* Victor Nogueira
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No tempo das cartas em papel, sobrescrito e selo
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1. Minha Senhora, de si ... parafraseando a Teresa Horta nesta resposta a "uma senhora livre e culta" que daquele jeito se apresentou nas páginas dominicais do respeitável Diário de Notícias, que hoje comprei para saber o que ontem se passou por esse mundo fora.
1. Minha Senhora, de si ... parafraseando a Teresa Horta nesta resposta a "uma senhora livre e culta" que daquele jeito se apresentou nas páginas dominicais do respeitável Diário de Notícias, que hoje comprei para saber o que ontem se passou por esse mundo fora.
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Olho pela janela nesta tarde soalheira, do alto deste nono andar com os campos, as casas e os carros minúsculos lá em baixo, e pergunto-me quem será que deste modo tão lacónico se apresenta, deste modo hermético ?
Olho pela janela nesta tarde soalheira, do alto deste nono andar com os campos, as casas e os carros minúsculos lá em baixo, e pergunto-me quem será que deste modo tão lacónico se apresenta, deste modo hermético ?
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Espraio-me ou não na resposta ?! Não começarei por dizer "Cavalheiro ..." porque não faz parte de mim apresentar-me dum modo com reminiscências ultrapassadas neste tempo das novas tecnologias, apesar da delicadeza e bons modos ficarem bem a toda a gente.
Espraio-me ou não na resposta ?! Não começarei por dizer "Cavalheiro ..." porque não faz parte de mim apresentar-me dum modo com reminiscências ultrapassadas neste tempo das novas tecnologias, apesar da delicadeza e bons modos ficarem bem a toda a gente.
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Assim, direi que estou interessado em conhecê-la. (...) Gosto de ler, escrever e contar, para além de cinema, música e teatro (como simples mas crítico consumidor ) Também gosto de conhecer novas terras, gentes e costumes, embora com peso, conta e medida.
Assim, direi que estou interessado em conhecê-la. (...) Gosto de ler, escrever e contar, para além de cinema, música e teatro (como simples mas crítico consumidor ) Também gosto de conhecer novas terras, gentes e costumes, embora com peso, conta e medida.
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É muito, é pouco o que lhe disse ?! A sua resposta o dirá !
É muito, é pouco o que lhe disse ?! A sua resposta o dirá !
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2. "Mais uma ... ! " pensará para consigo, perante a avalanche de cartas diariamente caídas na caixa do correio, cada uma delas com seu jeito e feitio.
2. "Mais uma ... ! " pensará para consigo, perante a avalanche de cartas diariamente caídas na caixa do correio, cada uma delas com seu jeito e feitio.
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Uma vez mais aqui em Paço de Arcos, onde venho com frequência, olho desta feita para o sintético anúncio do Ponto de Encontro, estendendo-se perante mim a estrada para Porto Salvo e o campo cada vez mais polvilhado de casas, que se vão juntando até formarem novos povoados.
Uma vez mais aqui em Paço de Arcos, onde venho com frequência, olho desta feita para o sintético anúncio do Ponto de Encontro, estendendo-se perante mim a estrada para Porto Salvo e o campo cada vez mais polvilhado de casas, que se vão juntando até formarem novos povoados.
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Olho pela janela nesta tarde soalheira e tenho algum interesse em conhecer e saber um pouco mais de quem se apresenta deste jeito simples e simpático e parece apreciar algo tão fugaz e frágil como a paz e a felicidade, objectivos perseguidos pela humanidade desde a bruma dos tempos.
Olho pela janela nesta tarde soalheira e tenho algum interesse em conhecer e saber um pouco mais de quem se apresenta deste jeito simples e simpático e parece apreciar algo tão fugaz e frágil como a paz e a felicidade, objectivos perseguidos pela humanidade desde a bruma dos tempos.
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Olho pela janela para o céu azulado e para os campos verdejantes, reparo que o gravador transmite como sempre música, desta feita o Paulo de Carvalho em duas canções com poemas que aprecio, como o de De voz em voz e Olá, como vais ? ...
