segunda-feira, 8 de abril de 2013

o carreiro dos "inocentes"

Victor Nogueira

Há para entreter ou cativar os "inocentes" muitas teorias políticas. A do "súcialismo" em liberdade, a do pelotão (de estar em pelota), a do oásis, a do pântano, a das forças do bloqueio, as do "deixem-me trabalhar", a do "tribunal constitucional", a das conspirações mais ou menos escavacadas, a do PEC IV, a do menino zequinha bom aluno. Como havia no tempo de santa comba a de que todos os do contra estarem "infiltrados" a soldo do estrangeiro e de Moscovo.

Todas estas teorias têm como peça fundamental o dividir para reinar, a de turvar a água e o ar para que tubarões. hienas, abutres, polvos e fauna similar naveguem à vontade ! Como Ali Bábá e os 40 Ladrões, sempre de portas abertas com sócretinos escavacados passes de coelho por lebre foleira . Com marcelinhos e marcos mentes e outros que tais como sacristães.

E os "inocentes" seguem o pastor, espartilhadas pelas baias no carreiro, cantando, rindo ou chorando levados pela voz do som tremendo!

E o TC escolhido a dedo por ps-psd e escavaco lançou mais um pedra para baralhar e dar os trunfos aos senhores do capital - os reformados são gente de 2ª e com menos direitos que os desempregados ou os trabalhadores esmifrados.

Os reformados da AP não são aumentados há anos e desde há dois anos que sofrem cortes nos subsídios de férias e no 13º mês, há anos que tal como a generalidade dos cidadãos são esbulhados por via dos impostos e pelo aumento do custo de vida e castigados pela destruição do serviço nacional de saúde. Mas disso não falam os pastores nem os inocentes.

Quem recebe pensões acima de 1 100 euros fez descontos durante toda a carreira contributiva e com base nos vencimentos/salários que ia auferindo. O que os "inocentes" deveriam defender é- já não digo a revolução e o fim do capitalismo - mas sim denunciar os milionários (de mais de um milhão de euros e não de ... mil euros) que fogem aos impostos e são perdoados por tuta e meia, denunciar e recusar a fraude que é a dívida soberana e a transformação das dividas privadas em dívidas públicas bem como denunciar e recusar a agiotagem da banca que depois do crédito barato e das falperras de Cavaco e do Sócrates e Pedro e Paulo continua a lucrar esmifrando quem menos tem, isto é, quem não tem menos de largas centenas de milhares de euros de rendimento por dia o por mês e tem contas em off-shores.

Mas as pessoas são muito pequeninas, muito mesquinhas, são vítimas de dezenas de anos de fascismo e das mentiras do ps-psd-cds e vão na cantiga da divisão, da inveja, da xico-espertice de pobrezinhos embora desonrados, da xico-espertice de relvas sócretinas, até acabarem na fossa!

É uma tristeza tanta mediocridade da pequena burguesia, dos filhos de camponeses com um lameiro de couves (que estiveram contra a Reforma Agrária e a Revolução e os operários da cintura industrial de lisboa e setúbal), o ilusionismo ou mediocridade das camadas intermédias a que chamam classe média, que saiu da ferrugem e despreza os pais que cheiram a suor e não são "doutores", muitos deles que assinam "dr.", para não serem confundidos com a mulher a dias ou o contínuo.

Sem esquecer muitos operários (m/f) que com as indemnizações se transformaram em pequenos patrões condenados à miséria mas defendendo a grande burguesia, porque agora têm uma lojeca, um salão de cabeleireira, uma taberna, um snack-bar, uma papelaria/tabacaria, uma engomadaria, uma oficina de garagem ou vão de escada ...

O que deveriam fazer é denunciar a exploração defendida por Belmiros, Ulriches, Van Zelleres, Soares dos Santos e outros que defendem mais precariedade e baixos salários. O que deveriam é pararem para reflectirem e não embarcarem na divisão entre "privados" e "funcionários" públicos - que asseguram as funções sociais do estado, que pagam impostos a que não podem fugir, entre empregados e desempregados, entre "doutores" e analfabetos de poucas letras, entre reformados e os outros. O que deveriam é questionar o grande negócio que é o capitalismo irrecuperável porque é de sua natureza engordar à custa da destruição da Humanidade e da Vida.

Mas não. Os grandes capitalistas e seus lacaios no ps-psd.cds lançam a divisão e os "indignados" dividem-se - pequenas reformas contra reformas "milionárias" (no tempo do escudo, milionário seria quem recebesse mil escudos por mês, já pensaram ?), empregados contra desempregados, público contra o privado, segurança social contra adse, novos contra velhos (que só dão despesa são hoje todos os que têm mais de 40 anos de dade), "analfabetos" de mão dada com "doutores" ...

Tanta cegueira, , enquanto enriquece o charlatão


 



O Charlatão

Sérgio Godinho



Numa ruela de má fama
faz negócio um charlatão
vende perfumes de lama
anéis de ouro a um tostão
enriquece o charlatão

No beco mal afamado
as mulheres não têm marido
um está preso, outro é soldado
um está morto e outro f´rido
e outro em França anda perdido

É entrar, senhorias
a ver o que cá se lavra
sete ratos, três enguias
uma cabra abracadabra

Na ruela de má fama
o charlatão vive à larga
chegam-lhe toda a semana
em camionetas de carga
rezas doces, paga amarga

No beco dos mal-fadados
os catraios passam fome
têm os dentes enterrados
no pão que ninguém mais come
os catraios passam fome

É entrar, senhorias
a ver o que cá se lavra
sete ratos, três enguias
uma cabra abracadabra

Na travessa dos defuntos
charlatões e charlatonas
discutem dos seus assuntos
repartem-se em quatro zonas
instalados em poltronas

P´rá rua saem toupeiras
entra o frio nos buracos
dorme a gente nas soleiras
das casas feitas em cacos
em troca de alguns patacos

É entrar, senhorias
a ver o que cá se lavra
sete ratos, três enguias
uma cabra abracadabra

Entre a rua e o país
vai o passo de um anão
vai o rei que ninguém quis
vai o tiro dum canhão
e o trono é do charlatão

Entre a rua e o país
vai o passo de um anão
vai o rei que ninguém quis
vai o tiro dum canhão
e o trono é do charlatão

É entrar, senhorias
a ver o que cá se lavra
sete ratos, três enguias
uma cabra abracadabra



 


  • Clara Roque Esteves Absolutamente de acordo! Sem tirar nem acrescentar nada, desta vez...

    Sem comentários: