terça-feira, 15 de novembro de 2011

Os dias da (pré)Revolução (5) por Victor Nogueira




 a Segunda-feira, 14 de Novembro de 2011 às 14:30

Luanda, vista nocturna

III
Este é o local, o dia, o mês e a hora
O jornal ilustrado aberto em vão.
No flanco esquerdo, o medo é uma espora,
fincada, firme, imperiosa Não
espero mais. Porquê esta demora?
Porquê temores, suores? Que vultos são
aqueles além? Quem vive ali? Quem mora
nesta casa sombria? Onde estão
os olhos que espiavam ainda agora?
O medo, a espora, o ansiado coração,
a noite, a longa noite sedutora,
o conchego do amor, a tua mão ...
Era o local, o dia, o mês, a hora .
Cerraram sobre ti os muros da prisão

(Daniel Filipe)
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A mentira que fingem
é verdade.

A submissão
 corrompe
Não nasceram
ainda
Poderão nascer
mais tarde
tão adultos de aspecto?

(Egipto Gonçalves)
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Como se mantém
este deserto?
Praças sem vida
sombras nos passeios,
estores corridos
nas janelas ...
Poderiam só palavras
convencer?

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Paisagem

42.
E  nós
os conformados
que fazemos

compramos livros
gravatas

ou separados
morremos

(António Reis)
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O Impossível Carinho

Escuta, eu não quero contar-te do meu desejo
Quero apenas contar-te a minha ternura
Ah se em troca de tanta felicidade que me dás
Eu te pudesse repor
- Eu soubesse repor -
No coração despedaçado
As mais puras alegrias da tua infância
.
.
Manuel Bandeira




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 * Victor Nogueira

Lisboa



.
74.04.11

Celeste (Olá)

(humorístico) menino com um ramo de flores

(Sabes, não estou contente pela nossa ausência um do outro) Bem, este postal já começou a ser escrito há muito. Depois .... ficou arrumado a um canto. Já estou no Porto. Jantei em casa do avô Barroso e daqui a pouco vou para casa do avô Luís. A viagem foi boa, embora tenha chovido a meio do caminho. A paisagem é simplesmente maravilhosa - tão verdejante! Gostaria de viver por estas bandas. E tu? Gostaria de ver contigo estas paisagens! Sábado deves escrever-me para Lisboa e 2ª para Évora. OK? O tio Zé, a 1ª pergunta que me fez foi "Então a tua mulher, onde está?"  Ah! Ah! Ah! Um abraço do VM

Não há nenhum filme de geito aqui no Porto. Safa!

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Paço de Arcos


74.09.18

Celeste

Flores

Olá, Celestinha

Está quase na hora da tiragem do correio aqui em Paço de Arcos de modo que passei ali pela tabacaria e escolhi este postal para te escrever. Está frio e encontro-me sentado num marco de pedra no passeio, onde está o mercado  defronte ao correio.

Isto é uma simples descrição do sítio onde me encontro. As pessoas, os carros passam de regresso a casa e eu quero ver se ainda passo ali pelo "super"mercado.

Aqui te deixo beijinhos e ternurinha (enregelada, Ah! Ah! Ah!) do VM

Recebi hoje 2 cartas tuas - de 16 e de 17.  XX


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Lisboa


74.10.22

Celeste

Leiria, vista do castelo

Olá, "Celestinha das ternurinhas "

Desta vez escrevo do Café Gelo, aqui no Rossio, avistando ali uma nesga da Rua 1º de Dezembro e da Estação [do Rossio]. Defronte a mim o [Emídio] Guerreiro acabou de lanchar e lê agora o jornal. Mais adiante, o empregado da tabacaria, calças aos quadrados., camisola preta e longos cabelos louros, vai lanchando e arrumando a loja. Esperamos que o Carlos [Nunes da Ponte] saia do emprego. O Guerreiro chegou ontem e temos percorrido Lisboa em busca dum emprego que não aparece, apesar do coração de Portugal estar doente e  ser uma chatice se deixar de trabalhar (Pelo menos é o que diz o anúncio da RTP). Assim, temos deixado impressos devidamente preenchidos ... aguardando. As minhas tias, especialmente Esperança, andam inquietas, pois dizem que eu sou bolchevista (ai, credo!) e assustam-se quando digo que vou começar a assaltar bancos. Acabou-se o espaço. Amanhã há mais.
Beijinhos do VM


