Do rio que tudo arrasta ... (3) - Sapatos Vermelhos: Não foi bem assim ...
Nota (1)
.* Victor Nogueira.
O Instituto Superior Económico e Social de Évora, era a única escola de ensino superior reconhecida pelo Governo anterior ao 25 de Abril, conjuntamente com a Faculdade de Teologia em Braga. O ISESE era uma escola subsidiada pela Fundação Eugénio de Almeida e destinada a formar quadros superiores sobretudo para as empresas capitalistas e para a Administração Pública. No 1º caso nas áreas de gestão económico-financeira e social, no segundo essencialmente nesta e na investigação e acção sociais. A população discente era formada por filhos de grandes capitalistas como Champalimaud, de filhos de latifundiários, de alentejanos que não tinham posses para estudar em Lisboa, de raparigas que deste modo não se perderiam nas «loucuras» e nas noitadas das outras Academias, e por ex-seminaristas. além duma meia dúzia que sabia ao que ia: estudar sociologia, já que o ISCSPU [Instituto Superior de Ciências Sociais e Política Ultramarina, da Universidade Técnica de Lisboa] não lhes merecia «confiança», pela sua notória ligação ao regime colonial fascista. Através do ISESE a Companhia de Jesus aguardava a oportunidade de «ressuscitar» a sua Universidade de Évora, que havia sido extinta pelo Marquês de Pombal com a expulsão dos Jesuítas, no século XVIII.
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A Associação de Estudantes era pacífica, até que de 1968 a 1971 passou a ser gerida por Direcções mais contestatárias. Havia as funções tradicionais (de que se destacam a Junta dos Delegados de Curso, a Secção de Folhas, sustentáculo financeiro da Associação). Mas estas 3 direcções anuais deram um outro outro uso ao placard da Associação, passando a afixar nele recortes de jornais ou revistas que davam outra perspectiva política aos estudantes. Aliás, creio que era a única Escola na altura em que se estudavam as teorias marxistas, em várias cadeiras, todas controladas pelos Jesuítas, se estudava a economia marxista com a mais-valia travestida de «delta» e em cuja biblioteca era possível consultar livremente as obras marxistas ou dissertar livremente em História das Teorias Políticas, em História da Sociologia ou mesmo em Sociologia do Desenvolvimento, p. exemplo. E em Sociologia, embora se preferise Max Weber e as teorias da Estratificação Social, também se falava da teoria marxista das classes sociais.
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Uma vez o Director do ISESE, Pe. Craveiro da Silva, s.j. quando eu estava afixando notícias no placard da AE, pôs-me a mão no ombro e disse: «Victor, acho bem que ponham essas notícias mas por uma questão de equilíbrio deviam pôr também as do outro lado» ao que lhe respondi que o outro lado tinha tudo: a imprensa, a rádio, a televisão e nós só tínhamos aquele placard, pelo que o outro lado de nós não precisava. O Director não insistiu. Também era opinião dele que do Movimento Associativo Estudantil haviam de sair quadros úteis à sociedade. A maioria de nós fazia parte do que chamo o “grupo do Arcada”. Claro que também dávamos nas vistas com as nossas intervenções nas sessões culturais e creio que nunca fomos incomodados pela PIDE ou a ela chamados porque os jesuítas quereriam que a sua escola fosse um «oásis» e nesse sentido manobrariam talvez os cordelinhos. No tempo do fascismo e de Salazar Sociologia era uma área de conhecimento considerada subversiva e o curso de Sociologia era oficialmente denominado de Ciências Sociais.
.* Victor Nogueira.
O Instituto Superior Económico e Social de Évora, era a única escola de ensino superior reconhecida pelo Governo anterior ao 25 de Abril, conjuntamente com a Faculdade de Teologia em Braga. O ISESE era uma escola subsidiada pela Fundação Eugénio de Almeida e destinada a formar quadros superiores sobretudo para as empresas capitalistas e para a Administração Pública. No 1º caso nas áreas de gestão económico-financeira e social, no segundo essencialmente nesta e na investigação e acção sociais. A população discente era formada por filhos de grandes capitalistas como Champalimaud, de filhos de latifundiários, de alentejanos que não tinham posses para estudar em Lisboa, de raparigas que deste modo não se perderiam nas «loucuras» e nas noitadas das outras Academias, e por ex-seminaristas. além duma meia dúzia que sabia ao que ia: estudar sociologia, já que o ISCSPU [Instituto Superior de Ciências Sociais e Política Ultramarina, da Universidade Técnica de Lisboa] não lhes merecia «confiança», pela sua notória ligação ao regime colonial fascista. Através do ISESE a Companhia de Jesus aguardava a oportunidade de «ressuscitar» a sua Universidade de Évora, que havia sido extinta pelo Marquês de Pombal com a expulsão dos Jesuítas, no século XVIII.
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A Associação de Estudantes era pacífica, até que de 1968 a 1971 passou a ser gerida por Direcções mais contestatárias. Havia as funções tradicionais (de que se destacam a Junta dos Delegados de Curso, a Secção de Folhas, sustentáculo financeiro da Associação). Mas estas 3 direcções anuais deram um outro outro uso ao placard da Associação, passando a afixar nele recortes de jornais ou revistas que davam outra perspectiva política aos estudantes. Aliás, creio que era a única Escola na altura em que se estudavam as teorias marxistas, em várias cadeiras, todas controladas pelos Jesuítas, se estudava a economia marxista com a mais-valia travestida de «delta» e em cuja biblioteca era possível consultar livremente as obras marxistas ou dissertar livremente em História das Teorias Políticas, em História da Sociologia ou mesmo em Sociologia do Desenvolvimento, p. exemplo. E em Sociologia, embora se preferise Max Weber e as teorias da Estratificação Social, também se falava da teoria marxista das classes sociais.
