Victor Nogueira
A mim parece-me que entre muitas outras motivações, estas propostas sobre a despartidarização e as votações uninominais trazem em si o "horror" ao trabalho colectivo, o "desejo" de que as propostas individuais prevaleçam para além da decisão contrária colectiva e democraticamente tomada, o efectivo menosprezo pela capacidade de decisão dos eleitores e do "outro/a", a ilusão do pensamento "livre" e do único "verdadeiro", o MEU e de quem pensa como EU.
Bem sei que as nossas ideias, atitudes e convicções são em grande parte fruto do tempo do lugar e da nossa circunstância e que o voto do eleitorado pode e é condicionado e/o manipulável.
No fundo, mesmo admitindo as boas intenções, este da despartidarização/desorganização (aparente) e das listas uninominais não põe em causa a manipulação/condicionamento das consciências e da alienação. Quento muito introduz uma espécie de campionatite, estilo "rei" ou "rainha" da rádio e da TV.
Naturalmente que as listas "despartidarizadas" são em meu entender admissíveis a nível das bases", isto é, de comissões de utentes, de bairro, de trabalhadores, de freguesia, onde as pessoas se conhecem "pessoalmente".
A níveis superiores, naturalmente o jogo está viciado à partida.
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