sexta-feira, 13 de agosto de 2010

A bolsa ou o bolso bolsam?



* Victor Nogueira
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O tempo refrescou embora à noite, estando fresco lá fora, está quente cá dentro pois tenho a janela fechada, aqui no cimo da "montanha".
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Ronaldo e o filho estão para banhos, tal como o engenheiro-chefe, refrescando-se enquanto o país arde, bombeiros morrem,  reservas naturais são destruídas e um alto clero faz apelos patéticos contra os incendiários, das florestas e não de emprego e da economia!
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O folhetim Casa Pia entrou a banhos, depois das ameaças dos advogados de anularem o julgamento e na Procuradoria Geral da República, a propósito do Freeport, andar tudo numa fona: Procurador Geral,  Procuradores não gerais, opinin makers and so on. Uns lançando achas para a fogueira, outros procurando do lume tirarem as castanhas sem se queimarem, uns procurando pôr água na fervura, outros atiçando  as brasas !
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Numa grande página amarela o público ou alguém por ele anuncia que os conteúdos editoriais estão protegidos por direitos de autor! O Vigilante é uma tal visapress (c), instituição sem fins lucrativos. Já não bastava pagarmos para fazer publicidade nos sacos de super, hiper ou mini mercados e doutros estabelecimentos comerciais ou da imprensa escrita, como agora a publicação  ocasional em blogs poderá violar  direitos de autor! Ora toma, queres fazer publicidade à borla? Nem penses. Passas a pagar para me fazeres publicidade !
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Embrulhado embrulhado parece que ficou o caso da herança Tomás Feteira, que nos tempos de  Salazar terá sido uns dos dez homens mais ricos do Mundo. O Pilim, é tão engraçado o Manganão ! E a Polícia brasileira insiste que Duarte Lima explique a sua ida ao Brasil e o seu encontro com a sua constituinte assassinada horas depois dele a largar noutro local!
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O Correio da Manha, para além de inúmeros anúncios de "massagistas", muitas mostrando a bunda ou os seios, o que devem ser instrumentos  para  uma nova e saudável técnica de massagem, publica inúmeras fotos femininas soft-core, muito apelativas, ao pé das quais as coelhinhas do Playboy Portuguesa e a niña de Mirandela ganham seráficas asas.
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Estou a ler um interessante livro com a correspondência mútua entre Salazar e Caetano (1932/1968), antecedida dum interessante texto enquadrativo de José Freire Antunes. Uma correspondência de mais de meio século  com quezílias  pelo meio entre o "discípulo muito atento, respeitoso, admirador e obrigado" e o mestre "muito grato, admirador e amigo atento".
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Nas cartas Marcelo revela-se uma pessoa pragmática, evoluindo da monarquia para a república, impulsivo, muitas vezes sem papas na escrita mas depois indo refrear eventuais estragos da sua impulsividade face à placidez do Mestre.
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Mas se após a II Guerra Mundial Salazar recusou candidatar-se à Presidência da República, abrindo talvez caminho a Marcelo se tal tivesse sucedido, a verdade é que mais tarde não teve força para se opor à recandidatura de Américo Tomás, que logo lhe cortou as asas face à sua tibieza e idiossincracia, que levaram à patética entrega do  poder ao general Spínola para que aquele não caísse na rua, em 25 de Abril de 1974. Mas essas são já outras reflexões.

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