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Uma vez o Director do ISESE, Pe. Craveiro da Silva, s.j. quando eu estava afixando notícias no placard da AE, pôs-me a mão no ombro e disse: «Victor, acho bem que ponham essas notícias mas por uma questão de equilíbrio deviam pôr também as do outro lado» ao que lhe respondi que o outro lado tinha tudo: a imprensa, a rádio, a televisão e nós só tínhamos aquele placard, pelo que o outro lado de nós não precisava. O Director não insistiu. Também era opinião dele que do Movimento Associativo Estudantil haviam de sair quadros úteis à sociedade. A maioria de nós fazia parte do que chamo o “grupo do Arcada”. Claro que também dávamos nas vistas com as nossas intervenções nas sessões culturais e creio que nunca fomos incomodados pela PIDE ou a ela chamados porque os jesuítas quereriam que a sua escola fosse um «oásis» e nesse sentido manobrariam talvez os cordelinhos. No tempo do fascismo e de Salazar Sociologia era uma área de conhecimento considerada subversiva e o curso de Sociologia era oficialmente denominado de Ciências Sociais.
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Note-se que desde sempre o dia 1ª de Maio era dia de feriado, pois era o dia de São José Operário, patrono do Instituto ! Por outro lado e desde o princípio a Direcção do ISESE apoiou o funcionamento da Associação dos Estudantes, se é que não incentivou a sua formação. Os primeiros Presidentes da respectiva Direcção foram os actuais Drs. Henrique Granadeiro e João Lucas, a quem em 1969 sucedeu uma outra e nova geração.
De qualquer modo a nossa Associação de Estudantes era vista um pouco de lado pelas das outras três Academias. Quando se deu o 25 de Abril andávamos em reuniões conspiratórias para retomar o «controle» da AE, nas traseiras dum café ao pé da Praça de Touros. A maioria dos estudantes proclamou a sua adesão ao 25 de Abril e aos princípios do MFA (Democratização, Descolonização, Desenvolvimento) mas muitos dos que entraram em 1972/73 e 1973/74 revelaram-se, depois do 25 de Abril, mais ou menos profundamente anti-comunistas. A maior parte do grupo inicial do Arcada já terminara o curso, e este renovara-se em grande parte com novos estudantes, embora a maioria pertencesse ao grupo do (café) Portugal. Uma vez mais consegui conciliar todas as tendências, neste caso no sentido da unificação na luta da maioria dos estudantes e da integração no Movimento Associativo Estudantil e do reconhecimento da nossa luta pelos partidos políticos democráticos.
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E foi assim que fui nomeado uma espécie de embaixador com êxito, porquanto ao que me lembro o PCP, o PS, o PPD, o MDP, o MES e o PRP-BR manifestaram o seu apoio à nossa luta e o MAE aceitou a nossa integração.
.Perguntarão porquê este arrazoado? Bem, ele veio da leitura do último livro da Zita Seabra, que li sem tomar notas à margem. Só falei uma vez com a Zita, na António Serpa, para expor as razões da nossa luta e solicitar o apoio do PCP. Nunca me lembro de ver a Zita nos inúmeros plenários e RIA´s (Reuniões Inter Associações de Estudantes) e no seu livro nem sequer fala nas tentativas de Fundação da pro-UNEP (União Nacional dos Estudantes Portugueses). De quem me lembro a dar a cara é da Sita Vales e de outros cujos nomes já se me varreram.
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Se é verdade que a primeira parte do livro parece o romance duma menina rebelde que mergulhou na clandestinidade sem saber muito bem ao que ia, com uma ou outra alfinetada pelo meio, a parte final é efectivamente um ajuste de contas. Impressiona-me que fale sempre no «Eu» fiz, «Eu» decidi, «Eu» mandei, Cunhal tinha inveja de mim (que ego tão auto-insuflado!) tal como Otelo ou Mário Soares, este “reescrevendo a história como se fosse uma pitonisa, na alentada entrevista em 3 volumes feita por Maria João Avilez.
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Não sei se Estaline mandou assassinar tantos milhões de que é acusado e porquê. Mas esses incomodam Zita, que adere impávido e serena aos que vivendo das migalhas dos ricos (nem Mário Soares, apesar das louvaminhas, lhe deitou a mão) não se preocupam com os milhões de mortos e os genocícidios cometidos pela Igreja Católica ou pelos capitalistas. Nos massacres das revoltas camponesas, no massacre dos que fizeram a efémera Comuna de Paris ou ordenados pelo Czar de Todas as Rússias, quando os manifestantes, humilde e pacificamente, lhe pediam pão e trabalho.
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Em África foi uma razia para arranjar escravos, «coisas» sem direitos como os trabalhadores assalariados para as fábricas. «escravos» para as explorações agrícolas nas Américas, incluindo os EUA, a pretensa Pátria da Liberdade, da Democracia, dos Direitos Humanos e da Igualdade, ou da sobe-exploração de homens, mulheres e crianças nas fábricas.
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Zita não se preocupa com o derrube de governos progressistas em todo o mundo, graças às manobras sombrias dos Estados Unidos e Companhia. Zita não se preocupa com o extermínio de africanos nem com o genocídio dos índios, especialmente nos EUA, nem dos aborígenes australianos, pelo Reino Unido, ou dos habitantes da Ilha de Páscoa. Zita, na Versalhes, de sapatos vermelhos, não se preocupa com a fome e a doença endémicas nos países chamados sub-desenvolvidos, cujas economias foram destruídas pelos ávidos capitalistas, amarrados a uma dívida externa imparável. Zita não chora os milhões de mortos pelos Nazis ou de alemães pelos Aliados em Dresden, ou Japoneses em Hiroshima e Nagasaqui. Zita não se preocupa que os EUA tenham sido o único país que lançou as duas únicas bombas atómicas, para amedrontar a URSS e fazer «experiências» humanas, tal como os nazis. Zita “esquece” que a URSS e os restantes países socialistas tiveram de levantar-se dos escombros da horda nazi sem a ajuda de qualquer Plano Marshall. Zita “esquece” que uma parte dos recursos do bloco socialista foi absorvido pela corrida aos armamentos para evitar a supremacia dos EUA.
