segunda-feira, 9 de agosto de 2010

A caminho do Pensamento Único?



* Victor Nogueira
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Fechou o Cinema Quarteto, em Lisboa. Fechado já ele estava há anos, mas agora a decisão é inapelável. O que o distinguia no panorama nacional, tal como ao ainda sobrevivente King Triplex, era o facto de permitir o visionamento de cinema alternativo ao dos EUA. Não se tratava dum grande cinema como aqueles que fecharam em Lisboa, como o Eden, o Condes, oTivoli, o Império ou o Monumental, entre outros. Dos grandes cinemas apenas o Porto salvou o Coliseu e, salvo erro, o Rivoli.
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Uma passagem de olhos pelos jornais de antes do 25 de Abril e de agora permite ver que acabaram os cinemas de bairro, com dois filmes, e cinematografia vfriada, apesar da censura. Hoje, são inúmeras mini-salas com o mesmo filme por todo o País,  desaguando a maioria em centros comerciais.
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Não fossem as autarquias e muitos cinemas teriam terminado sem honra e glória; é graças às autarquias, a Festivais de Cinema e à cinemateca nacional que ainda é possível ver outras filmografias, como em Setúbal acontece com o cine-teatro Luísa Todi (fechado para remodelação) e o Cinema Charlot. Em Setúbal fecharam os cinemas Júpiter (agora pertencente a uma igreja de aconselhamento após ter sido templo da IURD), Bocage (agora estabelecimento comercial), Grande Salão Recreio do Povo (de que se conservou apenas a fachada, sendo agora uma instituição bancária) e o Casino Setubalense, que foi um dos melhores cinemas do país, agora completamente esventrado e condenado ao camartelo.
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Do mesmo modo as livrarias tertulianas vão desaparecendo: em Setúbal encerraram a da Papelarias do Sado, a da Central Distribuidora Livreira (ligada ao PCP), e para lá talvez caminhem a Antecipação e a Culsete. Restarão a Hemus e três minis; a Uni-Verso, a Galo e uma outra cujo nome não me ocorre.  Tudo graças ao Fast Food do Centro Comercial Jumbo/Auchan, que aliás também acabou com as lojas que vendiam discos. É o "progresso" a caminho do "pensamento único".
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Também uma passagem de olhos pelos programas de televisão post 25 de Abril e actuais mostram que a abertura a canais privados serviu não para uma melhoria da programação mas para um nivelamento pela cretinice e por baixo, sendo prato-forte as telenovelas com argumentos fracos, os filmes norte-americanos e o jornalismo tablóide, estando os opinion makers reduzidos ao centrão!
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autores das imagens não identificados
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