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74.10.28

Celeste

Alcácer do Sal

Celestinha

A camioneta vai daqui a pouco para Montemor. Está sol e daqui te envio saudades. Já engraxei os sapatos e estou mais apresentável. Gosto de ti, por quem hoje estou com vontade de ternurinhas. Mas não pode ser! Assim, um abraço amigo do VM

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Coimbra


74.11.13

Celeste (Olá)

Coimbra,
Palácio de Sobre-Ripas

São cerca de 18 horas e há 1 [uma] que terminou a sessão inaugural do Seminário Sobre a Democratização do Ensino. Estou aqui num café (O Mandarim), meu velho conhecido, com a malta de Évora. Está frio e ameaçando chuva. Ficámos num lar de estudantes, ao cimo duma ladeira imensa. Perante a enormidade do tempo à minha frente - só logo às 22 horas há uma sessão de cinema sobre a campanha de alfabetização. Sinto-me aborrecido. Tenho que arranjar com que ocupar o tempo. Amanhã quero ver se vou à matinée ver um filme "A Estratégia da Aranha" [de Bertolucci]. Procurei postais "decentes" em 2 papelarias e só encontrei este. Espero gostes. Eu gostei!

Ah! regressarei a Lisboa no próximo domingo. Bem, mas vou-me por a mexer aqui do café, que esta pachorrice já me está a chatear.
Um abraço amigo e beijinhos do VM




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Coimbra


74.11.16

Celeste (Querida)

Coimbra,
biblioteca da Universidade

Antão, como vai isso? e esse tempo por aí? Por cá chove e as ruas chegam a ser autênticos rios, que os carros chapinham encharcando  os transeuntes descuidados. Aqui para os lados onde paro mais - Universidade, Cantina e Teatro Gil Vicente - predomina a malta nova e não se vêm taxis. Pouco tenho visto da cidade, que me parece desgraciosa; sem harmonia estética, ao contrário do que sucede em Lisboa ou mesmo Évora. Parece-me uma cidade incaracterística na traça dos sus edifícios e no delineado das suas ruas. Amanhã é o último dia do "Seminário Sobre a Democratização do Ensino", que hoje teve a presença do Ministro do Trabalho. Amanhã haverá um convívio. Sinto-me cansado: Saio de manhã e só volto à noite.

De boatos nada tenho ouvido, mas pelos jornais tenho sabido que se preparará nova intentona reaccionária; os tumultos em Angola seriam o prenúncio. Será desta vez a guerra civil - lá e cá? Um abraço amigo do VM

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74.11.17

Celeste (Olá)

A unidade estudantil com o povo trabalhador - COMISSÃO PRÓ-UNEP

Cá vou de regresso a Lisboa, num comboio cheio mas onde consegui arranjar um lugar sentado  Os meus companheiros de cabine dormem e um deles ressona beatíficamente.

Este postal é - creio - uma fotografia retirada dum dos dois filmes que há dias vi sobre as campanhas de alfabetização, as tais em que eu gostaria de ter participado em Agosto último se ...  Esta cena do filme era comovente: uma mulher que até aí não sabia comunicar por escrito, conseguir fazê-lo. A procura das sílabas, o gesto hesitante, o voltar atrás para corrigir ou desenhar melhor a letra !!! Deve ser bestial um tipo descobrir que sabe ler, não achas? Beijinhos VM




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Arouca (Monte da)


74.11.24

Pais e Zé

(humorístico)
Uniformes Europeus

Estamos a meio da tarde de domingo, aqui no Monte de AROUCA onde a Celeste dá aulas, uma herdade enorme que quase parece uma aldeia, agora abandonada (quase) pela crise da agricultura e da política dos agrários. O monte fica junto ao rio Sado, a 10 km ao sul de Alcácer do Sal e a 2 horas de camioneta de Lisboa. No meu colo está a minha amiga Eva, filha duma trabalhadora [Aciolinda], e que tem 3 anos. Uma "mulherinha", como me diz. A mãe dela aquece-se ali ao lume, enquanto a Celeste lê e a mãe arranja as azeitonas que colheu ontem á tarde.

Então, como vai isso por aí? Mais sossegado? Por cá as coisas vão andando,. Ainda não arranjei emprego, mas espero consegui-lo até ao fim do mês.

Tenho recebido os recortes dos jornais. Gostaria de receber "O Angolense" Pode ser? Um abraço amigo do VM e outro da Celeste.


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comboio para Évora


74.12.04

Mãe

Flores

Aqui vai um postalinho para ti; espero gostes do ra mo de flores que te escolhi. Vou no comboio a caminho de Évora. Amanhã começo uma nova fase da minha vida. Vamos ver como corre.