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Zita não diz que os países capitalistas estavam à espera que os nazis derrotassem a URSS para se expandirem, como agora sucedeu após a queda do Muro de Berlim. Zita nada diz dos vergonhosos muros erguidos por Israel, potência nuclear, que não acata as decisões da ONU sem sofrer qualquer embargo dos EUA ou da UE. Como também nada diz do vergonhoso muro que os EUA estão construindo na fronteira com o México, assassinando os mexicanos que atravessam a fronteira clandestinamente em busca de trabalho miseravelmente pago. Zita nada diz sobre as orelhas moucas dos Aliados aos apelos da URSS para abrirem uma frente Ocidental, para descomprimirem o ataque nazi a Leste. Tiraram a cera, sim, mas só quando viram que o exército vermelho avançava com tal determinação que provavelmente só pararia nas praias portuguesas. Nem uma palavra sobre os argelinos massacrados pelos colonos e pelas forças armadas francesas, aliás como sucedeu nas colónias portuguesas ou nas inglesas.
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Zita nada diz sobre as «purgas» feitas na América Latina na sequência de golpes fascistas apoiados pelos EUA e outros países capitalistas, nem com os falsos argumentos para invadirem o Afeganistão (onde pára Bin Laden, se é que existe ou não está a jogar ao pokercom Bush?), depois o Iraque e agora o Irão?
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Zita nada diz sobre as «purgas» feitas por Mário Soares no PS ou Sá Carneiro no PSD. Zita nada diz sobre o facto de em 1974 Spínola e Sá Carneiro pretenderem manter em funções a polícia política, a proibição de partidos políticos e a continuação dos presos comunistas ou maoístas ou a «clandestinalização» da actividade do PCP.
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Zita agora vive bem, com os seus sapatos vermelhos, frequentando locais de luxo e dedicando-se aos seus rebentos. Em Portugal, como nos países capitalistas, não há bichas porque não há dinheiro e a alternativa é roubar, morrer de fome, emigrar, trabalhar para assegurar dia a dia o pão nosso de cada dia ou acumular empregos precários. Ah! ou meter-se na droga ou na prostituição !
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Zita, poderia ter saído do PCP em rota de colisão por discordar da estratégia e da táctica do Partido onde tinha altas responsabilidades e dever de solidariedade na tomada e concretização das decisões. Mas não, Zita, quadro de confiança do PCP, mais ortodoxa que Cunhal, borrou-se inevitavelmente nos capítulos finais do seu «livro». Zita poderia ter saído do PCP por amor aos famélicos, aos explorados, aos alienados na sua consciência de classe, aos deserdados da sorte. Mas Zita saiu no fundo porque se cansou de ser aquilo que se considerava: agora, pode ter mulheres-a-dias e amas. Que ordenado lhes paga, que regalias e direitos lhes reconhece? Zita divorciou-se da enorme quantidade de mulheres-a-dias que todos os dias surgem, divorciou-se da solidariedade para com as mulheres sem direitos ou que são obrigadas a entrarem nos circuitos da prostituição.
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Zita não saíu só do PCP. Zita não compreendeu a hipotética «desilusão» de Cunhal pela traição de alguém que era tão importante na estrutura do PCP que até tinha o Gabinete no mesmo andar do Secretário-Geral. Zita traiu o PCP, desiludiu quantos nela confiaram. Quando alguma das suas grandes amigas e confidentes a trai, que faz Zita? Se alguma mulher-a-dias a roubar naquilo que materialmente lhe é valioso, que faz Zita? Que fez Zita afinal sair do PCP? Que faz Zita ao desvendar pretensos «segredos», sem falar nos partidos à «esquerda», sem implantação nas massas mas «acarinhados» e «visíveis» em determinados momentos, por tolerância» do grande capital, que controla os meios de comunicação? De que tem medo Zita, 20 anos depois, quando a direita avança em grandes passadas pela batuta de Sócrates, mais «eficiente» que o PSD?
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Zita, qual filha pródiga, regressou ao seio da burguesia, seio que nunca esqueceu e onde encontrou a compreensão da família e dos amigos, «magoada» pela incompreensão dos antigos «camaradas».
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Zita ficou impressionada com a (falta) de qualidade das habitações que viu após o colapso do Socialismo. Zita nunca terá visto os bairros de lata, os bidonvilles, as favelas, os musseques ou os contentores ou roulotes ou os «sem-abrigo» que existem miseravelmente mas com «liberdade» em toda a «democrática» sociedade capitalista, a do pensamento único, com o imperialismo travestido de globalização e a economia capitalista como «economia» de mercado, que é muitíssimo anterior ao desenvolvimento capitalista.
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Zita não «vê» que as «companheiras» das casas do Partido não eram simples mulheres-a-dias [que horror «madame» Zita ser mulher-a-dias), mas responsáveis pela segurança das casas e dos camaradas, todos na clandestinidade. Zita não sabe das elevadas taxas de analfabetismo entre homens e sobretudo entre as mulheres, que deste modo não podiam ler nem imprimir ou distribuir os documentos de Partido. Mas Zita, uma privilegiada, com estudos, podia fazê-lo. Não era pois uma simples «mulher-a-dias»
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Zita escamoteia que naquele tempo e ainda hoje persiste a mentalidade machista e que a Revolução se faz com os homens e mulheres com as virtudes e defeitos do tempo e do lugar em que estão. Ao entrarem para o PCP, os/as comunistas não eram nem são ungidos pelo sacramento do baptismo, limpando-se do pecado original de quererem pensar por si, o que talvez explique muita miséria e mortandade desde os primórdios do(s) cristianismo(s). E difícil seria, naquele tempo, às mulheres andarem por aqui e por ali a «conspirar», numa sociedade em que o lugar da mulher era em casa e o trabalho era quase exclusivamente reservado aos homens!
