quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Postal (19) - Évora - 1972 (1)

* Victor Nogueira
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Évora

72.05.27

JNS

Beja,

Convento de N.Sra da Conceição

Caro Zecas


Daqui de Évora uma pausa dos estudos enquanto a brisa fresca da [madrugada]o quarto e o gira-discos [...] "jazz", daqui de É[vora ...] teu longo, inexplicável [...] te envio um forte e cordial abraço no clube dos maiorais que é como é quem diz pelos teus [21 anos]. Como vai o teu 7º ? Sempre tencionas fazê-lo todo agora ? Bom êxito. E a tropa, quando assentas praça? Daqui a uma semana tenho o 1º exame [Veremos] como corre isto. Escreve, OK ?Abraços do VM


Paço de Arcos

72.08.02

MCG

Paço de Arcos

Passearemos apenas aqui em Paço de Arcos. Sairemos aqui de casa, apreciarei a casa onde moram as minhas tias [na Rua de Macau], que tem um jardim pouco cuidado, que pertence à senhoria [a D. Manuela], que mora no r/c - nós moramos no 1º andar. Atravessamos a linha férrea, iremos até ao Paço dos Condes de Qualquer Coisa - na foto - um recanto bonito e antigo. Tomaremos a rua Costa Pinto - com prédios que devem ser do tempo do Marquês de Pombal e, junto à tabacaria, viraremos para o jardim, onde agora está a "feira" [Festa do Senhor Jesus dos Navegantes]. Veremos os cartazes do cinema [Chaplin] [1972] e as pessoas que passeiam. Sentamo-nos no jardim, trocando ideias sobre as notícias do jornal. De vez em quando também uma beijoca (quando o polícia não olhar !). Esperemos que nenhuma das duas velhotas se escandalize. Queres ir tomar ali qualquer coisa ao bar? Retomaremos o passeio pela marginal, ultrapassaremos a doca e iremos até à praia tomar banhos de sol. De mar não, por causa da poluição. E como o tempo falta - a tiragem é às 17 horas - regressaremos passando pelo Mercado e rumo aos CTT, apreciando os prédios do J.Pimenta, junto à Igreja nova, onde nunca entrei.


Beijos e abraços do VM


Lisboa

72.08.30

MCG

Lisboa, Castelo de S.Jorge

Iniciamos hoje a nossa visita a Lisboa pelo Castelo de S. Jorge, à sombra do qual se foi desenvolvendo a cidade. Note se que na fotografia o castelo está rodeado de casario, enquanto que por exemplo em Évora as muralhas rodeiam a cidade. Alfama é um bairro muito afamado entre os turistas. É um bairro de ruelas apertadas e tortuosas, que vem do tempo dos visigodos, de gente que trabalha ou vive à custa dos ainda mais miseráveis. A realidade é mais dura que a do fado lisboeta. No canto superior esquerdo pode ver se o panteão de S. Vicente, local de repouso de algumas figuras gradas da história pátria. (O panteão está na Igreja de Santa Engrácia) a das "obras de Santa Engrácia", que foram intermináveis. Por aquelas bandas fica a célebre Feira da Ladra, às 3.ªs e 6ªs, onde ainda não fui. Reparando melhor, parece me que a indicação da legenda do postal está errada: o casario em primeiro plano parece me da Mouraria e não de Alfama, que será o que está para lá do castelo. Para os lados do Panteão é outro bairro típico: o da Graça, velho, é certo, mas onde mora gente bem ou com pretensões. O Rio ao fundo é mesmo o Tejo (não coube todo na foto). As docas são as do Terreiro do Trigo (à esquerda) e da Marinha (à direita). Mais para a direita ficam a estação Sul e Sueste (barco para o Barreiro, comboio para o Alentejo e Algarve) e o Terreiro do Paço. O castelo tem locais muito bonitos e aprazíveis. E por hoje é tudo. Beijos e abraços do VM


Paço de Arcos

72.08.31

JNS

Tomar, Convento de Cristo

Ora viva, seu [...]


Parece mas não é o Mosteiro da Batalha. Também eu me enga[nei]. Então, esses ossos como vão? Há já muito que ando para saber notícias tuas. Escreve me para a Rua de Macau nº1 - Paço d'Arcos, onde estarei até meados de Setembro. O postal dá para pouco mais notícias. que ficarão para a próxima, não vá o espaço faltar para o abraço amigo que daqui te envio. VM


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72.09....

MCG

(humorístico)

casal conversando à beira-mar, com o jovem acariciando o rosto da rapariga

Para a Celeste

com amizade e ternura


Os meus lábios, mudos de beijos

Os dedos em gestos de veludo

Desenham sonhos no ar


De uma carta da Celeste para o Victor. Do Victor para a Celeste.


Dentro de mim .... Este estribilho canta qualquer outra oculta praia

do oculto mundo. Qualquer sinal há nele que não sei entender

Dentro de mim, Senhor, dentro de mim quem terá morrido?


VM

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