* Victor Nogueira
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A desgovernação para a maioria e um bom governo para uma minoria continuam. Os gestores de bancos, uns coitadinhos que roubam à grande e à francesa, queixam-se da crise da banca e apesar dos lucros crescente e anualmente fabulosos aconselham o congelamento de salários e mesmo a sua diminuição entre 5 a 10 %, enquanto o governo diminui nas prestações sociais "inventando" a prova de rendimentos via Internet e pretendendo vasculhar as contas dos "beneficiários", essa cambada de madraços que vivem à custa de todos nós.
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Este nós é uma noz dura de roer. Com efeito noticia a imprensa que a Águas de Portugal tem uma frota de 400 automóveis topo de gama para gestores e quadros intermédios, para uso pessoal e em serviço.. Só o Presidente da Administração em 2009 "beneficiou" duma viatura cujo aluguer ascendeu a 12 734 € acrescidos de 2 805 € de combustível ! Um dos vogais da empresa gastou pagos pela empresa 7 186 €. Nas empresas com participação do Estado os salários e despesas de representação dos capatazes, rectifico, das chefias de 1º e 2º nível oscilaram entre uns míseros 3 950 € e 8 224 €.
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Entretanto, os pobretanas do Conselho de Administração duma empresa participada pelo Estado foram forçados a declarar os rendimentos mas, a coberto a Lei, "exigiram" que não fossem publicitados, enquanto três deles se recusaram pura e simplesmente a declará-los, tal a miséria em que devem vegetar !
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A contribuição para a Segurança Social dos Trabalhadores da Administração Pública (vulgo ADSE) subiu para 3 %, o que permitirá ao Governo "encaixar" 600 milhões de € em 2011, acrescidos do fim dos medicamentos gratuitos para os idosos de fracos recursos e da crescente diminuição das comparticipações o Estado nos medicamentos e meios auxiliares de diagnóstico, que favorecem o sector privado quando se fossem prestados pelo Estado ficariam muito menos onerosos.
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Voltando à Inovação & Tecnologia no dia 30 termina o prazo para entrega via internet das declarações de rendimentos do agregado familiar alargado e dos montantes em contas bancárias. Estamos a falar de 1 milhão de "beneficiários", com a proliferação de "ajudantes" de vão de escada numa economia paralela elogiada pelo inefável ministro da Economia, que se gaba de ser engenheiro não diplomado ao domingo e transfuga do PCP. Inapelável e previsivelmente no dia 30 haverá "poupanças" forçadas" para umas largas centenas de milhares de cidadãos de segunda e uma "alegre" poupança para quem para eles não governa !
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No crivo para os "malandrins" a viverem à tripa forra entram os parentes em linha recta ou colateral até ao 3º grau e consideram-se os valores do trabalho dependente e independente, bolsas de estudo ou programas ocupacionais, pensões de alimentos ou subsídios de habitação. A isto acrescem as contas bancárias a prazo, as acções e certificados de aforro que não podem somar mais de 100 mil €. Ah! E também o valor patrimonial da habitação permanente.
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Escrevo isto, leio as declarações da Ministra do Trabalho e a indignação é uma bomba explosiva (1) ! Quem tal decide, quem tal recomenda, é um vil safardana ? E se é, porque não vão esses gestores de sucesso hábeis nas engenharias financeiras deles, dos amigalhaços e dos patrões viverem cheios de doenças com o salário mínimo nacional a carregarem baldes de cimento ou carregarem resmas de tijolos dez horas seguidas diárias ou para coveiros ou carregadores do lixo ? E saberem quanto custa estar nas filas de espera nos bancos de urgência, nos Centros de Saúde e aos balcões da Segurança Social ou nos cómodos transportes públicos colectivos privatizados no pára arranca?
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Com a esperteza saloia de transferirem para as autarquias a decisão de abrirem ou não as grandes superfícies aos domingos e feriados dá-se mais uma machadada no pequeno comércio com a consequente onda de despedimentos. Tudo isto para gáudio das grandes empresas de distribuição, seus accionistas e gestores: Sonae/Modelo/Continente (que absorveu o Carrefour), Jerónimo Martins/Feira Nova/Pingo Doce, Os Mosqueteiros/Intermarchée, Auchan/Jumbo e Lidl !
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Mas se não há trabalho nem dinheiro que chegue até ao fim do mês, que raio de sistema é o capitalista que até consegue encontrar carne no tutano dos ossos?