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Em Évora, eram consideradas «putas» as poucas raparigas que iam ao café connosco ou as mulheres alemãs dos dirigentes da Siemens. Mulher ou rapariga sérias não iam ao café ou andavam sozinhas, quer de noite, quer de dia.
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Quando Zita numa passagem do seu livro relata a brutal actuação da Polícia num país do outro lado da «cortina de ferro», «típica desses países», como afirma, onde estava, dirigente da UEC (União dos Estudantes Comunistas), quando a polícia carregava sobre os estudantes ou sobre os trabalhadores grevistas em Portugal? Onde está Zita quando a TV passa os brutais ataques da polícia sobre manifestantes nos «democráticos» países capitalistas ou a eles agora «convertidos» com a ajuda da mãozinha de João Paulo II? Tolda-se-lhe a vista cansada de escrever e de ler as mortalhas ou aproveita para ir à cozinha beber um copo de água?
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Tal como dizia Alçada Baptista na sua «Peregrinação Interior», eu não sei se os jesuítas são bons ou maus educadores, mas lá que são educadores, são. Com eles aprendi que para sermos eficazes temos de «encontrar» os líderes duma comunidade, lideres muitas vezes informais, e só depois podemos transformá-la. E que devemos estudar o pensamento e modo de agir dos adversários, para melhor podermos combatê-los ou neutralizá-los.
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E depois o retrato «sinistro» que apresenta de Álvaro Cunhal e a insinuação de cobardia da Direcção do PCP no exterior! Basta ter estado em comícios ou encontros do PCP ou assistir às «reportagens» na TV para ver como ele era acarinhado pelas populações, como lhes correspondia com humanidade, com fraternidade e simpatia, não isentos de humor! E que dizer do acompanhamento gigantesco dos que lhe quiseram prestar uma última homenagem comparecendo ao seu funeral. Eram todos militantes e simpatizantes do PCP?
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Eu não engoli qualquer sapo ou precisei de tapar o retrato de Mário Soares no boletim de voto. Eu votei Soares contra Freitas do Amaral. Por isso comprei e li o «Foi assim», na perspectiva de alguém, Zita, que voltou ao calor do seio materno, abandonando os deserdados da sorte, que agora são esmifrados em todo o mundo por uma minoria com quem Zita no fundo nunca terá deixado de estar. Como dizia o poeta «Ah, esta vã glória de mandar»!
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Se Zita visitar a capela dos ossos na Igreja de S. Francisco, em Évora, poderá ler «Nós que aqui estamos pelos vossos esperamos»..
De qualquer modo a nossa Associação de Estudantes era vista um pouco de lado pelas das outras três Academias. Quando se deu o 25 de Abril andávamos em reuniões conspiratórias para retomar o «controle» da AE, nas traseiras dum café ao pé da Praça de Touros. A maioria dos estudantes proclamou a sua adesão ao 25 de Abril e aos princípios do MFA (Democratização, Descolonização, Desenvolvimento) mas muitos dos que entraram em 1972/73 e 1973/74 revelaram-se, depois do 25 de Abril, mais ou menos profundamente anti-comunistas. A maior parte do grupo inicial do Arcada já terminara o curso, e este renovara-se em grande parte com novos estudantes, embora a maioria pertencesse ao grupo do (café) Portugal. Uma vez mais consegui conciliar todas as tendências, neste caso no sentido da unificação na luta da maioria dos estudantes e da integração no Movimento Associativo Estudantil e do reconhecimento da nossa luta pelos partidos políticos democráticos.
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E foi assim que fui nomeado uma espécie de embaixador com êxito, porquanto ao que me lembro o PCP, o PS, o PPD, o MDP, o MES e o PRP-BR manifestaram o seu apoio à nossa luta e o MAE aceitou a nossa integração.
.Perguntarão porquê este arrazoado? Bem, ele veio da leitura do último livro da Zita Seabra, que li sem tomar notas à margem. Só falei uma vez com a Zita, na António Serpa, para expor as razões da nossa luta e solicitar o apoio do PCP. Nunca me lembro de ver a Zita nos inúmeros plenários e RIA´s (Reuniões Inter Associações de Estudantes) e no seu livro nem sequer fala nas tentativas de Fundação da pro-UNEP (União Nacional dos Estudantes Portugueses). De quem me lembro a dar a cara é da Sita Vales e de outros cujos nomes já se me varreram.
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Se é verdade que a primeira parte do livro parece o romance duma menina rebelde que mergulhou na clandestinidade sem saber muito bem ao que ia, com uma ou outra alfinetada pelo meio, a parte final é efectivamente um ajuste de contas. Impressiona-me que fale sempre no «Eu» fiz, «Eu» decidi, «Eu» mandei, Cunhal tinha inveja de mim (que ego tão auto-insuflado!) tal como Otelo ou Mário Soares, este “reescrevendo a história como se fosse uma pitonisa, na alentada entrevista em 3 volumes feita por Maria João Avilez.
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Não sei se Estaline mandou assassinar tantos milhões de que é acusado e porquê. Mas esses incomodam Zita, que adere impávido e serena aos que vivendo das migalhas dos ricos (nem Mário Soares, apesar das louvaminhas, lhe deitou a mão) não se preocupam com os milhões de mortos e os genocícidios cometidos pela Igreja Católica ou pelos capitalistas. Nos massacres das revoltas camponesas, no massacre dos que fizeram a efémera Comuna de Paris ou ordenados pelo Czar de Todas as Rússias, quando os manifestantes, humilde e pacificamente, lhe pediam pão e trabalho.
