domingo, 12 de agosto de 2007

Quem é e onde pára o criminoso?

* Victor Nogueira
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Pessoalmente não simpatizo com o dr. José Martins nem subscrevo muitas das opiniões políticas nem como por vezes se expressa no seu blog. Nem sei o que o faz correr, se o amor às crianças se à notoriedade. Mas ele há cada estranheza ! Ele é o defensor do sr. Carlos Silvino, embora não das crianças (masculinas) abusadas na única rede pedófila descoberta em Portugal, no Continente e Regiões Autónomas. E por coincidência, está ameaçado de ser expulso da Ordem, com a consequência de não poder exercer advocacia. E pedofilia, só na Casa Pia (masculina) de Lisboa e em nenhuma outra instituição do género, qualquer que sejam os seus responsáveis. Será mesmo assim?
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E vai-se a ver a rede parece ser afinal e apenas um «naperon», com um arguido transformado em bode espiatório - o sr. Carlos Silvino - e outros, enquanto arguidos, pretendendo demonstrar a sua inocência. Esses outros não são propriamente arraia miúda, que com essa os processos não envolvem redes e despacham-se rapidamente os julgamentos, merecendo quando merecem uma notinha de roda-pé na imrensa. Mas dá que pensar na «santidade» e «respeitabilidade» acima de qualquer dúvida envolvendo gente graúda - não aparecem políticos notáveis nem empresários de maior ou menor sucesso, nem certos grupos ou camadas sociais. Mas não só na «santidade» mas também no respeito pelas «miúdas». Quanto a estas, não se descobrem ballets-roses ou similares. Ninguém do jet set que não aparece nas revistas cor-de- rosa ou situado no topo de gama. Nem mulheres arguidas, salvo a D. Gertrudes, uma «Maria Ninguém». Serão estes grupos sociais abençoados e, em consequência, protegidos do MAL e de Belzebu pela Santíssima Trindade?
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Claro que os arguidos «importantes» têm bons advogados que os defendem e daqui surge uma nova interrogação - fazem-no por desinteresse ou amizade, gratuitamente ou a preços simbólicos? Mas se os «notáveis» advogados destes arguidos, por mera hipótese, se fizerem pagar bem ao longo destes anos, deixando talvez para trás outros processos judiciais da carteira, quando e como vão os arguidos pagar-lhes os honorários?
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Há quem queira desacreditar as crianças alegando que actualmente são prostitutos e portanto não merecem credibilidade, não têm direitos nem dignidade humana. O mesmo estilo de pensamento que considera as putas e os homossexuais e travestis como «coisas» que «virilmente» se podem usar, humilhar, agredir, ofe3nder e violentar à vontade porque não são «pessoas». Este é um pensamento claramente classista e/ou fascista. O mesmo que faz a classe dominante desprezar a ralé, mandando dar aos esfomeados e desempregados brioches, como Maria Antonieta rainha de França, ou como em Portugal os agrários mandando os trabalhadores agrícolas desempregados comerem palha. Só que Maria Antonieta e Companhia foram guilhotinados pelo «Terror» da sangrenta Revolução Francesa em 1789, enquanto a classe dominante sobreviveu à «pacífica» e chamada Revolução dos Cravos. A única semelhança é que os "san-cullote» ou o «pé descalço» ou «da ferrugem» acabaram por perder, em França e em Portugal.
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Uma outra reflexão sobre esta montanha que pariu ou pretende partir um ratinho:
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Porque carga de água os arguidos, alguns deles figuras públicas, iam a uma pequena cidade/aldeia como Elvas para abusar das crianças? Naquela «aldeia» ninguém estranhava a movimentação em torno da casa da D. Gertrudes: figuras públicas ou desconhecidos, uns, crianças, outros? Não era mais seguro ficarem-se por Lisboa, «anónima» terra das muitas e desvairadas gentes, como escreveu um notável poeta?
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Uma última questão: interessará ou lucrará alguém com a expulsão do advogado do sr. Carlos Silvino e o seu afastamento «directo» do processo? Se a alguém porventura interesse, a quem?.
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2007.08.12

1 comentário:

redonda disse...

Gostei de ter este artigo pelas questões que colocas e pela crítica à desvalorização do depoimento das vítimas. Indignou-me que tenham pretendido desacreditá-los com esse argumento de actualmente serem prostitutos.