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Quando da "queda" do Muro de Berlim (2) e a "implosão" da URSS e dos países socialistas europeus foi um repicar de sinos e de hosanas. Era o fim do comunismo e das guerras, o início duma era de paz e prosperidade internacionais ! Foi ? Uma ova A miséria cresce, a desigualdade aumenta, as guerras continuam: o inimigo são o Islão, os ciganos e uma fantasmagórica Al-Qaeda !
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Mas agora anda tudo mudo e calado com o descalabro desse farol do Estado Social e do capitalismo de rosto humano e do "súcialismo" em Liberdade tão caro ao PS do Alegre Só-Ares em leporinos passos de dança escavacados ! Falo da Suécia, essa encantadora monarquia que o PSD re-tenta restaurar em Portugal com um Pio que quando abre a boca ou entra bigode ou sai asneira ! Pois o Partido Social Democrata Sueco que governa há décadas sofreu a pior derrota de toda a sua história e escancarou as Portas à direita e aos nazis agora travestidos de respeitabilidade, apontando os canhões aos imigrantes !
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Alegre e Nobre-mente o pagode irá votar para as presidenciais em candidatos sobejamente conhecidos, pois se dá na televisão é porque é verdade e bom, do melhor que há! Tal como no tempo do fascismo, só existe o que os jornais publicam e a censura deixa passar. Em todo o mundo dá-se o regresso ao passado em nome da modernidade e o que parece é ! Em números circenses e malabaristas, o século XXI transforma-se em ... XIX. Uma gralha ?
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Em tempo - Paulo Bento vai ganhar mensalmente uma miséria sem contar com os prémios: 50 mil euros mensais (desculpem o pleonasmo, mas a Selecção e o futebol merecem)
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(2) Há outros muros, mas desses não cuida a comunicação social: o embargo a Cuba como houve o embargo ao Iraque, o muro que separa os EUA do quintal mexicano das traseiras, o muro que separa os colonatos israelitas em território palestiniano retalhado, o muro de de Shengen ou o fosso cada vez mais abismal entre uma minoria de ricos e biliões com fome e sede de justiça.O número de pessoas vivendo na pobreza extrema cresceu em 36 milhões, de 1990 a 2005, e o número de pessoas com fome no mundo aumentou em 842 milhões, no período entre 1990 e 1992. Pelo menos dois milhões de pessoas sofrem de deficiências nutricionais.
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Segundo dados de 2005 mais de mil milhões de pessoas viviam ( será melhor dizer, sobreviviam) com um rendimento inferior a 1 dólar (= 76 cêntimos) por dia. Outros 2.700 milhões de pessoas no mundo viviam com menos de 2 dólares por dia. Mais de 1000 milhões de pessoas não dispunham de água potável. Mais de 840 milhões de pessoas eram vítimas de fome crónica. Estimava-se em 11 milhões o número de crianças que morriam anualmente com a idade inferior a 5 anos Eram 6 milhões de crianças que morriam anualmente por motivo de doenças evitáveis, como o paludismo e a pneumonia. Calculava-se que,no mundo inteiro, 114 milhões de crianças não frequentavam o ensino básico.
Estes são alguns dados que foram tornados públicos pelo Secretário-Geral das Nações Unidas por ocasião da apresentação do Relatório do (falhado) Projecto do Milénio da ONU. Segundo o mesmo Relatório mais de mil milhões de pessoas viviam em condições de extrema pobreza, podendo esta definir-se como «pobreza que mata», uma vez que priva as pessoas dos recursos essenciais para enfrentarem a fome, a doença e os riscos ambientais.
Estes são alguns dados que foram tornados públicos pelo Secretário-Geral das Nações Unidas por ocasião da apresentação do Relatório do (falhado) Projecto do Milénio da ONU. Segundo o mesmo Relatório mais de mil milhões de pessoas viviam em condições de extrema pobreza, podendo esta definir-se como «pobreza que mata», uma vez que priva as pessoas dos recursos essenciais para enfrentarem a fome, a doença e os riscos ambientais.
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Fontes - Jornais Correio da Manhã e Público e Blog Pimenta Negra
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«E eu pergunto aos economistas, políticos, aos moralistas, se já calcularam o número de indivíduos que é forçoso condenar à miséria, ao trabalho desproporcionado, à desmoralização, à infâmia, à ignorância crapulosa, à desgraça invencível, à penúria absoluta, para produzir um rico?»
Almeida Garret
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«E eu pergunto aos economistas, políticos, aos moralistas, se já calcularam o número de indivíduos que é forçoso condenar à miséria, ao trabalho desproporcionado, à desmoralização, à infâmia, à ignorância crapulosa, à desgraça invencível, à penúria absoluta, para produzir um rico?»
Almeida Garret
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