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Em África foi uma razia para arranjar escravos, «coisas» sem direitos como os trabalhadores assalariados para as fábricas. «escravos» para as explorações agrícolas nas Américas, incluindo os EUA, a pretensa Pátria da Liberdade, da Democracia, dos Direitos Humanos e da Igualdade, ou da sobe-exploração de homens, mulheres e crianças nas fábricas.
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Zita não se preocupa com o derrube de governos progressistas em todo o mundo, graças às manobras sombrias dos Estados Unidos e Companhia. Zita não se preocupa com o extermínio de africanos nem com o genocídio dos índios, especialmente nos EUA, nem dos aborígenes australianos, pelo Reino Unido, ou dos habitantes da Ilha de Páscoa. Zita, na Versalhes, de sapatos vermelhos, não se preocupa com a fome e a doença endémicas nos países chamados sub-desenvolvidos, cujas economias foram destruídas pelos ávidos capitalistas, amarrados a uma dívida externa imparável. Zita não chora os milhões de mortos pelos Nazis ou de alemães pelos Aliados em Dresden, ou Japoneses em Hiroshima e Nagasaqui. Zita não se preocupa que os EUA tenham sido o único país que lançou as duas únicas bombas atómicas, para amedrontar a URSS e fazer «experiências» humanas, tal como os nazis. Zita “esquece” que a URSS e os restantes países socialistas tiveram de levantar-se dos escombros da horda nazi sem a ajuda de qualquer Plano Marshall. Zita “esquece” que uma parte dos recursos do bloco socialista foi absorvido pela corrida aos armamentos para evitar a supremacia dos EUA.
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Zita não diz que os países capitalistas estavam à espera que os nazis derrotassem a URSS para se expandirem, como agora sucedeu após a queda do Muro de Berlim. Zita nada diz dos vergonhosos muros erguidos por Israel, potência nuclear, que não acata as decisões da ONU sem sofrer qualquer embargo dos EUA ou da UE. Como também nada diz do vergonhoso muro que os EUA estão construindo na fronteira com o México, assassinando os mexicanos que atravessam a fronteira clandestinamente em busca de trabalho miseravelmente pago. Zita nada diz sobre as orelhas moucas dos Aliados aos apelos da URSS para abrirem uma frente Ocidental, para descomprimirem o ataque nazi a Leste. Tiraram a cera, sim, mas só quando viram que o exército vermelho avançava com tal determinação que provavelmente só pararia nas praias portuguesas. Nem uma palavra sobre os argelinos massacrados pelos colonos e pelas forças armadas francesas, aliás como sucedeu nas colónias portuguesas ou nas inglesas.
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Zita nada diz sobre as «purgas» feitas na América Latina na sequência de golpes fascistas apoiados pelos EUA e outros países capitalistas, nem com os falsos argumentos para invadirem o Afeganistão (onde pára Bin Laden, se é que existe ou não está a jogar ao pokercom Bush?), depois o Iraque e agora o Irão?
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Zita nada diz sobre as «purgas» feitas por Mário Soares no PS ou Sá Carneiro no PSD. Zita nada diz sobre o facto de em 1974 Spínola e Sá Carneiro pretenderem manter em funções a polícia política, a proibição de partidos políticos e a continuação dos presos comunistas ou maoístas ou a «clandestinalização» da actividade do PCP.
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Zita agora vive bem, com os seus sapatos vermelhos, frequentando locais de luxo e dedicando-se aos seus rebentos. Em Portugal, como nos países capitalistas, não há bichas porque não há dinheiro e a alternativa é roubar, morrer de fome, emigrar, trabalhar para assegurar dia a dia o pão nosso de cada dia ou acumular empregos precários. Ah! ou meter-se na droga ou na prostituição !
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Zita, poderia ter saído do PCP em rota de colisão por discordar da estratégia e da táctica do Partido onde tinha altas responsabilidades e dever de solidariedade na tomada e concretização das decisões. Mas não, Zita, quadro de confiança do PCP, mais ortodoxa que Cunhal, borrou-se inevitavelmente nos capítulos finais do seu «livro». Zita poderia ter saído do PCP por amor aos famélicos, aos explorados, aos alienados na sua consciência de classe, aos deserdados da sorte. Mas Zita saiu no fundo porque se cansou de ser aquilo que se considerava: agora, pode ter mulheres-a-dias e amas. Que ordenado lhes paga, que regalias e direitos lhes reconhece? Zita divorciou-se da enorme quantidade de mulheres-a-dias que todos os dias surgem, divorciou-se da solidariedade para com as mulheres sem direitos ou que são obrigadas a entrarem nos circuitos da prostituição.
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Zita não saíu só do PCP. Zita não compreendeu a hipotética «desilusão» de Cunhal pela traição de alguém que era tão importante na estrutura do PCP que até tinha o Gabinete no mesmo andar do Secretário-Geral. Zita traiu o PCP, desiludiu quantos nela confiaram. Quando alguma das suas grandes amigas e confidentes a trai, que faz Zita? Se alguma mulher-a-dias a roubar naquilo que materialmente lhe é valioso, que faz Zita? Que fez Zita afinal sair do PCP? Que faz Zita ao desvendar pretensos «segredos», sem falar nos partidos à «esquerda», sem implantação nas massas mas «acarinhados» e «visíveis» em determinados momentos, por tolerância» do grande capital, que controla os meios de comunicação? De que tem medo Zita, 20 anos depois, quando a direita avança em grandes passadas pela batuta de Sócrates, mais «eficiente» que o PSD?
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Zita, qual filha pródiga, regressou ao seio da burguesia, seio que nunca esqueceu e onde encontrou a compreensão da família e dos amigos, «magoada» pela incompreensão dos antigos «camaradas».