Em tempos fui uns dias a Coimbra, assistir a um seminário [da Pro-UNEP] sobre a Democratização do Ensino. Passei por casa do casal Boaventura, que enviam saudades. O mesmo faz o casal Armindo Gonçalves, em casa  de quem estive um dia destes. Idem para a Maria Amélia, que encontrei em Évora um dia destes.  Mas ... parece-me que já falei nisto no postal que enviei esta tarde!

Saudades e um beijo do VM




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Paço de Arcos


74.12.04

Pais e Zé

Alcácer do Sal

Ora vivam, como vai isso? Estou de abalada para Évora. Imaginem logo o sítio onde acabei por arranjar emprego ... até ver! Convidaram-me para dar aulas de "Introdução à Política" na Escola Industrial e Comercial de Évora. Não me seduz mesmo nada ser professor e estou mesmo apreensivo e chateado. Tão farto que eu estou de Évora. Mas ... mal por mal devo ter umas 30 horas de aulas por semana e apenas duas lições para preparar semanalmente. Vamos ver como isto corre. O [Aníbal] Queiroga é que se lembrou de mim para este lugar; ele foi nomeado Presidente da Caixa de Previdência de Évora. Quanto ao Instituto, continua encerrado; vamos ver se o Ministro militar resolve definitivamente o assunto.

Encontrei a semana passada em Évora a dra.Maria Amélia. Deve ir para lá viver. A Noémia foi para Beja.

Bem, fico-me por aqui! Não querem cá vir passar o Natal ? Um abraço e saudades VM




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comboio para Évora


74.12.04

Celeste (Querida)

Coimbra,
Museu Machado de Castro e Sé Nova

Pouca terra, pouca terra, cá vai o comboio para Évora. Amanhã começa uma nova etapa da minha vida. Vamos lá ver como me saio desta! O José João trouxe-me esta tarde as fotografias, que não estão más. Gosto mesmo muito de algumas delas.

A propósito, também gosto deste postal, o último dos que comprei em Coimbra.

Despachei as malas -  vêm no furgão, mas o saco com os livros pesa muito. Ali duas velhotas discutem as vantagens de ser criada de servir: ganham bem, vestem os vestidos da senhora, não gastam nada. Uma vida de fidalgas. Opiniões! Há pouco discutiam a nudez: passar aí um homem todo nú, que falta de moral e patati patata. Eu rio‑me a bandeiras despregadas e ela mete-se comigo. Bem, mas o espaço está no fim e eu fico‑me por aqui.
Um abraço amigo do VM




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Évora


74.12.09

Celeste (Querida)

Alentejo, paisagem ao anoitecer

Ufa, mas que fartura! Desde as 10 da manhã que estamos em reuniões na Escola, por causa do Decreto sobre a gestão democrática. Para além disso, como "falo demais", fui eleito delegado sindical. Safa! Entretanto o convite do Abílio [Fernandes] era para me tornar funcionário do MDP, uma espécie de "secretário-geral" em Évora. Mas ficou essa ideia suspensa, por enquanto. Enfim ...

As fotografias já vieram e na maioria não ficaram más. Tu estás bem!

Não percebo muito bem como pode ser esta fotografia do Alentejo. Parece antes um campo alagado. Não sei se já te disse que a tal cave na Tapada ainda não está para alugar.  Sempre é no tal largo onde estivemos.

Cá recebi o postalinho da Eva. Para todos envio um abraço, bem como a tua mãe. Para ti beijinhos do VM




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Évora


74.12.10





Acho que não tenho feitio para professor. Ou será apenas falta de calo ? Dar aulas tem um aspecto positivo: permite-me ver as lacunas e as imprecisões dos meus conhecimentos. Mas falta-me (por quanto tempo ? ) uma certa disciplina na exposição e no estudo. Não sei se as minhas aulas são boas ou não. Dalgumas gosto - penso que consigo interessar os alunos. Outras, sinto-as como um autêntico fracasso. Ainda ando a tactear, a ver como hei-de dá-las. Tenho de passar a fazer uma exposição prévia - conforme as diversas rubricas do programa - á qual se seguiria um debate - sobre o assunto da exposição ou outros (aqui, pelo menos no princípio, é que a porca torce o rabo, pois um tipo não sabe tudo)

Prefiro dar aulas aos miúdos do curso geral do que aos do curso complementar, e ainda menos à noite. Para mim esta é uma função muito desgastante psiquicamente. Não tenho suficiente frieza emocional e há ocasiões em que não me apetece ir dar aulas. Conheço alguns dos professores, que são de duas categorias - jovens ou mães de família. Mas não me sinto muito ligado aos professores; preferia estar do lado dos estudantes. Hoje numa das turmas - a mais sossegada e que me parece esperar algo de mim - disseram-me que as aulas deviam ser de diálogo e camaradagem. Mas ... sinto que a aula foi um fracasso.

