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Para além disso tenho me encontrado com a malta conhecida [em Luanda]. Alguns dos meus tempos de menino e moço. O Pedro [Andrade Ferreira], o homem das mil e uma ocupações: locutor e produtor radiofónico, futuro controlador de tráfego aéreo do Aeroporto de Luanda, estudante no Instituto Industrial de Luanda. No fundo um miúdo falador e sonhador de 22 anos. Sonhador como a irmã, a Leonor, um ano mais nova. Uma paz de alma cuja indecisão me irrita. Estudante no Instituto Industrial, há três anos queria ir para Engenharia, o ano passado para Medicina, este ano para Arquitectura., se passar agora nos dois exames de 2ª época [Passou!] No fundo ambos querem dar o salto, i.e., saírem de casa, mas não têm coragem, parece-me. Temos depois o João [Coimbra] (tão diferente do miúdo que foi meu vizinho!) e a Estrela [irmã dele]. Admiro a, porque tendo muito mais problemas familiares, com que sofria, entrou para o Liceu depois de mim (tem 22 anos) e terminou o ano passado o curso de Germânicas. Como a Inês, (irmã mais nova do Pedro) e o nosso criado [o Fernando] são quase os únicos que ainda me chamam como antigamente: Vitó.
Para além disso tenho me encontrado com a malta conhecida [em Luanda]. Alguns dos meus tempos de menino e moço. O Pedro [Andrade Ferreira], o homem das mil e uma ocupações: locutor e produtor radiofónico, futuro controlador de tráfego aéreo do Aeroporto de Luanda, estudante no Instituto Industrial de Luanda. No fundo um miúdo falador e sonhador de 22 anos. Sonhador como a irmã, a Leonor, um ano mais nova. Uma paz de alma cuja indecisão me irrita. Estudante no Instituto Industrial, há três anos queria ir para Engenharia, o ano passado para Medicina, este ano para Arquitectura., se passar agora nos dois exames de 2ª época [Passou!] No fundo ambos querem dar o salto, i.e., saírem de casa, mas não têm coragem, parece-me. Temos depois o João [Coimbra] (tão diferente do miúdo que foi meu vizinho!) e a Estrela [irmã dele]. Admiro a, porque tendo muito mais problemas familiares, com que sofria, entrou para o Liceu depois de mim (tem 22 anos) e terminou o ano passado o curso de Germânicas. Como a Inês, (irmã mais nova do Pedro) e o nosso criado [o Fernando] são quase os únicos que ainda me chamam como antigamente: Vitó.
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De todos eles é com a Estrelinha que estou melhor, talvez por termos mais experiências recentes em comum, já que convivemos aí na Metrópole quando estive em Lisboa.
De todos eles é com a Estrelinha que estou melhor, talvez por termos mais experiências recentes em comum, já que convivemos aí na Metrópole quando estive em Lisboa.
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As idas à praia, as corridas de automóveis em miniatura, os jogos de cartas, "os polícias e ladrões", as zangas, as colecções de autógrafos, tudo isso já está tão para trás, que quase não consegue dar calor e vivacidade às nossas relações de agora.
As idas à praia, as corridas de automóveis em miniatura, os jogos de cartas, "os polícias e ladrões", as zangas, as colecções de autógrafos, tudo isso já está tão para trás, que quase não consegue dar calor e vivacidade às nossas relações de agora.
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São estes os da geração antiga, quase desconhecidos; por retraimento, uns (Leonor), ou por falta de convivência (João). Quanto ao Pedro, os nossos interesses são manifestamente diferentes.
São estes os da geração antiga, quase desconhecidos; por retraimento, uns (Leonor), ou por falta de convivência (João). Quanto ao Pedro, os nossos interesses são manifestamente diferentes.
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Temos depois os novos: o Nuno, licenciado em Económicas, que me aturou algumas neuras nos meus tempos de Lisboa, e a Ana Maria que, minha companheira na cantina de Económicas, à mesa, casou com ele o ano passado. E a Maria Antónia, agora ausente na Metrópole. (...) Gosto de conversar com ela, talvez pela ingenuidade e naturalidade dos seus 18 anos e da cordialidade das nossas relações, embora me aborreça um certo ar de "mais velho" que assumo. Penso que talvez funcione para ela com um - eu diria - irmão mais velho com quem fala à vontade de assuntos ... que normalmente me habituei a não abordar!