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Zita ficou impressionada com a (falta) de qualidade das habitações que viu após o colapso do Socialismo. Zita nunca terá visto os bairros de lata, os bidonvilles, as favelas, os musseques ou os contentores ou roulotes ou os «sem-abrigo» que existem miseravelmente mas com «liberdade» em toda a «democrática» sociedade capitalista, a do pensamento único, com o imperialismo travestido de globalização e a economia capitalista como «economia» de mercado, que é muitíssimo anterior ao desenvolvimento capitalista.
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Zita não «vê» que as «companheiras» das casas do Partido não eram simples mulheres-a-dias [que horror «madame» Zita ser mulher-a-dias), mas responsáveis pela segurança das casas e dos camaradas, todos na clandestinidade. Zita não sabe das elevadas taxas de analfabetismo entre homens e sobretudo entre as mulheres, que deste modo não podiam ler nem imprimir ou distribuir os documentos de Partido. Mas Zita, uma privilegiada, com estudos, podia fazê-lo. Não era pois uma simples «mulher-a-dias»
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Zita escamoteia que naquele tempo e ainda hoje persiste a mentalidade machista e que a Revolução se faz com os homens e mulheres com as virtudes e defeitos do tempo e do lugar em que estão. Ao entrarem para o PCP, os/as comunistas não eram nem são ungidos pelo sacramento do baptismo, limpando-se do pecado original de quererem pensar por si, o que talvez explique muita miséria e mortandade desde os primórdios do(s) cristianismo(s). E difícil seria, naquele tempo, às mulheres andarem por aqui e por ali a «conspirar», numa sociedade em que o lugar da mulher era em casa e o trabalho era quase exclusivamente reservado aos homens!
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Em Évora, eram consideradas «putas» as poucas raparigas que iam ao café connosco ou as mulheres alemãs dos dirigentes da Siemens. Mulher ou rapariga sérias não iam ao café ou andavam sozinhas, quer de noite, quer de dia.
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Quando Zita numa passagem do seu livro relata a brutal actuação da Polícia num país do outro lado da «cortina de ferro», «típica desses países», como afirma, onde estava, dirigente da UEC (União dos Estudantes Comunistas), quando a polícia carregava sobre os estudantes ou sobre os trabalhadores grevistas em Portugal? Onde está Zita quando a TV passa os brutais ataques da polícia sobre manifestantes nos «democráticos» países capitalistas ou a eles agora «convertidos» com a ajuda da mãozinha de João Paulo II? Tolda-se-lhe a vista cansada de escrever e de ler as mortalhas ou aproveita para ir à cozinha beber um copo de água?
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Tal como dizia Alçada Baptista na sua «Peregrinação Interior», eu não sei se os jesuítas são bons ou maus educadores, mas lá que são educadores, são. Com eles aprendi que para sermos eficazes temos de «encontrar» os líderes duma comunidade, lideres muitas vezes informais, e só depois podemos transformá-la. E que devemos estudar o pensamento e modo de agir dos adversários, para melhor podermos combatê-los ou neutralizá-los.
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E depois o retrato «sinistro» que apresenta de Álvaro Cunhal e a insinuação de cobardia da Direcção do PCP no exterior! Basta ter estado em comícios ou encontros do PCP ou assistir às «reportagens» na TV para ver como ele era acarinhado pelas populações, como lhes correspondia com humanidade, com fraternidade e simpatia, não isentos de humor! E que dizer do acompanhamento gigantesco dos que lhe quiseram prestar uma última homenagem comparecendo ao seu funeral. Eram todos militantes e simpatizantes do PCP?
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Eu não engoli qualquer sapo ou precisei de tapar o retrato de Mário Soares no boletim de voto. Eu votei Soares contra Freitas do Amaral. Por isso comprei e li o «Foi assim», na perspectiva de alguém, Zita, que voltou ao calor do seio materno, abandonando os deserdados da sorte, que agora são esmifrados em todo o mundo por uma minoria com quem Zita no fundo nunca terá deixado de estar. Como dizia o poeta «Ah, esta vã glória de mandar»!
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Se Zita visitar a capela dos ossos na Igreja de S. Francisco, em Évora, poderá ler «Nós que aqui estamos pelos vossos esperamos»..
ÉVORA - RESIDÊNCIA DO ESPÍRITO SANTO
.Passados dois séculos após a expulsão, em 1960, os jesuítas voltaram à cidade de de Évora e, de novo, são chamados a desempenhar um papel no ensino .
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É criado o Instituto Superior Económico e Social de Évora (ISESE) que durante dez anos funciona em pleno.
É criado o Instituto Superior Económico e Social de Évora (ISESE) que durante dez anos funciona em pleno.
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As vicissitudes da Revolução de Abril de 1974, levaram que fosse suspensa a leccionação do ISESE, tendo continuado em actividade a biblioteca especializada em Economia e Sociologia e o Gabinete de Investigação e Acção Social (GIAS) orientado sobretudo à publicação da revista semestral "Economia e Sociologia".
As vicissitudes da Revolução de Abril de 1974, levaram que fosse suspensa a leccionação do ISESE, tendo continuado em actividade a biblioteca especializada em Economia e Sociologia e o Gabinete de Investigação e Acção Social (GIAS) orientado sobretudo à publicação da revista semestral "Economia e Sociologia".
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Para além do trabalho realizado nestas instituições os jesuítas dedicam-se ao ensino na Universidade de Évora e no Instituto Superior de Teologia e a trabalhos pastorais na ajuda aos párocos, nos Exercícios Espirituais, no acompanhamento pessoal e na assistência a grupos.»
