diria talvez chico-esperta), que de repente «empobreceu», estando o povão a pagar com o dinheiro que não é DA Felgueiras mas sim DE Felgueiras, a defesa dela, czarina, e seus próximos em Tribunal. Houve um outro caso similar, na «civilizada» Oeiras cujo Presidente foi re-eleito, embora agora também como «independente», um tal que tinha um sobrinho «abonado» salvo erro na Suíça.
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Pois é, os jornais falam deste e doutros personagens, mas não de muitos que anonimamente e sem constar das agêndas noticiosas pelos «critérios jornalísticos», nome que antigamente se chamava censura e depois exame prévio. E falam, no meu modesto entender, não para defender a República (do latim Res publica, "coisa pública") ou a Democracia (do grego demo=povo e kracia=governo), [1] mas sim para desacreditá-las e permitir o Governo da Ditadura dos Grandes Senhores do Dinheiro e «Proprietários» da Economia, afastando os cidadãos do exercício dum direito aparentemente inalienável.
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Há também uma outra Fátima, cujos SENHORES, representantes de Deus na Terra, também enriquecem escandalosamente, em muito maior escala, sobretudo à custa dos mais ou menos pobres, muitos dos quais só têm para comer «"O pão que o diabo amassou".», graças ao obscurantismo ou alienação em que são propositadamente mantidos para que não vejam a VERDADE, o CAMINHO e a LUZ. Mas o seu inspirador há muito morreu, tal como Lázaro que deu guarida ao seu corpo morto, do qual teria ressuscitado ao terceiro dia. Depois disso os «Lazarentos» passaram a ser perseguidos e ostracizados. Mas o tal Emanuel ou Cristo subiu aos céus, donde ainda não conseguiu regressar para correr à chibatada com os vendilhões do Templo e destruir os Bezerros de ouro. Mas das sementes lançadas à terra nascerá um dia a verdade e uma outra Humanidade, se entretanto a vida na Terra não «for pelos ares».
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Somos e não somos todos iguais. Somos (teoricamente todos iguais enquanto sujeitos do Direito) e somos todos diferentes, por razões hereditárias, de caracteristícas psico-somáticas ou cor de pele, de sexo, de classe social e das circunstâncias do tempo e do lugar em que estamos. Somos teoricamente iguais nos direitos sociais, políticos, económicos, culturais e ambientais, somos iguais apesar da diversidade, mas somos diferentes por razões hereditárias e de aculturação, conforme as circunstâncias do tempo e do lugar em que estamos, como atrás se disse, e das condicionantes ditadas pelos verdadeiros mas minoritários SENHORES DO PODER E DA ECONOMIA, que governam através de marionetas, alimentadas umas com gamelas ou pratos de lentilhas, outras, mais «finas», com bezerros de ouro. A verdadeira arte e competência de tais marionetas é manipular o povo ou os cidadãos, tornás-los inconscientes do seu vero Poder e afastá-los do seu exercício.[3]
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Há muitas formas de violência [4] Mas há quem não se venda, mesmo que o »Diabo» lhe ponha o Mundo a seus pés. Há quem nunca tenha tido fome, sem que isso o impeça de ser solidário e lutar colectiva e disciplinadamente para tentar que a fome acabe. Há quem tenha sido violentado física e psicologicamente. Mas quem o não foi ou não foi com a extrema violência da fome, da sede, da doença, do desemprego, do «pedir esmola por caridade» não pode ser solidário e lutar pela diginidade e dignificação das mulheres, dos homens, dos anciãos, das crianças?
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E quem me lê e a outros, até que ponto deixaria o virtual para acudir a outrem, a mim ou à vizinhança, com todo o incómodo que isso possa causar?. E tu, qual o objecto ou sujeito da tua solidariedade?
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Por vezes há grandes campanhas de solidariedade, umas bem presentes, como a de Maddie, outras mais esquecidas, como a de «Ingrid Betancourt Pulecio (25 de Dezembro de 1961 - ), uma senadora e activista anti-corrupção colombiana. Foi raptada pelo grupo terrorista FARC em 23 de Fevereiro de 2002 enquanto fazia campanha para as eleições presidenciais. Betancourt permanece cativa.», segundo a Wikipedia. Não vou agora debater o que é ser terrorista ou o terrorismo.
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Mas falam os órgãos de comunicação de grande ou menor audiência ou dão o falar a milhões de cativos, a milhões de sequestrados, a milhões de «sem» nome, sem terra e sem voz? Homens, mulheres, velhos, crianças, por quem, por exemplo, não se preocupam marionetas como Uribe, Bush, Blair, Mário Soares, Margareth Tatcher, a rainha Vitória [das públicas virtudes e privados vícios, do colonialismo, da exploração capitalista de homens, mulheres, crianças], «Sócrates» ou, entre muitos outros, Nicolas Sarkozy, que na declaração após a sua vitória nas eleições presidenciais afirmou « La France n’abandonnera pas Ingrid Betancourt »? Sarkozy? O do Muro ou Acordo de Schengen um dos defensores desta «União Europeia», não a dos Trabalhadores e dos Cidadãos, mas a do Grande Capital? Não a da cidadania mas sim da tecnocracia burocrática ditatoriais? Não da diversificação e diversidade socio-culturais mas da imposição do Pensamento Único e da alienação do livre arbítrio?
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Muito se falou e ainda fala da vitória para a democracia que foi a Queda do Muro de Berlim. Mas quem fala não das Muralhas da China antiga, mas as da «democracia» actual, virtuais como o muro de Schengen ou os que estão a ser construídos pela EUA, potência atómica, na fronteira com o México, para impedir a entrada «ilegal» dos miseráveis «mexicanos» que aquele país criou com a ganância dos Senhores do Dinheiro? Quem fala do vergonhoso muro que Israel, potência atómica, está construindo em territórios usurpados aos árabes ou palestinianos, que sempre lá estiveram? Que sanções por exemplo aplicam os EUA a ISRAEL pelo não cumprimento de numerosas resoluções da ONU?
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Quem se interroga sobre o bloqueio a Cuba como ao Iraque, este agora a saque pelos ocupantes estrangeiros, defensores não se sabe bem de que «democracia», que tanto lucro dá às empresas de armamento e de "segurança" e de reconstrução civil e de obras públicas? Quem se interroga das razões porque numa zona de furacões, não há mortes em Cuba quando da sua passagem, ao contrário do que sucede nos ricos EUA e nas ilhas circunvizinhas, «amigas» do «amigo americano». Já esqueceram Katrina? [5] [6] [7]
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[1] - «A palavra Democracia tem sua origem na Grécia Antiga (demo=povo e kracia=governo). Este sistema de governo foi desenvolvido em Atenas (uma das principais cidades da Grécia Antiga). Embora tenha sido o berço da democracia, nem todos podiam participar nesta cidade. Mulheres, estrangeiros, escravos e crianças não participavam das decisões políticas da cidade. Portanto, esta forma antiga de democracia era bem limitada.»
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[2] - «O termo política é derivado do grego antigo πολιτεία (politeía), que indicava todos os procedimentos relativos à pólis, ou cidade-Estado. Por extensão, poderia significar tanto cidade-Estado quanto sociedade, comunidade, coletividade e outras definições referentes à vida urbana.
O livro de Platão traduzido como "A República" é, no original, intitulado "Πολιτεία" (Politeía) .» Segundo Aristóteles
O homem é um animal político
[3] - ver O Calcanhar de Aquiles - Conceitos indeterminados

