domingo, 19 de fevereiro de 2017

Teresa de Sousa em "Mentiras e ... mentiras"

* Victor Nogueira

Lendo os capítulos que a seguir TS desenvolve – desancar no PSD - o início da prosa surge a martelo, com as referências a Cunhal e ao Comunismo, Esta sociedade - capitalista - resulta das Revoluções Burguesas, como a Francesa, que também prometia “amanhãs que cantam”, baseados de facto na miséria e repressão dos camponeses e das classes trabalhadoras e semeados de guerras mundiais e regionais e de saque das países colonizados e de genocídios (África, Américas, Austrália ...). Sobre isto assenta a “prosperidade” dos donos dos meios de produção. As “utopias” das Revoluções saldaram-se em fracasso, isto é, na miséria em que estamos. TS crê na TINA do capitalismo e outros na servidão e no esclavagismo ? Mas outros crêem que “sempre que um homem sonha o mundo pula e avança.” Apenas para o abismo [e o apocalipse] ?

O Diabo não chegou em Setembro, é verdade, mas estamos ainda muito longe do paraíso. O Diabo pode voltar.
PUBLICO.PT|DE TERESA DE SOUSA

***
1. Na semana passada veio-me à memória uma história, já antiga, que sempre me deixou perplexa. Muita gente de direita (incluindo alguns amigos meus) exibia sem complexos a sua admiração por Álvaro Cunhal, com um argumento que era quase sempre o mesmo: a sua enorme coerência. E eu perguntava a mim própria se as pessoas em causa tinham ideia do que lhes aconteceria se o Partido Comunista tivesse conquistado o poder em Portugal. Estávamos em plena Guerra Fria. O destino da burguesia e dos “inimigos do povo” nos regimes comunistas era o que todos sabíamos.

Na quarta-feira passada, pensei que tinha finalmente encontrado a explicação. Na televisão, em directo do Parlamento, Luís Montenegro e Nuno Magalhães, com um ar compungido, diziam que a sonegação de informação aos deputados significava o caminho para o totalitarismo. Leram bem: totalitarismo. Podiam ter falado em autoritarismo, ditadura, fascismo, mas não, foram imediatamente para o mais intolerável de todos os regimes antidemocráticos. Afinal a admiração pela coerência de Álvaro Cunhal estava justificada: provavelmente não tinham a menor ideia do que seria um regime totalitário. A ilusão durou segundos. Nada disto tem que ver com o actual Partido Comunista. O comunismo como ideologia foi praticamente varrido da face da terra. As sociedades onde dominou durante décadas ainda hoje sofrem as consequências da incalculável destruição humana que provocou. O PCP mantem no programa a sua fidelidade ao marxismo-leninismo, porventura porque não tem nada à mão para substituir a sua ideologia fundadora. Mudou de natureza. É um partido de protesto que vive da sua implantação sindical, sobretudo na defesa dos que já estão bastante bem (empresas públicas e funcionários públicos). Já perdeu boa parte da sua capacidade mobilizadora. Está isolado internacionalmente. Levou tempo, mas percebeu que se tinha esgotado há muito a estratégia de fazer do PS o “inimigo principal” e que era preciso provar aos simpatizantes que podia ter alguma influência na governação. Sobre o totalitarismo estamos conversados. O que me causou maior impressão foi ninguém reagir (que eu visse) a esta declaração verdadeiramente extraordinária, de tal modo estamos todos obcecados com as “mentiras” de Mário Centeno ou, no caso, a barreira que os partidos que apoiam o Governo puseram às novas exigências da oposição na comissão parlamentar de inquérito. (...)


 14 COMENTÁRIOS



  1. ana cristina
      
    missão: justificar, minimizar, suavizar o diabo que anda por aí nas mentiras do Centeno e na guerra aberta a quem lhe aponta o dedo.


  2. Amora Bruegas
      
    De facto, essa gente não tem noção do que é viver num regime socialista totalitário. Contudo, o seu amigo MSo ares impos um ambiente totalitário.., mascarado de democracia... ou como explica que tenha andado a adquiri marfim e diamantes de sangue com Jonas Savimbi, o colégio Moderno tenha ficado com terrenos da U. Clássica de Lisboa, ou tenha fabricado DUAS fundações para culto da personalidade, com dinheiros do povo. Diferenças das outras..., só de fachada!