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(1) - Textos retirados de NOTA a um post de Rui Bebiano - Sapatos Vermelhos, que pode ler seguindo a hiperligação anterior
(1) - Textos retirados de NOTA a um post de Rui Bebiano - Sapatos Vermelhos, que pode ler seguindo a hiperligação anterior
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«Como é sabido, mas por vezes esquecido, a Sociologia como Curso, nasceu em Évora, por iniciativa de um grupo de “jesuítas estrangeirados”, em 1964/1965 em parceria com a Fundação Eugénio de Almeida (Conde Vill’Alva). Perturbações induzidas, de fora, pela Revolução de 1974, levaram os jesuítas a suspender “sine die”, as actividades lectivas. O Governo de então (Decreto – Lei, 513/75) assumiu o encargo de dar continuidade aos estudos de Sociologia e Economia, cuja execução cometeu à Universidade de Évora.
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“No ano lectivo de 1976/1977 entrou em funcionamento, no Instituto Universitário de Évora, um Bacharelato em Ciências Sociais, com opções em Economia e Sociologia que de algum modo recolhiam os frutos do pioneiros e da experiência que ao tempo (1964), tinham constituído em Évora as Licenciaturas do Instituto Superior Económico e Social de Évora (ISESE). Mais concretamente, as licenciaturas em Sociologia (Ciências Sociais) e Economia (Direcção de Administração de Empresas).” (Relatório de Auto – Avaliação da Licenciatura em Sociologia, 1998, 13)
.in Companhia de Jesus,s.j.
.Nota
.Esta afirmação «Perturbações induzidas, de fora, pela Revolução de 1974, levaram os jesuítas a suspender “sine die”, as actividades lectivas» é uma rotunda MENTIRA ou um lavar de mãos sacudindo a água do seu capote e os jesuítas sabem-no ou tinham obrigação de sabê-lo perfeitamente. E eu e muitos outros sabemos que eles sabiam que nós sabemos que é MENTIRA o que persistem em repetir. No dia 25 de Dezembro de 1974 não havia qualquer estudante que assegurasse, ao menos simbólicamente, a ocupação do ISESE. Podiam nesse dia ter calmamente entrado no antigo Palácio da Inquisição e retomado a Direcção do ISESE.
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Em todo o processo que levou à ocupação do ISESE pelos estudantes nele inscritos, a Direcção ou o Director do ISESE, Pe. António da Silva sj, foram. propositamente ou por incompetência política, um fracasso, com ou sem aspas. O Pe. António da Silva, independentemente dos seus conhecimentos e competências profissional e científica como antropólogo, em tempo de crise revelou-se como um homem autoritário e em nada diplomata, politicamente reaccionário e em nada politicamente inteligente e dialogante como o seu antecessor, o Pe. Lúcio Craveiro da Silva, sj. E quando a Companhia resolveu substituir aquele pelo Pe. Vaz Pato, sj, que os estudantes respeitavam, as posições estavam já tão extremadas que a partir de Junho de 1974, devido ao autoritarismo e autismo do Director do ISESE não havia já pontes para um entendimento ou diálogo entre as duas partes numa altura em que a reivindicação principal, de acordo com a Proclamação de 3 de Maio, não era o encerramento do ISESE mas sim que ele tivesse uma gestão democrática e participada. Nãoo conheço qualquer documento dos estudantes que exigisse a expulsão da Companhia de Jesus.
O Director do ISESE logo a 26 de Abril inquinou tudo ao exigir que aos estudantes que indicassem nomes para nomear uma Comissão Administrativa da sua inteira confiança, nomes que se reservava o direito de vetar, e ao proibir que os estudantes realizassem nesse mesmo dia e nos subsequentes plenários nas instalações do ISESE, forçando a que se realizassem nas instalações acessíveis, as do Movimento Democrático de Évora. Como político e actor interveniente o então Director do ISESE falhou rotundamente e ao querer talvez proteger a obra da Companhia deitou tudo a perder para ela Ao ver a diabólica mão de Moscovo em toda a parte, omnipresente, o então Director do ISESE mostrou evidentemente que nada percebia do que se estava a passar, estava a leste do sofrimento de largas camadas da população durante o fascismo e nem soube aplicar o que nas aulas era ensinado: que para salvaguardar a «OBRA» às vezes é preciso que alguma coisa mude para que o essencial se mantenha
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A VERDADE, na minha opinião, é que corria o ano de 1974 e os jesuítas e a Fundação Eugénio de Almeida ter-se-iam convencido que teriam de abdicar do seu sonho de ressuscitar a sua Universidade de Évora e deixaram cair o ISESE porque não queriam uma gestão participada e democrática, nem admitiam perder o controle do poder férreo sobra a vida, orientação e destinos do ISESE, cujo objectivo de facto era «educar e formar» as elites e os quadros superiores dirigentes de empresas capitalistas «humanizadas» ou de sectores-chave da Administração Pública. O 25 de Abril estragou-lhes o sonho pois não terão previsto o 25 de Novembro de 1975, mas a Universidade estatal de Évora acabou por acolher em si os jesuítas
.Porque será que a Universidade de Évora, o ISCTE e em certa medida os jesuítas nunca falam do ISESE, que foi o embrião da criação, daquela salvo num livro por eles escrito e publicado, com a versão “militar” dum ataque escalonado de forças “diabólicas”, que apenas existiam na cabeça do então director, a sua versão dos factos e dos acontecimentos, sem contraditório? Porque será que parece nada ter havido entre a expulsão dos Jesuítas pelo Marquês de Pombal, com o consequente encerramento daquela Universidade, de que eram os mentores da classe dirigente que então se opunha ao desenvolvimento do incipiente industrialismo que o Marquês tentou desenvolver, de que dois exemplos são a abolição da escravatura em Portugal e o fim da distinção entre cristãos velhos e cristãos novos? Incipiente industrialização «abortada» após a morte de D. José I e o desterro e humilhação do Marquês de Pombal, e a reabilitação da nobreza parasitária, feitas por D. Maria I?