Preciso de preparar melhor as lições - o ser mais disciplinado e com maior frieza de espírito - mas falta-me muito do material de estudo - parte encaixotado e parte em Lisboa. Agora ali no Giraldo tenho mais condições para estudar - há mais luz, a mesa é melhor e posso ligar o aquecedor. Falta-me no entanto a música para repousar (o rádio a maior parte das vezes não serve). Enfim, preciso de calma e descontração. E de menos tiques nervosos. (Ah! Ah! Ah! ) Precisava também de discutir as aulas e o modo como correm. Enfim ...

Se quero casar contigo? Quantas vezes te disse que sim ? (...)

Quando vens? Costumo parar no Arcada, no E... ou na Pensão Giraldo (2º andar, quarto 21). 6ª tenho aulas de tarde até ás 6 horas. Se chegares a essa hora podes esperar-me ao pé da casa do Queiroga, no passeio do lado da Escola Industrial.


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Évora


74.12.11

Celeste (Querida)

Pescadores de Caxinas (Vila do Conde)

Como a maioria das minhas aulas é de tarde (até ás 18 horas) e como a última tiragem é a essa hora e como ando com o espírito pouco descansado, ... enfim, não me tem sido possível escrever-te com assiduidade. Este género de actividade [dar aulas] é para mim muito cansativo e não sei se será sempre assim. Ainda bem que estamos quase em férias. Depois ... está muito frio e nem imaginas o frigorífico que são a maioria das salas: um desconforto. E Évora é muito chata e um tipo não tem onde espairecer. Para além disso há em mim um certo descontentamento em mim, pois o meu lugar é em Angola e não nesta terra. 6 anos de exílio em Évora para cair cá mais um ano!

Tenho tido algumas aulas giras, mas noutras é uma frustração. Algumas são muito barulhentas (p'rá semana isto tem de mudar), outras são porreiras. Gosto mais de dar aulas aos gaiatos. Bem, cá te espero 6ª feira. Penso que virás por Montemor. Um abraço amigo do VM


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Évora


74.12.16

Celeste (Olá)

(humorístico)

Antão, que tal essa viagem? Encontrei há pouco o Pe.Vaz: os jesuítas já sabiam que eu sou professor. Estou aqui no restaurante da Rua do Raimundo: acabei de encomendar coelho com batatas. Daqui a uma hora começam as aulas: dormi mal - como sempre desde que sou professor - e sinto-me fatigado.

Fui hoje saber das casas, ambas as mais baratas já estão alugadas.

Acabou de chegar o almoço. Isto não é comida para uma pessoa de alimento como eu. Évora deve ser das cidades onde se come pior. Parece que os alentejanos jejuam por sistema. Arre!

Não me apetece escrever mais. Um abraço amigo do VM




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Lisboa


74.12.30

Celeste (Olá, Celeste )


Leiria, vista do claustro do castelo

Há um ano e tal passámos nós por estas bandas ! ([1]) Por essa altura também o Kaúlza de Arriaga tentou demitir o Marcelo [Caetano], enquanto os capitães se iam reunindo. 4 meses depois seria o 25 de Abril - um dia de alegria no cinzento do quotidiano. Depois, a vida continuou e eu  ... acabei como professor de Introdução à Política.

Está um dia cheio de sol. É bom para nós, citadinos. O mesmo não dirão os agricultores, desta falta de chuva.

Ontem fui ao cinema ver "Laranja Mecânica" [de Stanley Kubrick]. O supra‑sumo da violência , dizia a crítica. Da violência, tenho visto e sentido pior.

Telefonei-te hoje, mas não estavas.

Já estou em Lisboa. Vou cortar o cabelo e lá para as 19 h vou com o Luís Filipe [Vidigal Pereira] e a Isabel [namorada] ao cinema, ver "Chinatown" [de Polanski] A constipação não há meio de passar.

Cumprimentos aos teus. Para ti um abraço amigo do VM.




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Évora



[1] - O meu pai veio a Portugal pela 1ª vez desde que partira para Angola em 1944/45, andando durante a breve estadia a rever Porto e arredores, comigo, a minha mãe e a Celeste. Na viagem ficámos todos hospedados em Leiria, numa pensão.

  

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