domingo, 30 de setembro de 2007

Ao (es)correr da pena e do olhar (25)

* Victor Nogueira

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É um novo dia. de manhã choveu mas agora á tarde o sol despontou. Hoje resolvi ficar em casa para preparar a reunião sindical de amanhã e programar o trabalho até ao final do mês. Tenho oito dias por mês para actividade sindical sem desconto no ordenado. Entretanto, na próxima quinzena, terei reuniões em Coimbra e no Porto, para além de uma série de plenários na Câmara de Setúbal, por causa do processo negocial com o Governo.
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Fiz para o almoço pernas de frango estufado com arroz de manteiga. Já ando a ficar farto de enlatados e congelados, que às tantas sabem sempre ao mesmo. Tenho ainda de ver se marco consulta para o médico, que aliás agora é médica, o que por vezes me intimida na exposição das minhas maleitas e problemáticas.
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Quem também anda doente é a minha carripana, que de repente ficou ontem sem pisca-pisca, o que é aborrecido pois nem sempre me lembro de fazer manualmente os sinais de mudança de direcção ou de conduzir com mais cuidado. De modo que tenho de passar ainda pelo mecânico, tanto mais quanto amanhã terei de ir a Lisboa.
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O carro já está consertado e sempre consegui consulta na médica. É uma senhora muito simpática mas começamos sempre por uma longa conversa sobre variadíssimos assuntos, da vida em Setúbal à política, passando pelos filhos. A parte final, essa sim, é dedicada à exposição e diagnóstico das minhas maleitas. Resumindo e concluindo, para além do check-up anual conveniente para as pessoas da minha idade, mais uma série de exames por causa das maleitas para prevenir ou remediar. E uma nova sessão de fisioterapia, que o ano passado me fez passar os meses até agora com menos problemas provocados pela coluna. O avio dos remédios deixou-me no entanto pasmado. Não só estão cada vez mais caros como diminuem grandemente as comparticipações do Estado. Entretanto ela disse-me que tínhamos direito a quinze dias anuais em estâncias termais, para tratamento, sem colisão com os dias de férias. Tenho de informar-me melhor, para passar uma temporada a tratar da coluna, repimpado, sem preocupações com arrumações de casa e preparação de refeições.
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De vez em quando passo aqui pelo computador e acrescento mais umas linhas de conversa. Estou cansado e com sono, mas mesmo que durma um sono seguido como acontece normalmente, isso possívelmente não me trará descanso. Isto é um círculo vicioso: a pedrada depressiva impede-me de dormir repousadamente e a falta de repouso aumenta a neura. Quem diria que o fim de férias e o regresso à Câmara teriam um efeito tão desgastante. Deveria mas é ter ido a casa de alguém. Mas também a maioria está metida no seu buraco, numa sociedade onde estou a mais porque dela estão cada vez mais ausentes a solidariedade e o companheirismo.
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Vou encerrar esta escribadura. Tenho ainda a louça do jantar para lavar e parte do conteúdo dos sacos de férias para arrumar. Nem acredito nesta minha desorganização, eu que por vezes até tenho raiva de mim mesmo por ser tão arrumadinho e organizado, embora menos que há uns anos atrás!
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Setúbal, 1993.09.08/09

1 comentário:

De Amor e de Terra disse...

A vida, às vezes pode ser dura, bem dura mesmo!

No entanto, resta-nos uma certeza:- Tudo Passa!!!



Maria Mamede