sábado, 24 de julho de 2010

Tudo ao molhe ...


* Victor Nogueira
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As grandes superfícies esfregam as mãos de contentes, por finalmente poderem abrir aos domingos e feriados, com o argumento de que vão criar milhares de postos de trabalho .. numa altura de (quase) total desregulamentação do trabalho, do crescimento do desemprego e da diminuição do poder de compra de vastas camadas da população. (1)
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Em contrapartida a Confederação do Comércio Português esbraceja contra tal medida porque levará à falência milhares de empresas e aos desemprego milhares de trabalhadores. Do ponto de vista dos trabalhadores, entre uma e outra que venha o Diabo e que escolha. Ambas se estribam na mão de obra barata e desqualificada, na sanguessunguisse da exploração da mais-valia e  na acumulação de capital, na desrugalamentação laboral!
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Seráficamente a Igreja Católica propõe que os políticos cristãos doem (ai se doem) 20 % dos seus rendimentos para obras de misericórdia ! Venda, que voltará a apresentar a feriadal proposta a partir da bancada do PS na próxima legislatura (2), diz que Não. Desta vez, acertadamente, Alegre, o poeta/político ou o político/poeta diz que é em sede da fiscalidade que se alcança a justiça social.  E Joana Amaral Dias levanta a questão da contribuição como exemplo das "riquezas" da Igreja, cuja origem, montante e proveniência ninguém controla e que, até onde sei, é um dos piores patrões nas "Misericórdias" e nas Instituições Particulares de Solidariedade Social. (3)
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Um escriba de serviço em Correio da Manha, de sua graça João Pereira Coutinho, afirma que a possibilidade das grandes superfícies abrirem aos domigos e feriados é um avanço civilizacional, pois a populaça poderá ir às compras sem estar espartilhada por anacrónicos horários de funcionamento. Que a populaça esteja no desemprego ou com salários e reformas de miséria, portanto sem poder de compra, é algo que escapa ao escriba do Correio da Manha. E que seja essa mesma populaça transformada em exército "industrial" de reserva que assegurará o funcionamento de cerca de 200 grandes superfícies é algo que escapa ao escriba Speedy Gonzales ou Pepe Rápido! (4)
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Como escapa à Igreja Católica assumir uma contabilidade clara e "séria e  um tratamento humano e justo dos que para ela trabalham  e a prescindir das benesses fiscais da Concordata.

Quanto aos comentários dos leitores do Correio da Manha a propósito do artigo de Joana Amaral Dias,(3) apesar dos reparos ao artigo referido em  (4),cabe-me parafrasear Brecht:  primeiro   levaram a aristocracia operária da Cintura Industrial de Lisboa e não me importei pois nada tenho a ver com o Zé Ferrugem, embora seja ele que crie riqueza; em seguida atacaram os magistrados, os professores e os médicos do sector público e eu não me importei porque não sou magistrado, médico, juiz  ou professor com salários e reformas "milionárias" (Se PS/PSDCDS e a TV o dizem deve ser verdade); A seguir atacaram os Mangas de Alpaca e não  me importei pois muitos deles acolhem-me com desleixo e sobranceria; agora atacam os burgueses da classe média e não me importo,  pois estou desempregado ou vivo de esquemas e fugas aos impostos e não estou para aturar malandros que, embora paguem impostos, vivem à custa de todos nós.
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Eu sou Xico-Esperto e não me fazem o ninho atrás da orelha, embora não enxergue dois palmos à frente do nariz e não questione os salários e as vendas milionárias de futebolistas com isenções fiscais nem veja escarrapachados os rendimentos da Igreja Católica, da Igreja Universal do Reino de Deus ou dos cem mais ricos de Portugal, os tais que esfregam as mãos de contentes  graças à minha inteligência.
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Num país súcialista e laico, poder-se-à dizer "haja Deus!?"
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