* Victor Nogueira
Leio isto:
"Finalmente, a questão da “integração”. Aqui vou ser autobiográfico. Só para dizer que nunca, enquanto estudante universitário, me “integrei” ou me quis “integrar”. Alguns dos meus melhores amigos de hoje, conheci-os na universidade. Nunca nos passou pela cabeça a necessidade de pertencermos a uma qualquer colectividade, clube ou grupo. Pelo contrário, unia-nos o maior desprezo por tudo isso. E unia-nos também a filosofia. Ou seja: a amizade pelo conhecimento."
Pois, as "autobiografias" valem o que valem.,
No tempo em que fui estudante universitário, nos anos 60 e 70 do século passado, havia muito quem participasse em "grupos". desde a Juventude Universitária Católica até organizações políticas, desde as que contestavam o sistema até à Mocidade Portuguesa. Havia muito quem tivesse preocupações culturais e de solidariedade, participando mais ou menos activamente nas várias secções das associações de estudantes e organismos do movimento associativo estudantil, designadamente cooperativas livreiras, culturais, sem esquecer o cine-clubismo e grupos teatrais. Nesse tempo a contestação do sistema ou a participação em greves académicas poderia ter custos elevados, desde a prisão e a tortura até ao assassinato pelas forças repressivas ou incorporação compulsiva nas forças armadas para a guerra colonial.
A "praxe", que não existia em Lisboa e Porto, era característica da Universidade de Coimbra, sendo definitivamente banida na sequência da greve académica de 1969. Era o tempo em que as associações de estudantes defendiam que o estudante universitário não se deveria distinguir da generalidade da população e deveria ser solidário, social e politicamente interveniente.
Depois veio o 25 de Abril e depois o feroz individualismo do ""numerus clausus" e a proliferação de universidades da treta fomentadas a partir do "cavaquismo"
Hoje é o tempo dos turbo-diplomados estilo relvas ou sócrates, mas não só, o tempo de certas "jotas" que defendem que qualquer direito é referendável ou defendem a "liberdade" de não haver "ensino obrigatório", que a Constituição da República e a Declaração Universal dos Direitos Humanos são extravagâncias que se opõem à liberdade austera pelos "mercados" reclamada, sem freio.
Isto anda tudo ligado !
http://5dias.wordpress.com/2014/01/30/juro-que-nao-queria-falar-de-praxes-mas/#comment-22134
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