Trampalinices e trafulhices dos pantomineilros
"democratas" e homens/mulheres de mão do capital transnacional
06/10/2015 por
Satisfeito com a recondução da coligação PSD/CDS-PP ao poder, Wolfgang Schäuble fez eco da narrativa de Jean-Claude Juncker, que na manhã seguinte ao acto eleitoral em Portugal afirmava, através do porta-voz da Comissão Europeia, que
Os resultados desta eleição confirmam o desejo da maioria dos portugueses em prosseguir o caminho das reformas.
Isto mostra que uma política pode ter sucesso, e ser apoiada por uma maioria, mesmo que imponha medidas duras à população.
Em sintonia com os anteriores, o impronunciável Jeroen Dijsselbloem, presidente do Europgrupo, referiu que
De alguma forma, são boas notícias que um Governo possa ganhar eleições depois de implementar medidas duras que eram necessárias.
Não acho que haja razão para uma grande mudança de políticas actualmente.
A ver se nos entendemos: os resultados desta eleição dão a vitória aos partidos da coligação. Isso é inequívoco. Tal não significa, porém, que a maioria dos portugueses pretende, como referiu a Comissão ou Schäuble, “prosseguir o caminho das reformas” e que essas reformas e “medidas duras” sejam apoiadas pela maioria. Não sei se estes indivíduos tiveram a oportunidade de olhar para os resultados do sufrágio, mas a verdade é que a maioria dos portugueses votou à esquerda do espectro e que a coligação teve um resultado inferior ao resultado isolado do PSD em 2011, ficando abaixo dos 39%.
O resultado do sufrágio não significa, portanto, que os portugueses apoiam a precariedade laboral, impostos altos, redução das funções sociais do Estado, nomeadamente na Saúde, Educação e Acção Social, política de privatizações a preço de saldos e, entre outras, o empobrecimento generalizado. Isto não são reformas, são cortes cegos. E ainda que todos aqueles que votaram PàF fossem a favor de tais obscenidades – aqueles que sabiam que a coligação Portugal à Frente mais não era que um consórcio entre PSD e CDS-PP – é sempre bom recordar que falamos de 2.071.376 pessoas e nós por cá, mais coisa menos coisa, ainda somos 10 milhões.
Independentemente da sua filiação partidária, estou certo que a esmagadora maioria dos portugueses não deseja a austeridade ou tão pouco pagar com cortes, aumentos de impostos e alienação de património comum as aventuras de políticos e banqueiros irresponsáveis, corruptos e criminosos. O que não implica necessariamente fazerem escolhas eleitorais nesse sentido, que podem ser motivadas pelo medo, pela desinformação, pela propaganda ou por simples filiação partidária e sentimentos de ódio face a um inimigo que não o é. Declarações como estas mais não são que o habitual fanatismo ideológico da elite que nos comanda desde Berlim e Bruxelas, que não descansará enquanto não nos transformar numa colónia de férias de precários mal remunerados dependentes de caridadezinhas. Com o nosso alto patrocínio pois claro!
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