sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Ao (es)correr da pena e do olhar (18)

* Victor Nogueira
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Eis-me de novo regressado a Setúbal City, sentado aqui defronte ao computador que vai registando os meus escritos, quando me não auxilia noutras tarefas ou é meu companheiro de jogos, os mais variados. Às vezes, nalguns programas, fala comigo, em inglês. De qualquer modo não substitui um livro, que nos acompanha para qualquer lado, debaixo do braço, na pasta ou dentro dum bolso que não seja ... bolsinho, nem substitui o prazer de sentir no ar e na pele a presença de outrem.
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Eis-me pois regressado de novo a Setúbal, sentado aqui no meu "escritório-biblioteca-armazém", ouvindo o eterno bater da janela nas calhas e os ruídos das obras nos prédios que estão construindo aqui ao lado e que tiraram a vista para o Jardim da Lanchoa ao pessoal que mora até ao 5º andar. O que não é o meu caso, alcandorado que estou neste 9º andar, dos últimos lugares do lugarejo a ser submerso se algum dilúvio acontecesse. -
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De que falar mais? Em Setúbal é tempo da Feira de Santiago, onde fui duas ou três vezes e onde sempre vou encontrando gente conhecida para dois dedos de conversa. Este ano há apenas uma exposição dedicada a uma das celebridades desta terra, que foi a cantora lírica Luísa Todi. Falta-me ver a parte da cerâmica e olaria, embora este ano já tenha comprado o recuerdo, cerâmica dum país andino ou como tal vendida. Mais uma bonecada ali para uma das estantes, para dificultar a limpeza do malfadado pó que mal acabado de limpar logo renasce dum modo que faria inveja à capacidade reprodutora dos coelhos !
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Na 2ª e na 3ª tive reuniões em Lisboa, mas hoje lá estava de novo no meu posto de trabalho, que os meus chefes me têm transformado em posto de ... descanso, contra o meu gosto e vontade. Está quase todo o pessoal de férias, de modo que aquilo é um silêncio temperado pela frescura do ar condicionado, em alternativa ao braseiro da rua! Hoje não pude trabalhar no computador do serviço, com o qual vou preenchendo o tempo, aprendendo ou inventando trabalhos, pois um dos meus colegas precisou dele para cálculos de engenharia.
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Fiquei muito contente com o postal da Maria do Mar. Depois, ela até tem graça e expressividade nalgumas coisas que me tem escrito e deveria desenvolver essa sua faceta. Quem sabe se não se tornaria uma escritora de nomeada, mundialmente reconhecida e consagrada. Afinal o José Saramago só começou a escrever aos 60 anos de idade! Para não falar de mim, que mudei a escrita depois dos quarenta, embora nem de perto nem de longe lhe faça sombra !
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Enviei-lhe alguns livros, que espero aprecie. Tenho procurado que sejam humorísticos, salvo o da Agatha Cristhie, que ela aprecia, por conter no fim uma relação das suas obras publicadas em português. Dos seus detectives apenas gosto da Miss Marple, embora também tenha apreciado o da série televisiva dedicada ao Poirot, por causa do actor-intérprete, tal como o imagino, embora não aprecie muito os romances escritos em que ele é personagem. O Sherlock Holmes foi outro detective que me pareceu muito conseguido na versão televisiva. Creio que presentemente estão a passar num dos canais outra série baseada em romances da Agatha, uma cuja heroína, se não me engano, é a Tupence.
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Quanto ao Rantanplan é um cão muito inteligente, tanto ou mais quanto o mais alto dos irmãos Dalton. No entanto costumo comprar ali na tabacaria uma revista cujo herói é um guerreiro chamado Groo, que a páginas tantas arranjou um cão, o Ruperto, não ficando qualquer deles atrás do Rantanplan em termos de perspicácia. Nada que se compare à Milou, fiel acompanhante do Tintin.
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Bem, tenho de interromper esta escribadura, para fazer o jantar que o microondas ainda não trabalha sozinho, para além de hesitar entre ver o programa do Carlos Cruz ou um filme sobre a Guerra da Independência dos Estados Unidos, com o Al Pacino e a Michele Pfeiffer, dois actores que aprecio. Possivelmente verei o Cruz e gravarei o filme, até ter ocasião de vê-lo se entretanto não gravar outro por cima, o que sucede por vezes. Aprecio o modo como o Carlos Cruz conduz as suas entrevistas.
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Setúbal, 1993.08.03

2 comentários:

De Amor e de Terra disse...

E continuas "remoendo" lembranças...e bem, muito bem sempre!



Maria Mamede

Belisa disse...

Olá :)

Voltei...voltei..
Não, não é nenhuma canção
Lembrei-me disto e...
não vou dizer-te que não...

Fico encantada a ler
estes textos que escreves
São recordações a reler
espero que não sejam...breves

Beijos estrelados