quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Ao (es)correr da pena e do olhar (11)


Conheci a Ana SorRiso dos Olhos Grandes naquela aldeia grande que é a Amareleja, onde existe um Largo do Regato que se não vislumbra e morava a Maria Papoila, no 1º andar por cima duma loja, numa casa sem portas interiores. No tempo da outra senhora era aquela uma aldeia aberta, com os bailes na Sociedade e os longos passeios dos casalinhos ao longo das estradas que dela partiam ou para ela convergiam. Tinha a Amareleja muita gente conhecida: a Marília (muito bonita) e o tio, o sr. Coelho (da oposição ao regime e dono da farmácia), o Diogo (meu colega na pensão da D. Vitória), a Adélia, o sr. Guerreiro (regedor da aldeia) e a D. Marcelina (pais do Diogo e da Adélia), a Ivone (muito faladora, á espera do pretendente e do casamento que tardava), a D. Manuela (dona de uma loja e, como a anterior, professora), para além do casal velhote com a mercearia, no largo da igreja arruinada, em cuja casa ficava aos fins de semana, com o motorista da camioneta da carreira. Seguramente que havia mais gente, como a minha colega do Instituto, simpática, cujo nome esqueci e que por vezes me dava boleia, ou o Chico Honrado, que também fora meu colega.
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Mas verdade, verdadinha, foi em Setúbal, na fila do antigo Parque das Escolas, hoje do falecido José Afonso, que conheci a Ana SorRiso dos Olhos Grandes, em busca duma casa, mais nova e menina, em companhia do Zé, operário na Setenave e hoje polícia marítimo, amigo de pegas e toiros.
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E foi aqui no Pote de Água que nasceram a Cátia e a Aida e se apartaram a o Zé e a Ana SorRiso dos Olhos Grandes, como se apartaram muitos outros casais no prédio da encosta da Lanchoa. (...)
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Setúbal, 1989.06.05

1 comentário:

De Amor e de Terra disse...

É tão bom saber estórias e saber contá-las...
Vive-se essas vidas contadas,como se fossem as nossas, durante o tempo em que se contam; e sofremos e rimos como se tudo estivesse acontecendo da primeira pessoa.
Fico à espera do resto!

Maria Mamede