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A VERDADE, na minha opinião, é que corria o ano de 1974 e os jesuítas e a Fundação Eugénio de Almeida ter-se-iam convencido que teriam de abdicar do seu sonho de ressuscitar a sua Universidade de Évora e deixaram cair o ISESE porque não queriam uma gestão participada e democrática, nem admitiam perder o controle do poder férreo sobra a vida, orientação e destinos do ISESE, cujo objectivo de facto era «educar e formar» as elites e os quadros superiores dirigentes de empresas capitalistas «humanizadas» ou de sectores-chave da Administração Pública. O 25 de Abril estragou-lhes o sonho pois não terão previsto o 25 de Novembro de 1975, mas a Universidade estatal de Évora acabou por acolher em si os jesuítas
.Porque será que a Universidade de Évora, o ISCTE e em certa medida os jesuítas nunca falam do ISESE, que foi o embrião da criação, daquela salvo num livro por eles escrito e publicado, com a versão “militar” dum ataque escalonado de forças “diabólicas”, que apenas existiam na cabeça do então director, a sua versão dos factos e dos acontecimentos, sem contraditório? Porque será que parece nada ter havido entre a expulsão dos Jesuítas pelo Marquês de Pombal, com o consequente encerramento daquela Universidade, de que eram os mentores da classe dirigente que então se opunha ao desenvolvimento do incipiente industrialismo que o Marquês tentou desenvolver, de que dois exemplos são a abolição da escravatura em Portugal e o fim da distinção entre cristãos velhos e cristãos novos? Incipiente industrialização «abortada» após a morte de D. José I e o desterro e humilhação do Marquês de Pombal, e a reabilitação da nobreza parasitária, feitas por D. Maria I?
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.Se algum dos dirigentes da Associação de Estudantes ou seus líderes perfeitamente identificados em évoraburgomedieval, eleitos, respeitados e reconhecidos pela esmagadora maioria dos estudantes, estivesse filiado em qualquer organização partidária, incluindo o PCP, ou dela recebessem instruções, esse facto teria sido natural e diligentemente comunicado pela PIDE/DGS à Direcção do ISESE, que no entanto teria conhecimento da participação de estudantes e professores (leigos) do ISESE nas reuniões do núcleo da SEDES em Évora [1].
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Eu próprio, a uma segunda-feira, no «velho tempo», fui informado por um dos meus ricos colegas dos «meninos queques», que nesse fim-de-semana fora à António Maria Cardoso informar que eu era um perigoso agitador comunista no ISESE, limitando-me eu a retorquir que lhe fizesse bom proveito o papel de bufo.
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.Se algum dos dirigentes da Associação de Estudantes ou seus líderes perfeitamente identificados em évoraburgomedieval, eleitos, respeitados e reconhecidos pela esmagadora maioria dos estudantes, estivesse filiado em qualquer organização partidária, incluindo o PCP, ou dela recebessem instruções, esse facto teria sido natural e diligentemente comunicado pela PIDE/DGS à Direcção do ISESE, que no entanto teria conhecimento da participação de estudantes e professores (leigos) do ISESE nas reuniões do núcleo da SEDES em Évora [1].
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Eu próprio, a uma segunda-feira, no «velho tempo», fui informado por um dos meus ricos colegas dos «meninos queques», que nesse fim-de-semana fora à António Maria Cardoso informar que eu era um perigoso agitador comunista no ISESE, limitando-me eu a retorquir que lhe fizesse bom proveito o papel de bufo.
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A Companhia de Jesus foi criada na sequência da Reforma e no âmbito da Contra-Reforma, tinha um carecter militar, dependia directamente do Papa e aos três votos tradicionais - pobreza, castidade e celibato - juntava um quarto - obediência inquestionável ao Papa e a Roma. Segundo a Wikipedia «Os Jesuítas pregaram a obediência total às escrituras e à doutrina da igreja, tendo Inácio de Loyola declarado:
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"Acredito que o branco que eu vejo é negro, se a hierarquia da igreja assim o tiver determinado"
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Em Portugal é crença habitual que a Companhia de Jesus foi responsável pelo Santo Ofício ou Inquisição. Na verdade foram por esta perseguidos, e este era orientado e da competência dos Dominicanos ou Padres Negros, para além dos Franciscanos Paradoxalmente foi no antigo Palácio da Inquisição que instalaram o ISESE e foi nas antigas celas dos torturados, agora imaculadamente brancas, que instalaram os livros da vasta biblioteca , que os estudantes podiam livremente consultar na ascética e gélida sala de de leitura da biblioteca - quando não por vezes requisitar para leitura domiciliária - , lendo, tomando notas ou copiando à mão as mais ou menos extensas passagens que interessavam, pois na altura não havia computadores pessoais e muito menos portáteis, nem internet e as fotocópias eram caríssimas e de fraca qualidade, esmaecendo-se rápidamente, não constituindo o actual comércio lucrativo. Restavam a pouca bibliografia em Português e as sebentas, estas mimeografadas. Como grande parte da bibliografia era em Português do Brasil ou em língua estrangeira, era vantajoso dominar pelo menos ao nível da compreensão da leitura, sobretudo o inglês e o francês, mas também o castelhano e o italiano.
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[1] - Essas reuniões eram relativamente participadas para reflectir e debater os documentos da SEDES, vista como uma criação da ala tecnocrática católica mercelista, embrião dum futuro partido socialista.
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Continuação de Retratos (26) - Um breve regresso a Económicas
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Continuação de Retratos (26) - Um breve regresso a Económicas
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Se quiser saber mais ver:.
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Dominicanos
Ordem dos Pregadores em Portugal. A presença dos Dominicanos em Portugal
Ordem dos Pregadores em Portugal. A presença dos Dominicanos em Portugal
Dominicanos presos pela ditadura assistem "Batismo de Sangue" no Brasil
Filme baseado em livro de Frei Betto retrata a luta dos frades dominicanos contra o regime militar
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Para além das acimas citadas, outras referências ao ISESE constam dos seguintes documentos:
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Para além das acimas citadas, outras referências ao ISESE constam dos seguintes documentos:
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