[4]
- ver Do rio que tudo arrasta ... (5) - Sobre a violência em geral e sobre a Mulher em particular

[5] - ver New York Times - Último Segundo - Comentário: tudo sobre o Katrina

[6] -
Impressões "Os líderes de Cuba vão à TV e tomam o controlo da situação," disse Valdes. Veja-se em contraste a reacção de George W. Bush ao Furacão Katrina. ... ou « Escriba » Katrina
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[7] - ver
“Cuba: Gesto de paz que não põe condições” HAVANA, 2 set (AFP) - O presidente de Cuba, Fidel Castro, ofereceu nesta sexta-feira ao governo dos Estados Unidos o envio de 1.100 médicos equipados com 26,4 toneladas de remédios para atender às vítimas do devastador furacão Katrina. (…) “Cuba está pronta para ajuda de imediato. Oferecemos coisas concretas, médicos no local da tragédia, que […]

NOTA
- Agradeço à Maria Mafalda ter sido a inspiradora deste texto, cujo «rascunho», digamos assim, leu e comentou.
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De qualquer modo, os que se segue são imagens que chocam muitas almas «sensíveis», mas que são o quotidiano para milhões de seres humanos. Se és «sensível» olha para a bolinha vermelha aí no canto superior do monitor. Tu talvez não a vejas, mas está lá. Se a não vires por mais que olhes, então com as hiperligações cujo título, abaixo, está a vermelho. (são os 4 primeiros)
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Crimes contra a Humanidade (3) - Hiroshima e Nagasaqui
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Dia da Criança - A outra face da Sociedade da Abundância e dos »deserdados da sorte»
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Alguns dos Grandes Amigalhaços
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Um Mundo de Contrastes
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Um Mundo de Contrastes (3) - Portugal
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Dinheiro: Bill Gates mantém-se como o mais rico do Mundo - Forbes castiga Belmiro

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