segunda-feira, 13 de julho de 2015

SOBRE A CHAMADA CRISE DO EURO



“e isso implica sair do espartilho do euro. ”
Mas existe a mínima duvida que, havendo um referendo de Sim/Não ao euro em Portugal, teríamos um voto esmagador de permanência?

Será que na altura os partidos que “choram” hoje pela democracia na Grécia, ao dizer que não se pode aplicar austeridade que foi rejeitada no referendo há 9 dias, viriam dizer que o voto popular não conta, porque a solução de saída do euro é a mais correcta, independentemente do que o povo, que é que mais ordena (até certo ponto, pelos vistos) pensa?

O Euro foi mal desenhado a partir do momento em que se permitiu que a Goldman Sachs desenhasse a entrada da Grécia, e como os lideres europeus queriam um projecto-fantasma de solidariedade, lá deixaram entrar a Grécia. É um pouco como nos grupos do futebol na escola, ninguém quer escolher o gordinho, mas quando chega a vez dele, têm pena e incluem-no.
Mas muito pior do que ficar no euro, seria não ficar nele. Pelo menos, no curto-médio prazo. E como os gregos (e o portugueses, já agora) não comem prazos, comem comida, a Grécia precisa do euro. Os tempos de imprimir moeda para sustentar o estado social já vão longe, muito longe. Os tempos em que a inflação subia 15%, aumentava-se os salários em 10% e os trabalhadores ficavam todos contentes, também já lá vai.

Se teve que vir uma moeda externa para se acabar com o despesismo de construir as duas maiores pontes da Europa separadas por pouco mais de 30 kilometros, assim seja.

Por alguma razão a esquerda radical está a morrer em Portugal, e o balão do Podemos está a deflacionar. e mesmo depois de anos de austeridade o PP está no caminho da vitoria nas eleições. A maior parte das pessoas sabe que não se pode gastar o que não tem. E quem se sujeita a fazer divida para pagar um estado forte, sujeita-se ás condições que os credores exigem. Se não querem ficar sujeitos a mercados, não façam divida. Mas depois, não se poderia fazer autoestradas bonitas, nem dar Magalhães a toda a gente ou muito menos sustentar um nanny state.

  1. Se o euro impedisse as duas pontes, porque é que elas estão lá? E os dois submarinos? Quanto a mortes políticas, percebo a aflição do CDS, que está nas sondagens bastante atrás do Bloco, ou do PSD, muito abaixo do que teve em 2011. Factos.
  2. Um dos factores determinantes da necessidade de existência de pontes não é a distância entre elas mas a intensidade de tráfego, embora este possa ser transporte individual privado (mais combustível mais bate-chapas, mais importação ou fabrico de automóveis) ou canalizado para o transporte colectivo, ferroviário ou não.

    Para descongestionar a ponte 25 de Abril a solução seria a ponte Chelas / Barreiro. Mas à especulação imobiliária, com ou sem aeroporto na Margem Esquerda, interessava a solução que veio a ser adoptada. A saída do aeroporto da Portela de Sacavém, qualquer que fosse a solução também interessava à especulação urbanística e imobiliária. Ambas de mãos dadas com a banca e as empresas de obras públicas e construção civil, as tais responsáveis e beneficiárias de PPP’s, campeonatos de futebol e respectivos Estádios, de Expos 98, de auto-estradas paralelas e de dormitórios suburbanos, etc, etc, etc.

    Quanto às dívidas, elas são o pulmão da actual fase do capitalismo financeiro, que cria as “bolhas” e transforma a dívida privada (que fomenta) em dívida pública, isto é, transfere os prejuízos dos accionistas e da má gestão para a colectividade e para os Estados. Com pura agiotagem e contratos leoninos.

    Quanto aos "mercados" é pura mistificação associá-los/identificá-los com o capitalismo. Porque lhe são anteriores e podem existir noutros sistemas económicos. E no capitalismo monopolista ou oligopolista em que vivemos, transnacional, os mercados como livre troca igualitária, entre produtores e consumidores, com ou sem intermediários, não existem de facto. Trata-se doutra mistificação.
http://blogues.publico.pt/tudomenoseconomia/2015/07/13/o-principio-do-fim-da-uniao-europeia/#comment-11603

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