sexta-feira, 7 de agosto de 2020

ALERGIAS, URTICÁRIAS E ALFORRECAS

* Victor Nogueira


Há duas coisas a que começo a ter uma crescente alergia e náusea: às notícias terroristas e desestabilizadoras sobre  o Covid 19 e às tiradas do omnisciente e omnipresente Papa da República, Sumo Pontífice, sempre de colher na mão para mexer nas caldeiradas e perorar sobre tudo e sobre nada.

O Covid 19 tem um mérito: põe a nú as falsas solicitudes, o cinismo e a hipocrisia: quem vinha  a minha casa, quem me visitava, quem me telefonava, quem comigo falava, quem me ajudava a ir às compras, quem de facto se preocupava comigo, continuou a fazê-lo. Quem não o fazia, continuou a não fazê-lo.

Sobre a campanha terrorista e desestabilizadora em torno e a pretexto do Covid 19, reconheço a cada um a liberdade de comer a peçonha que lhe é enfiada às carradas, "ad nauseam", pela comunicação social, empanturrando olhos e ouvidos.

Não tenho nem nunca tive qualquer receio, irracional, de sair a rua, de contactar e falar com as pessoas, respeitando embora as normas ditadas pela actual DGS, por mais absurdas, contraditórias ou inócuas que me pareçam. Uso a máscara, a nova "hijab" ou "burca", desumanizante, apenas nas situações em que não posso deixar de usá-la.

Em consequência, continuo a privilegiar os espaços públicos abertos mas evito ao máximo a ida e permanência em espaços em que a nova DGS me obriga a usar máscara. Sendo assim, agora não vou a livrarias, não vou à tabacaria, não vou a centros comerciais, não vou a super ou hipermercados ....

Não faço, pois, girar a economia a grande ou média velocidades, não por insanos medos e angústias, mas porque privilegio como sempre a minha racionalidade, o livre-arbítrio e autodeterminação.

Limito-me a deambular pela cidade mais ou menos desertificada, a ir à farmácia aviar medicamentos, à estação de venda de gasolina para atestar o Fiesta, ao talho, ao mini-mercado de bairro onde não há filas e cuja dona me ajuda simpaticamente a transportar as compras até ao carro, sem que eu lho peça, ao "pronto-a-comer" para comprar comida quando não me apetece cozinhar, à loja de vestuário se preciso de algo, à loja "chinesa" do bairro se preciso de artigos que não há no mini-mercado.

Como sempre, continuo a não recorrer aos novos escravos que são os estafetas, mais ou menos uberizados, para me trazerem os produtos a casa, como há quem o faça.

Prefiro sair, contactar as pessoas, a pessoa com quem me cruzo na rua, os comerciantes e dar dois dedos  de laracha ou bate-papo com eles. Ao chegar ao prédio onde moro, por vezes tenho ajuda desinteressada para levar as compras do Fiesta até ao elevador ou até à minha cozinha (a vizinha do r/c, o vizinho ou vizinha que vai a passar, o miúdo cigano, chamado António), A vizinhança tem nome: a Anita, o Xavier, o filho da D. Idalina, o Ezequiel, a Cecília, a Francisca, a Domingas, o Jorge, o Rui, a Ana, o João, a Paula, o Andorinha, a Isabel, o Garcia, o Fernando, o Tira-Picos, a Joana   ... Sem esquecer a Engrácia e o Pedro.
É muito mais saudável.

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