terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Em conversa com ... (10) TODO O MUNDO e NINGUÉM


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* Victor Nogueira
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À mana que nunca tive e gostaria de ter tido.
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À minha outra mana inventada, da Casa de Belmonte, sempre ocupada com o trabalho, mas sempre atenciosa e carinhosa e de quem gosto muito, muito, mesmo muito, que me pergunta sempre pelos sobrinhos e que aprecia imenso o meu filho Rui Pedro e cujos filhos me atendem sempre com simpatia ao telefone.
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Ao meu único irmão, de verdade, Zé Luís, morto de morte matada por ele próprio e por muitos outros no tempo que para ele terminou
naquela tarde de 26 de Fevereiro de 1987 ............................. )
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Ao meu irmão que adorava o mano, a cunhada e os sobrinhos.
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Ao meu irmão, que não morreu na Guerra Colonial, apesar de ter estado em zonas de combate como furriel miliciano enfermeiro, na nossa terra, Angola, incorporado obrigatoriamente e a lutar no Exército Português de ocupação contra os manos dele e meus, do MPLA ou não, e a tentar salvar a vida aos «camaradas» de armas ou vê-los regressar mortos, ensanguentados e desfeitos. Mas morreu depois, 13 anos depois, encerrado em si mesmo, sem concluir o curso de Medicina, por causa da guerra que o marcou para sempre. E que não continuou em Angola, apesar dos convites do MPLA, porque, após a independência do nosso País, de novo incorporado obrigatoriamente como cidadão angolano, veio para um país estrangeiro porque já lhe bastara o horror duma guerra. (1)
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Olá, mana
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Vês, como são as coisas. Tens belas fotografias e és mais viajada e cosmopolita do que eu.
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Há muito. muito tempo, perguntaste-me se te ensinaria a fazer um blog de fotos quando te dispusesses a isso.
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Como vês, não precisaste de mim, foste capaz de fazê-lo por ti.
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Só tenho pena que seja por este teu post que ocasionalmente saiba da concretização deste teu «sonho». Mas eu sou sempre o invisível e republicano.
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E parabéns duplos, mana. Pelo fotoblog e pelas fotos. Nestas és muito melhor que eu. Tal como o meu filho e teu sobrinho, que escreve muito melhor que eu e é melhor que eu em muitas outras coisas, salvo não ter bússola que lhe indique o caminho a seguir de vez.
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Para todo o mundo e ninguém,

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(1) - Luanda, 29 de Maio de 1951 - Paço de Arcos, 26 de Fevereiro de 1987 - O nome dele, como o de muitos outros que morreram depois de terminada a guerra mas por causa dela, não figura em nenhum monumento aos mortos em combate ! É um dos soldados desconhecidos, morto em vida, na terra de ninguém !

3 comentários:

Victor Nogueira disse...

Obrigada, maninho, pelas palavras lindas que me dirigiste no blog. Tu és mesmo um mano muito fixe, não desnaturado como eu sou.

Beijinhos com carinho

A mana da Casa de Belmonte
ter 26-02-2008 18:35

Maria disse...

Victor!!!!!!!!!!
Bj
Maria

Maria disse...

Gostei de vos ver, acredita
Bj
Maria