domingo, 28 de outubro de 2007

Retratos - (16) - A toca da Margarida

* Victor Nogueira
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Na sua aconchegadora toca
rodeada dos seus amores
a Guida
com Bach e Beethoven
com as "humanidades"
com a Poesia
(POE - 1971.07.24) (1)
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Enquanto o Carlos fazia os seus estudos de piano e o Camilo vasculhava a secção de poesia da Margarida, (2) eu peguei numa folha que estava na camilha (3) da toca da Guida e fui rabiscando, com a caneta do Chico Bellizi, um pintor brasileiro de que terás visto comigo uma exposição no Palácio D.Manuel. Quando a Guida chegou ficou muito preocupada, não fosse eu estragar a caneta ao "queridinho". Mas é muito fácil desenhar com uma caneta daquele género. Tem um traço muito fino e sensível, contrariamente, por exemplo, à Pelikan com que estou escrevendo. (MCG - 1972.11.07)
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1 - Do poema "á Guida sem amor hoje", escrito em 1971.07.24
2 - A Margarida tinha estudado em França e depois viera para o ISESE. Era muito mais velha que nós e na casa dos pais tinha um quarto com pé direito baixo e óculo para o passeio com arcadas, sala que era o cenáculo dos intelectuais lá do sítio, onde eu fazia por vezes papel de elefante numa loja de porcelana. Era uma espécie de mãe com os seus pintainhos. Disso dá conta um dos meus poemas: À Guida, sem amor, Hoje.
3 - Mesa redonda, coberta, com braseira em baixo, ao centro,

3 comentários:

Belisa disse...

Nestes retratos (16)

Achei encantador a definição de "camilha"(3)- Já anotei a palavra e irei escrever sobre ela...me aguarde!

Bjs estrelados

De Amor e de Terra disse...

Continuam as recordações e a mordacidade, que te caracteriza...e formam um conjunto gracioso!


Maria Mamede

A MINHA AMIGA ESTRELA CADENTE disse...

Pobre Guida!