* Victor Nogueira
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Com alguma pompa Cavaco que já havia desvendado o seu tabu por interposta pessoa lançou a sua candidatura à Presidência da República e respectivo programa, em notícia de página inteira mas par, no Público de Belmiro de Azevedo que o apoia, com relevo para o carinhoso beijo de Manuela Ferreira Leite, de má memória enquanto Ministra das Finanças e da Educação e autora da célebre opinião de que a Constituição deveria ser suspensa durante seis meses para pôr a casa em ordem. Se não foram estas as palavras, o sentido é este.
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Pois na sua comissão de honra figuram além de José Miguel Júdice, distinto e poderoso advogado da Praça, Ramalho Eanes e outras ilustres personalidades como Adriano Moreira, Ministro no tempo do fascismo e Basílio Horta, ambos do CDS do qual foram altos dirigentes, Alberto João Jardim, o desbagrado "democrata" da Madeira que agora está com o Senhor Silva cuja expulsão do PSD defendeu veementemente, Américo Amorim (o Homem mais rico de Portugal), Bagão Félix, do Governo PSD/CDS, Belmiro de Azevedo (dono do Público e o 2º Homem mais rico de Portugal e um dos mais ricos do Mundo), Diogo Freitas do Amaral (ex alto dirigente do CDS e ministro do PS), Eunice Muñoz, Álvaro Cassuto, Eusébio, Fernando Faria de Oliveira (da CGD), Francisco Moita Flores, Filipe de La Féria, Francisco Pinto Balsemão (dono do Expresso e de outros jornais de referência), João Pereira Coutinho (outro milionário português), João Salgueiro (importante banqueiro), José Veiga Simão (ministro do fascismo e de governo PS), Leonor Beleza, Mafalda Arnauth, Simone de Oliveira, Vasco Graça Moura e Zita Seabra, entre outros.
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Cavaco/PSD aprofundou a política de recuperação capitalista iniciada por Mário Soares e ainda mais agravada por Sócrates/PS, continuando no PSD cujo líder já declarou publicamente aceitar ser mandarete ou moço de recados do FMI e do directório franco-alemão.
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Na apresentação da sua candidatura Cavaco faz a quadratura do círculo: elogia os seus governos PSD, de aluno obediente da União Europeia (e do neoliberalismo) atacando os anos "perdidos" por Sócrates/PS, prometendo levar Portugal para o bom caminho ! O Homem que acelerou a privatização dos sectores estratégicos da economia portuguesa, que os privados desmantelaram, o Homem que permitiu a proliferação das universidades "privadas", quase todas envolvidas em escândalos e algumas encerradas, o Homem cujos colaboradores se vão governando, alguns envoltos em fumos de escândalo sem fogo, em empresas privadas ou públicas e na Banca, de mão dada com boys e girls do PS e do CDS, o Homem que apadrinhou o "acordo" PS/PSD para aprovação do miserável Orçamento de Estado depois de vários Planos de Estabilidade e Crescimento que são o contrário do que os nomes dizem, vem armar-se em Paladino do Estado Social e indignar-se com "as intoleráveis desigualdades sociais e assimetrias regionais (que) têm vindo a agravar entre nós". O discípulo tecnocrata e obediente das teses neo-liberais, considera "alarmantes os números do desemprego" , um flagelo social que ele ajudou a criar e promete combater proiritáriamente ... com a mesma cartilha!
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O Homem que acusava a Oposição de ser uma força de bloqueio, referindo-se às passeatas do então Presidente da República Mário Só-Ares,vem agora defender uma "magistratura activa" seja com o PS seja com o PSD, pois"é fundamental que os portugueses confiem nas instituições [quais?] e nos seus dirigentes políticos".
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O Homem que esteve na 1ª linha do ataque ao Serviço Nacional de Saúde, ao Ensino Público e à Segurança Social em benefício da banca privada e da especulação financeira, vem agora, mantendo a fé nos princípios neo-liberais, defender que " a todos assiste o direito de possuir uma protecção na dornça, na velhice e no desemprego".
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É preciso lata e falta de pudor ! Mas o triste é que com o seu voto suicida a maioria dos portugueses e portuguesas não vejam a nudez e a falsidade do PS/PSD/CDS e seus moços e moças de recados, votando sempre para ainda mais do mesmo, permitindo apenas a alternância das moscas.
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Em Tempo - Freitas do Amaral vem agora reclamar uma nova Comissão Parlamentar de Inquérito ao acidente de Camarate, onde morreram Sá Carneiro/PPD/PSD e Adelino Amaro da Costa/CDS/PP. Está é uma velha trica que surgia sempre em determinados momentos da vida interna do PSD. Sendo indubitável que a impetuosidade e impaciência de Sá Carneiro face à previsível derrota de Soares Carneiro nas presidenciais o levaram a descurara as regras mínimas de segurança e perante um imprevisto atraso no avião da TAP para o Porto resolveu embarcar com a sua comitiva num teco-teco encontrado à mão de semear e que se despenhou logo de seguida, não se entende a persistência na tese do atentado, desta feita pela mão de Freitas do Amaral, o tal que tendo sido candidato da AD (PSD/CDS) a outras eleições presidenciais em que foi derrotado, teve de arcar com as despesas da campanha face à negativa de Cavaco/PSD. Haverá bruxas pelo caminho ?
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