sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Portugal - Um país de brandos e seculares costumes !


 Lisboa - Auto de Fé no Terreiro do Paço
* Victor Nogueira
.
A deportação de ciganos (1) em manada pela França da "Liberdade, Igualdade e Fraternidade" na Europa sem Fronteiras acusados de criminalidade sem julgamento, já vem sendo seguida por outros pilares da  "Democracia" como Alemanha, Itália, Dinamarca e Suécia. Para não falar nas restrições impostas à Roménia e à Bulgária na Bélgica, na Alemanha, na Irlanda, na França, na Itália, no Luxemburgo, na Noruega, na Áustria, no Reino Unido e em Malta. A livre circulação de pe$$oa$ e capitai$ é apenas destes e as ba$e$ do cri$tiani$mo que queriam introduzir na "Con$tituição" europeia são muito restritas e vazias de amor ao próximo. E a queda do  Muro de Berlim e o fim das "ditaduras" comunistas não trouxe para os povos da União Europeia o oásis paradisíaco prometido nem o fim  das hi$tória$ e muito menos dos Muro$ !
.
País de brandos costumes e exemplo de tolerância racial tem sido Portugal, dizem ! Mas basta ler os comentários on line em jornais de referência como o Público   ou escutar as pessoas no dia-a-dia para ver que não é bem assim! Também  se defendem teorias xenófobas e de expulsão que beiram perigosamente a eliminação física ! Os ciganos e os romenos são por tais opinadores a causa de toda a criminalidade e os romenos os pais das Máfias de Leste. Há mesmo um iluminado que afirma que "venda ambulante" não é trabalho. Trabalho é o do Belmiro e Cia, com as suas cadeias de lojas desde o minimercado à grande superfície comercial, seja o Freeport, o Colombo, o Vasco da Gama, o Fórum Almada ou similares.
.
Tivessem dois dedos de testa e defenderiam que aos imigrantes fossem reconhecidos os mesmos direitos individuais e sociais, que a Grande Europa desregulamenta em benefício do Grande Capital e da Alemanha, com a França, o Reino Unido e a Itália a reboque em bote para não perderem a bota !
.
Numa embrulhada está metido Lobo Antunes. Não gosto do homem e do escritor aprecio  apenas o cronista ! Mas num livro da série "Uma Longa Conversa com ... " teria afirmado que lá na companhia ou batalhão que comandava na guerra colonial, segundo directivas superiores, eram dados tantos pontos por cada "turra" (terrorista, como se chamava aos guerrilheiros dos movimentos de libertação) morto e a soma dos pontos permitia sair duma zona de perigo para uma mais calma. Pelo  que para somar pontos matavam-se "turras" a torto e a direito, fossem ou não guerrilheiros, novos ou velhos, mulheres ou crianças. Isto levantou uma enorme celeuma entre os graduados das Forças Armadas e alguns ex-combatentes que ameaçaram sovar o doutor médico psiquiatra escritor Lobo Antunes, que atabalhoadamente se justificou afirmando que se tratava duma metáfora ! Que as Forças Armadas, a PIDE e os Flechas não eram instituições caritativas durante a guerra colonial e não só, já se sabia, como estão comprovados massacres, assassinatos e crimes de guerra por elas cometidos, como aliás sem alarido têm sido denunciados ou referidos por ex-combatentes na revista Domingo do Correio da Manhã: "A Minha Guerra".
.

Claro que o senhor Lobo Antunes tem um Ego incomensurável e não perdoa que lhe não tenha sido atribuído o Prémio Nobel da Literatura,  embora tenha surgido com um ar felicíssimo nas fotos empunhando a papeleta do prémio Camões 2007, ao lado de Cavaco, como a dona de casa a quem saiu uma máquina de lavar roupa !. E o senhor Lobo Antunes pensará do alto da sua sumidade que todos são parvos e "poetas", metaforicamente falando mesmo a despropósito!
.
Lobo Antunes não é um herético comunista colocado no index por um tal Sousa Lara dum Governo de Cavaco e Sant'Anna Lopes, ambos homens sem Cultura, um simples tecnocrata, outro Bon Vivant da Noite e da farra,  nem escreveu qualquer "Evangelho Segundo Jesus Cristo" ou sobre "Caím", cuja "virulência nem de longe se apresenta igual à de "Velhice do Padre Eterno", de Guerra Junqueiro (3), "A Relíquia" e o "Crime do Padre Amaro", de Eça de Queiroz (4) (5) ou um  dos poemas de Alberto Caeiro (6), tendo os dois últimos autores lugar marcado na história da Literatura Portuguesa !
.
José Saramago - Prémio Camões 1996
.
O processo da guerra colonial portuguesa não está feito porque os próprios militares na generalidade o têm escrito de acordo com as suas conveniências. O Movimento dos Capitães era isso mesmo, um movimento corporativista dos capitães militares profissionais cansados do exercício da sua profissão e da falta de candidatos para suprir as vagas na Academia Militar. O seu carácter mais abrangente teria partido de Spínola, ao propor o seu re-baptismo como Movimento das Forças Armadas, mas uma grande parte dos seus mentores e comparsas. tal como Spínola e a maioria dos membros da Junta de Salvação Nacional,  pretendiam apenas uma mudança de moscas ! O movimento popular deu-lhe a volta até ao 25 de Novembro. Ingenuamente ou não Sousa e Castro escreveu um livro "Capitão de Abril Capitão de Novembro" em que terce armas pela pureza "apartidária" do MFA, afirmando nem sequer saber na altura quem era Álvaro Cunhal e, consequentemente, conclui-se, nem a directiva dada aos comunistas para aceitarem a incorporação para agirem por dentro das Forças Armadas contra a Guerra Colonial!
.
Mas as forças vitoriosas em 25 de Novembro foram ingratas para com os militares do 25 de Abril ou "moderados" do 25 de Novembro, tendo o próprio Mário Só-Ares agraciado Spínola pelo seu contributo à democracia, entretanto elevado ao Macheralato  (7) talvez em recompensa da sua péssima actuação como político e como estratega militar e como presumível chefe duma rede bombista e terrorista de extrema direita, tal como as miméticas FP 25 de Abril de Otelo Saraiva de Carvalho




Ver no Scriptorium Index e D'Ali e D'Aqui
.
(6) Em 5 de Fevereiro de 1987, o então Presidente Mário Soares,  designou-o chanceler das antigas ordens militares portuguesas, tendo-lhe também condecorado com a Grã-Cruz da Ordem Militar da Torre e Espada (a maior insígnia militar portuguesa), pelos «feitos de heroísmo militar e cívico e por ter sido símbolo da Revolução de Abril e o primeiro Presidente da República após a ditadura».
(7)  Marechais Portugueses no século XX

Marechais do Exército 

  1. Manuel de Oliveira Gomes da Costa - 1926
  2. António Óscar de Fragoso Carmona - 1947
  3. António Sebastião Ribeiro de Spínola - 1981
  4. Francisco da Costa Gomes - 1982

Marechais da Força Aérea

  1. Francisco Higino Craveiro Lopes - 1958
  2. Humberto da Silva Delgado - 1990 (a título póstumo)
.
Curiosamente, Spínola foi elevado ao posto de Marechal antes de Costa Gomes ou de Humberto Delgado
.
Inquisição segundo Drauzio Varella para a Folha de S. Paulo
.
.
.

Sem comentários: