quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Centuriões do Século XX

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* Victor Nogueira
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O filme não tinha "garra" e, não sendo apologético dos "Centuriões do Século XX" - assim se chamava, como esses homens que no Império Romano defendiam a ORDEM (mas que ordem?) apesar da ingratidão dos restantes cidadãos. Até que vieram os Bárbaros, que deram cabo do Império ... (isto é das falas do filme!) À vol d'oiseau fala se na delinquência juvenil, assaltos, prostituição, homosexualismo, exploração de emigrantes clandestinos, desavenças familiares (vá lá, que não meteram os hippies á baila!) Pois é, mas tudo isto sem curar de saber a razão de todas aquelas mazelas.
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Numa atitude fatalista, se não pessimista, da evolução da sociedade, levando á descrença dos polícias sobre o êxito da sua missão repressiva para a manutenção da "ordem". Vê lá tu, ... por exemplo, o problema da prostituição: as mulheres não se prostituem por fatalidade. Fazem-no, sim, por razões psico-sociológicas e sociológicas: mau ambiente familiar, miséria, desenraizamento afectivo, instabilidade emocional, incultura, marginalização e isolamento na grande "cidade" ... É um problema social, de "des-organização" da sociedade, de incapacidade de relacionação das pessoas umas com as outras. (há mais, mas fiquemos por aqui). Se os homens fazem a sociedade, esta também os faz. ´
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É possível modificá la! Será moroso? É POSSÍVEL! mudando a naquilo que a desorganiza e, desorganizando-as, desorganiza também aqueles que nela habitam! Pois, sabem qual é a proposta do realizador do filme (ou quem quer que seja que tinha a "massa" para produzi lo? Sim, que na democrática América da Estátua da Liberdade o produtor é o senhor do filme, e pode adulterá lo á sua vontade, sem dizer água vai ao autor. Não será o caso, mas a história do cinema é fértil em episódios destes!)
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Pois, o bom do nosso amigo, quem quer que ele seja, pela boca do polícia velhote, descrente, vivendo para aquilo, resolve as coisas á sua maneira. A prostituição? Mas é tão fácil! Uma passagem lenta com o carro patrulha. Á segunda, quem não tivesse desandado, esquadra com ela. Nessa noite não havia "negócio" ('Tás a ver a quantidade de carros e polícias que seriam necessários. Sim, que para resultar os carros tinham que passar incessantemente, todo o dia, em todas as ruas, pelo menos nas de má nota! [Claro, se calhar lucrariam as mais "desafogadas", com carro, apartamento e telefone]. E a "mercadoria"subia de preço, porque tudo o resto continuaria na mesma.
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Mas é ilegal a polícia actuar assim (ninguém pode ser preso sem culpa formada se não em flagrante delito!) Ora o velhote resolve as coisas á sua maneira e marimba-se para os códigos e juízes! De resto, quem se queixará? Os proxenetas? Pois é ...
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É como o filme de que se falava no último boletim do Núcleo Juvenil de Cinema: "A Súbita Riqueza dos Camponeses Pobres " (...) É pois necessário que os criminosos sejam castigados, para sossego dos "príncipes" e aquietação dos que - justamente ou não - tenham a veleidade de querer perturbá lo. (MCG - 1973.04.16)

1 comentário:

De Amor e de Terra disse...

Há tanta coisa inquietante e com tantas perguntas e propostas, sem no entanto ter soluções à vista!
Acho que realmente o ambiente em que somos criados e/ou vivemos, tem algum peso na nossa maneira de ser, mas o problema ou problemas(todos sabemos) têm as suas raizes bem mais fundas...

Maria Mamede