sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Arraiolos - Solar da Sempre Noiva


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Solar da Sempre Noiva, antigo acento de lavoura da Herdade com o mesmo nome. Situado nos termos da freguesia de Nossa Senhora da Graça do Divor, chega-se lá pela Estrada N370 que liga Évora a Arraiolos. Volumosa construção recolhida no recato de uma cerca murada e aconchegada na imensa planície a norte do burgo amuralhado de Évora. Solar edificado nos finais do século XV, durante a governação de el-rei D. João II, época em que o Alentejo era uma província frequentada assiduamente pelo poder.
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Edifício de traça manuelina mudéjar, aparenta outros acrescentos posteriores. Evidência o construído um soberbo torreão de dois pisos e encerra um vasto salão térreo entre outras divisões com rasgadas janelas de moldura em bisel.
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Cosido ao paço, existe um magnífico horto de recreio ao estilo mudéjar. Tem este solar uma auréola romântica cerzida com o nome e bem ao jeito adoçado da mitologia popular de tradição oral. Corre pelos mais velhos que a morgada donzela foi, no dia da boda e já trajada de noiva, abandonada pelo amado a quem mais amor tinha que à sua própria vida. Donzela que morreu sem nunca mais ter envergado outro traje que o da brancura nupcial. Daí que em certas noites, os que do solar se abeiram, a vêem em janela costumeira de branco vestida e cabeleira solta.
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Menos romântica mas igualmente bem madrigal, será a justificação que poderá estar na profusa existência na região de uma planta espontânea, designada cientificamente de “centinodia” e a que o gentio chama de sempre noiva.
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Sempre tive uma particular predilecção por este lugar, por ventura inclinado pela magia do drama nupcial e bradada aparição. Bastas noites porfiei em vão pela alva donzela. Talvez bem aquém estaria eu do garbo do seu amado. De vez em vez perco-me ainda pela Sempre Noiva. Paixões!
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Publicado por machede em janeiro 17, 2004 12:29 AM
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Deste meu blog dê uma saltada ao post anterior, intitulado:
Arraiolos - Cadeia e Tribunal em 1973

1 comentário:

De Amor e de Terra disse...

Que coisas (me) nos contas Victor!
Obrigada!!!
Vou sempre mais rica.


Maria Mamede