Olho pela janela para o céu azulado e para os campos verdejantes, reparo que o gravador transmite como sempre música, desta feita o Paulo de Carvalho em duas canções com poemas que aprecio, como o de De voz em voz e Olá, como vais ? ...
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Do meu nome já falei logo ali no princípio, quando escrevi Do Victor Manuel para Ana Paula, saudações. De mim posso acrescentar algo mais ao que transparece nas linhas anteriores. (...) E porque gostei do modo como se apresentou, resolvi esta visita; se quiser pode escrever-me, quanto mais não seja para dizer "Olá, como vais ?".
Do meu nome já falei logo ali no princípio, quando escrevi Do Victor Manuel para Ana Paula, saudações. De mim posso acrescentar algo mais ao que transparece nas linhas anteriores. (...) E porque gostei do modo como se apresentou, resolvi esta visita; se quiser pode escrever-me, quanto mais não seja para dizer "Olá, como vais ?".
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3. Nesta azáfama quotidiana as horas vão somando dias e as semanas meses, até que um dia voltamos a encontrar o recorte da revista que então nos despertou a atenção. Aproveita-se um fim-de-semana para tentar pôr algo em dia, talvez extemporaneamente, como seja responder a uma jovem de 26 anos, que escreve "a solidão retira o sentido à vida", apesar de médica e psicóloga, portanto e aparentemente em profissão ou actividades onde o interesse e a solidariedade pelo(s) outro(s) são ou deverão ser uma constante.
3. Nesta azáfama quotidiana as horas vão somando dias e as semanas meses, até que um dia voltamos a encontrar o recorte da revista que então nos despertou a atenção. Aproveita-se um fim-de-semana para tentar pôr algo em dia, talvez extemporaneamente, como seja responder a uma jovem de 26 anos, que escreve "a solidão retira o sentido à vida", apesar de médica e psicóloga, portanto e aparentemente em profissão ou actividades onde o interesse e a solidariedade pelo(s) outro(s) são ou deverão ser uma constante.
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Porque escreve desta maneira a Ana Cristina, esperando de outrem, desconhecido e talvez distante, amizade, inteligência e alguma cultura ? (...) Quanto à solidão, bem .... quanto à solidão nem sempre será fonte de sofrimento; ás vezes é necessária, outras vezes dói mesmo.
Porque escreve desta maneira a Ana Cristina, esperando de outrem, desconhecido e talvez distante, amizade, inteligência e alguma cultura ? (...) Quanto à solidão, bem .... quanto à solidão nem sempre será fonte de sofrimento; ás vezes é necessária, outras vezes dói mesmo.
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Morando e trabalhando em Setúbal, que outrora me encantou mais, quando jovem estudante em trânsito de Évora para Lisboa, Porto ou Luanda, procuro no mapa onde fica Estarreja, nome que me não é estranho. Cá está, mesmo ali ao pé de Aveiro, que só conheço dos filmes ou de passagem nas minhas idas e vindas, outrora mais frequentes, entre Lisboa e o Porto.(...)
Morando e trabalhando em Setúbal, que outrora me encantou mais, quando jovem estudante em trânsito de Évora para Lisboa, Porto ou Luanda, procuro no mapa onde fica Estarreja, nome que me não é estranho. Cá está, mesmo ali ao pé de Aveiro, que só conheço dos filmes ou de passagem nas minhas idas e vindas, outrora mais frequentes, entre Lisboa e o Porto.(...)
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Paço de Arcos, 1988.MARÇO.06
Paço de Arcos, 1988.MARÇO.06
2 comentários:
Os guardados, sobretudo Diários, podem conter coisas estranhas...
pedaços de vida que deixamos em pastas ou caixas, esquecidos ou quase e que ao serem manuseados ganham vida outra vez.
E os cheiros e os sentimentos, embora amareleciods, estão lá, à nossa espera!
Maria Mamede
Já tive de ir em trabalho a Estarreja
O teu diário/carta é incrível e subscrevo o comentário em cima porque não saberia dizê-lo tão bem
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