sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

as "praxes" e os "mercados - isto anda tudo ligado

* Victor Nogueira

Leio isto:

"Finalmente, a questão da “integração”. Aqui vou ser autobiográfico. Só para dizer que nunca, enquanto estudante universitário, me “integrei” ou me quis “integrar”. Alguns dos meus melhores amigos de hoje, conheci-os na universidade. Nunca nos passou pela cabeça a necessidade de pertencermos a uma qualquer colectividade, clube ou grupo. Pelo contrário, unia-nos o maior desprezo por tudo isso. E unia-nos também a filosofia. Ou seja: a amizade pelo conhecimento."

Pois, as "autobiografias" valem o que valem.,

No tempo em que fui estudante universitário, nos anos 60 e 70 do século passado, havia muito quem participasse em "grupos". desde a Juventude Universitária Católica até organizações políticas,  desde as que contestavam o sistema até à Mocidade Portuguesa. Havia muito quem tivesse preocupações culturais e de solidariedade, participando mais ou menos activamente nas várias secções das associações de estudantes e organismos do movimento associativo estudantil, designadamente cooperativas livreiras, culturais, sem esquecer o cine-clubismo e grupos teatrais. Nesse tempo a contestação do sistema ou a participação em greves académicas poderia ter custos elevados, desde a prisão e a tortura até ao assassinato pelas forças repressivas  ou  incorporação compulsiva nas forças armadas para a guerra colonial.

A "praxe", que não existia em Lisboa e Porto,  era característica da Universidade de Coimbra, sendo definitivamente banida na sequência da greve académica de 1969. Era   o tempo em que as associações de estudantes defendiam que o estudante universitário não se deveria distinguir da generalidade da população e deveria ser solidário, social e politicamente interveniente.

Depois veio o 25 de Abril e depois o feroz individualismo do ""numerus clausus" e a proliferação de universidades da treta fomentadas a partir do "cavaquismo"

Hoje é o tempo dos turbo-diplomados estilo relvas ou sócrates, mas não só, o tempo de certas "jotas" que defendem que qualquer direito é referendável ou defendem  a "liberdade" de não haver "ensino obrigatório", que a Constituição da República e a Declaração Universal dos Direitos Humanos são extravagâncias que se opõem à liberdade austera pelos "mercados" reclamada, sem freio.

Isto anda tudo ligado !

http://5dias.wordpress.com/2014/01/30/juro-que-nao-queria-falar-de-praxes-mas/#comment-22134

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

as praxes

Em meu entender a praxe agora institucionalizada e generalizada  terá a sua  origem na "secular" universidade de Coimbra, como "marca" distintiva dum período transitório até à integração na  "respeitável" ordem burguesa dos "doutores". Era a universidade então destinada a formatar"as consciências com  o ensino magistral e a  "sebenta", o sino da torre designado como a "cabra". Os eternos repetentes  e duxes eram os que se podiam arrastar anos a fio  pela universidade, colezccionando matrículas, possivelmente pk as famílias  lhes podiam "sustentar" a paradoxal "recusa" em serem burguesmente respeitáveis na sociedade burguesa.

Estas praxes não se alastraram às universidades de Lisboa e Porto, criadas após a 1ª República, contra o "monopólio" de Coimbra  e foram nesta extintas nos finais dos anos 60 do passado século, num tempo em que as associações de estudantes defendiam a participação activa e crítica destes na sociedade.

A relativa cultura de "solidariedade" estudantil foi substituída nos anos de Cavaco da proliferação das "privadas" de ensanduichar cursos de lápis e papel, pelo individualismo e pelo facilitismo; afinal as universidades da privada   estavam ali para"fazer"  dinheiro o que não se compadece com "exigência"  sob pena de falirem.

A "praxe" re-inventada e ressuscitada surgiria como  tentativa de "credibilizar" escolas que ficaram conhecidas pelas sucessivas cisões, escândalos de corrupção e "turbo-diplomados", uns com mais "sorte" que a maioria.  Uma eventual causa para o ressurgimento das praxes "castrenses", alargada às escolas públicas, residiria na generalização do acesso ao ensino superior depois de 1974  e da crescente "proletarização" dos "doutores", já  não a "elite" destinada a "chefiar" a sociedade burguesa, com  o "crescente"  esmagamento das impropriamente classes médias, sustentáculo e almofada na chamada "sociedade de consumo", hoje descartável.

Parece-me pois simplista e redutor "fundamentar" o seu "ressurgimento" num hipotético "estado social" que desde cavaco-pm sem esquecer os dois partidos comparsas foi destinado à extinção, acelerada pela  trio pedro paulo & aníbal sem esquecer o pepe tózé.

Quanto à não intervenção do Estado, levado ao limite, parece-me que desembocaria no  "liberalismo" das jotas do psd-cds, que defendem a liberdade de não estudar e a referenda de todos os direitos, mesmo dos consignados na Declaração Universal dos Direitos Humanos e diplomas complementares. Estarei enganado ?

http://5dias.wordpress.com/2014/01/30/mau-estado-e-praxes/

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

"Governo de Portugal"

* Victor Nogueira

Bem, não sei se já repararam que os documentos e sites do governo não tem a expressão "República Portuguesa" mas sim "Governo de Portugal"

O que se insere na lógica do protectorado a que se refere paulo do pedro, cujo partido em várias revisões constitucionais tem tentado em vão desblindar o caracter republicano do regime.   Numa de iberismo e beija-mão a juan carlos de castela na senda dos filipes e da duquesa de mântua, cujo secretário de seu nome miguel de vasconcelos morreu às mãos dos conjurados em 1 de Dezembro de 1640 ?

Note-se que este governo de pedro e paulo sustentados por aníbal do psd  aboliu os feriados comemorativos da Implantação da República (e derrube da Monarquia) - 5 de Outubro - e da Restauração da Independência - 1 de Dezembro.

Isto anda tudo ligado