  3. Manuel Abreu
      
    O luís Simões foi aos arames com a ressurreição do totalitarismo. Mas olhe que quem fez o milagre da ressurreição não foi Teresa de Sousa - antes pelo contrário, até condenou esse milagre por parte do PSD - foi o líder da bancada do PSD, um tal Montenegro. A TS limitou-se a constatar que só é possível falar de totalitarismo como um fóssil, em termos históricos, assim com se faz com o nazismo, p.ex. . Hoje em dia o PCP limita-se a sobreviver protestando e protesta sobrevivendo. Por conseguinte, mais um texto certeiro e objetivo de TS. Haja saúde!


  4. Eleitor
      
    De facto o Diabo não chegou e por este caminho não vai chegar, conforme diz e deseja a jornalista. A sra. tem tendências de direita, ok, está no seu direito. O que não tem direito é de mentir sobre a realidade e a realidade revela progressos económicos e sociais que devia destacar, se fosse isenta. O Diabo poderá chegar é se o seu PSD chegar de novo ao governo.


  5. Jose Belo
      
    De verdades, verdadinhas, verdadeiras, era o anterior governo um impoluto. Nunca esconderam nada ao povo. Enfim, mais uma escriba da paf. Gostava de ter visto esta jornalista, com o mesmo tipo de escrita, denunciar todos os casos de que foram intervenientes os anteriores governantes (passos coelho e paulo portas).


  6. Victor Nogueira
      
    Lendo os capítulos que a seguir TS desenvolve – desancar no PSD - o início da prosa surge a martelo, com as referências a Cunhal e ao Comunismo, Esta sociedade - capitalista - resulta das Revoluções Burguesas, como a Francesa, que também prometia “amanhãs que cantam”, baseados de facto na miséria e repressão dos camponeses e das classes trabalhadoras e semeados de guerras mundiais e regionais e de saque das países colonizados e de genocídios (África, Américas, Austrália ..- ) Sobre isto assenta a “prosperidade” dos donos dos meios de produção. As “utopias” das Revoluções saldaram-se em fracasso, isto é, na miséria em que estamos. TS crê na TINA do capitalismo e outros na servidão e no esclavagismo?Mas outros crêem que“sempre que um homem sonha o mundo pula e avança.”Apenas para o abismo?


  7. Manuel Araújo
      
    Tem razão, há mentiras e mentiras: de um lado uma suposta mentira inocua, de Mário Centena, do outro, às dezenas ou centenas de mentiras da dupla Passos Coelho/Maria Luís, no tempo em eram governo e estas sim, tiveram consequências. Estamos fartos de saber o alinhamento político de Teresa deSsa, resta saber se esse alinhamento é compaginavel com a defesa de todos os portugueses, inderecentemente das suas cores políticas. Uma jornalista que se diz independente tem o dever moral de imparcialidade, até por se tratar de uma figura pública.


    1. Luis Simões
        
      Alguma vez ela se afirmou "independente"? Não me lembro...


    2. Manuel Araújo
        
      Mesmo não se tendo identificado como independente, o que nem sei se corresponde à verdade, devia coibir se de demonstrar o seu azedume laranja. Inteligente como é, saberá que o jornalismo de qualidade é sempre independente, sim senhor.


  8. cisteina
      
    Mais uma boa análise dos factos, excelente crónica, com aquelas propriedades que aprendi em jovem quando estudava português: unidade, integridade, vida e interesse. Quanto ao diabo, ele anda por aqui e por todo o mundo, talvez chegue, se envergonhe de aparecer, talvez tenha dificuldade em escolher, são tantas as desgraças espalhadas que nem sabe onde atalhar. Mas gostei de ler (já sabia) que o comunismo falhou e que o PCP sobrevive à custa dos sindicatos e do funcionalismo público e, por isso, estamos como estamos, a mesa do orçamento sempre se alarga (ou) a quem dela está perto.


    1. Luis Simões
        
      Em resumo, gosta de se manter na sua área de conforto. Quem não gosta?


  9. Luis Simões
      
    "O PCP mantem no programa a sua fidelidade ao marxismo-leninismo (...) É um partido de protesto que vive da sua implantação sindical (...). Já perdeu boa parte da sua capacidade mobilizadora. Está isolado internacionalmente" A tomar os seus desejos por realidades e por isso sempre a falhar. O PCP mantém a doutrina que os seus membros escolheram, é um partido de luta que vai à luta e os seus militantes mobilizam-se sempre nas lutas pelas liberdades, democracia e direitos, e continua fiel e fiável aos seus amigos nacionais e internacionais que bastante o respeitam...


  10. julio
      
    Embora os Thinks continuem de vento em popa, a sra não consegue esconder que se sente órfã... falta-lhe o "pai" iluminado da sala oval... estou curioso para ver quando se irà "deitar" com ele...


  11. porto
      
    Não se preocupe, não a interpretamos mal. Fretes são fretes, e uma pessoa precisa de ganhar a vida.

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