NOTA de Victor Nogueira ao post Salazar e a defesa de Portugal do Minho a Timor
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Adolescente em Angola na altura, crente então na exidestência dum Portugal uno do Minho a Timor [2], desconhecia as sucessivas tentativas de Nerhu para a resolução pacífica da integração e que a maioria da população do «Estado Português na Índia» não falava português. Mas causava-me então estranheza que durante as semanas seguintes os jornais de Luanda que havia «heróicas bolsas de resistência» das Forças Armadas Portuguesas. Pois então interrogava-me como tal poderia ser possível, se bastava que cada soldado indiano cuspisse na fronteira para que o Exército Português morresse afogado.
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Se o General Vassalo e Silva tivesse obedecido a Salazar em nome «da ética e honra militares», quase seguramente que democratas como o senhor General Lemos Ferreira [na altura no Estado da Índia e oficial do quadro permanente e às ordens de Vassalo e Silva] não estariam a conceder décadas depois entrevistas «históricas» em nome da defesa da «pureza» do 25 de Abril e contra os «desmandos» e« totalitarismos» a que o 25 de Novembro pôs termo, pois, desobecendo à cadeia de comando, mesmo sózinho, teria enfrentado as tropas «estrangeiras» invasoras e morrido heróicamente em combate.
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Sabe-se o que sucedeu ao «traidor» General Vassalo e Silva por desobedecer a Salazar, tal como ao consul de Bordéus Aristides Sousa Mendes, ambos reabilitados apenas depois do 25 de Abril. «Haja Deus, Pátria e Família!»
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[1] - Gravura retirada de d'ali e d'aqui - guerra colonial portugesa
[2] - pejado de heróis e navegadores, mas então para mim surpreendentemente reduzido a duas ou três linhas e a Vasco da Gama ou Fernão de Magalhães nos livros juvenis enciclopédicos em inglês ou francês que o meu tio José João me oferecia.
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