Temos depois os novos: o Nuno, licenciado em Económicas, que me aturou algumas neuras nos meus tempos de Lisboa, e a Ana Maria que, minha companheira na cantina de Económicas, à mesa, casou com ele o ano passado. E a Maria Antónia, agora ausente na Metrópole. (...) Gosto de conversar com ela, talvez pela ingenuidade e naturalidade dos seus 18 anos e da cordialidade das nossas relações, embora me aborreça um certo ar de "mais velho" que assumo. Penso que talvez funcione para ela com um - eu diria - irmão mais velho com quem fala à vontade de assuntos ... que normalmente me habituei a não abordar!
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Todos estes e tantos outros fazem me sentir o desconforto do meu exílio em Portugal, mais precisamente em Évora. Estou cansado dele! (NSM - 1971.12.01/03)
Todos estes e tantos outros fazem me sentir o desconforto do meu exílio em Portugal, mais precisamente em Évora. Estou cansado dele! (NSM - 1971.12.01/03)
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Hoje estou com uma grande melancolia. Veio me à memória o passado, esse passado que é apenas memória. Lembrei me da Fátima Marques, que encontrei ontem no Rossio, em Lisboa, ao fim de quatro anos. Das notícias que me deu da Cristina e do pimpolho que lhe nasceu há dias. Fiquei contente por nos vermos ao fim de tantos anos e falarmos como se nos tivéssemos deixado na véspera. A Fátima e as suas novas trazem me à consciência a malta do Liceu em Luanda. Que é feito deles? Tantos deles? Alguns que ainda vejo de vez em quando [alguns ao virar duma esquina em Lisboa] - os amigos desde os dez anos; do Liceu (o Jorge Zamith e o João Seabra) ou da vizinhança (o Pedro, a Leonor, o João e a Estrela). Que é feito dos outros: o Rui Branco, o Victor Morgado, o Pepe, o micro Torres, a Isabel Franco, a Teresa Soares, a Teresa Melo, o Barradas de Oliveira, o Costinha, o Bustorff ... Tantos eles são! O tempo das "guerras" nos morros junto ao Liceu ou dos polícias e ladrões! Onde está o tempo mais recente das reuniões debaixo da [enorme] árvore, no Liceu de Luanda, junto ao campo de hóquei? (MCG - 1972.09.06)
Hoje estou com uma grande melancolia. Veio me à memória o passado, esse passado que é apenas memória. Lembrei me da Fátima Marques, que encontrei ontem no Rossio, em Lisboa, ao fim de quatro anos. Das notícias que me deu da Cristina e do pimpolho que lhe nasceu há dias. Fiquei contente por nos vermos ao fim de tantos anos e falarmos como se nos tivéssemos deixado na véspera. A Fátima e as suas novas trazem me à consciência a malta do Liceu em Luanda. Que é feito deles? Tantos deles? Alguns que ainda vejo de vez em quando [alguns ao virar duma esquina em Lisboa] - os amigos desde os dez anos; do Liceu (o Jorge Zamith e o João Seabra) ou da vizinhança (o Pedro, a Leonor, o João e a Estrela). Que é feito dos outros: o Rui Branco, o Victor Morgado, o Pepe, o micro Torres, a Isabel Franco, a Teresa Soares, a Teresa Melo, o Barradas de Oliveira, o Costinha, o Bustorff ... Tantos eles são! O tempo das "guerras" nos morros junto ao Liceu ou dos polícias e ladrões! Onde está o tempo mais recente das reuniões debaixo da [enorme] árvore, no Liceu de Luanda, junto ao campo de hóquei? (MCG - 1972.09.06)
1 comentário:
É meu Amigo, recordar é BOM...mas dói!
Na sua maioria as recordações servem para "doer" pela ausência, pelo afastamento...mas a vida é isto "encontros e desencontros",amores e saudade!
Bj
Maria Mamede
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