sexta-feira, 18 de abril de 2014

judeus e capitalismo

  1. O texto saíu truncado nos 4 posts de comentários, pelo que os eliminei e republico seguidamente

    1.
    Não tenho nem pretendo ter a "bagagem" que "transparece" nos seus artigos, que leio regular mas não cegamente, onde parece que o “capitalismo" a sua "barbárie" se originam nos "judeus", sobretudo os sediados nos States, e numa "conspiração" judaica", passando uma aparente esponja sobre o Catolicismo, a Contra-Reforma e a Inquisição como sustentáculos do feudalismo e da teocracia e, posteriormente, da origem divina do poder real e do absolutismo, mesmo que “iluminado”. Como se todos os grandes capitalistas, mesmo em Portugal, fossem todos judeus - como o Nacional-Socialismo - de que os nazis eram bonifrates - pretendia fazer crer - e não fossem também católicos/cristãos/maometanos/ateus mesmo que de fachada.

    Mas com mil diabos e todos os santinhos, seria possível no Portugal fascista publicar “romances” ou literatura anticoloniais, mesmo e apesar da Casa dos Estudantes do Império? Era possível ao PCP, na clandestinidade, contrariar a ideologia dominante imposta pelos grandes capitalistas e latifundiários, e absorvida, entre outros, pelo campesinato e pela pequena burguesia ? E nas colónias não há literatura publicada contra o colonialismo ? De António Jacinto, Viriato Cruz, Alda Lara ... Ah dir-me-á esses não eram "portugueses", esses noa eram nem republicanos nem neo-realistas. Esses eram - se o fossem - figuras subalternas do PCP. Como não eram republicanos ou neo-realistas o velho do Restelo, Fernão Mendes Pinto ou Diogo de Couto, entre outros. E já se fez – se for possível fazê-lo – uma recolha e o estudo da literatura popular – escrita ou oral ?
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    1. Serafim Lobato - Grato pelo seu cordato esclarecimento. Os documentos são interpretados e contextualizados de modos diferentes, conduzindo obviamente a conclusões diversas. Mas eu talvez não tenha sido claro. O cerne do meu comentário considera por um lado outros posts em que o capitalismo (actual) seria resultado duma conspiração judaica (embora tb refira as ligações sobretudo à Igreja Católica) e por outro a "identificar" o PCP como se ele fosse Cunhal, abstraindo, aparentemente, do colectivo em que ele se inseria. E nos 40 anos do 25 de Abril e na situação que se vive em Portugal, causa-me uma certa perplexidade que na "Tabanca" o tema seja o pcp e a luta anti-colonial. Começada a guerra colonial, não foi pcp que deu orientação aos seus militantes para não desertarem e fazerem trabalho político dentro das forças armadas, contribuindo assim e de algum modo para a formação e "politização" do MFA ?
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    2. onde se lê o "capitalismo ... (embora tb refira as ligações sobretudo à Igreja Católica)" deve ler-se "... (embora a Tabanca tb refira ....)" e "pcp e a luta" deve ler-se "o pcp e a literatura ..."
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  2. 2.
    Repito, não tenho nem pretendo ter a sua "bagagem" de anticapitalista e de antifascista (sempre) consequente, mas vai-me "espantando" essa do complot judeu (ou judaico-cristão ?) e agora do "colaboracionismo" do PCP e de Cunhal (onde moras, materialismo dialéctico e marxismo+tudo o que se lhe seguiu em termos de praxis e de teoria?). A História feita pelos Heróis”, pelos “Líderes”, pelos “Caudilhos”, pelos “Super-Homens” (as Mulheres, essa não contam?) conduzindo a carneirada acéfala? Os militantes comunistas serão uma carneirada; Estaline, Cunhal ou - vá lá - o Comité Central ordena e o rebanho executa)? Francamente, há "nexecidade"? Já o Seguro de Costa e Assis e as "viúvas" de Sócrates dizem que o PCP é aliado da direita ultraliberal ! Embora o "animal" feroz nas suas "charlas" semanais agora diga que no PEC IV foi traído não pelo PCP – que votou sempre contra os PEC’s - mas pelo PPD/PSD, que lhe tirou o tapete. O tal PS Seguro que esCavaco durão Barroso e Soares Pingo Doce com Pedrocas passes de Coelho por lebre pretendem forme uma santíssima trindade, a dum Governo de União, Salvação ou Acalmação Nacionais ?
    Ah! Os 40 anos do 25 de Abril ? A maioria do MFA queria era acabar com a Guerra Colonial, especialmente a Guarda Pretoriana. Não tivesse o Povo de Lisboa – especialmente a juventude – desobedecido ao Posto de Comando do MFA. Não tivesse o Povo de Lisboa – especialmente a juventude – desobedecido ao Posto de Comando do MFA, e cercado o Quartel do Carmo e a sede nacional da PIDE - com os presos políticos "esquecidos" e aferrolhados em Caxias e em Peniche e com a PIDE e a GNR fiéis a Marcelo em "liberdade" de movimentos - e Spínola teria empalmado o MFA, substituindo apenas as moscas e não o seu alimento. E Salgueiro Maia, o "puro" do ´”espírito” do 25 de Abril, o candidato ao *Panteão dos Heróis” ? Esse esteve em Abril e Novembro e – ao contrário de Spínola/Marechal do PS Soares – foi marginalizado pelos "democratas" de Novembro e por escavaco/PSD, o bancário reformado amigo de banqueiros. Quanto a Salazar/Caetano, “personificando” os eternos maus da fita, são os que diametralmente permitem que se mantenham na sombra os seus mandantes, beneficiários e descendentes. Porque os manajeiros, capatazes ou testas de ferro, com ou sem reforma dourada, esses são descartáveis, para que, iludindo e jogando nas aparências, se mantenha a essência. Sobretudo nos 40 anos do 25 de Abril de e uns mais ou menos de adesão à OCDE/CEE/UE
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    1. Victor Nogueira: Não faço os meus textos a olhar só por um olho. Nem como membro de uma seita, seja ela religiosa ou político-religiosa. O que escrevo está documentado. Quando digo que o PCP esteve ao lado do sistema colonial, faço-o com factos. Até porque ouvi e convivi com alguns que foram dirigentes do PCP e dirigentes e activistas dos Movimentos Africanos Anti-coloniais. Ao longo da minha vida, procurei sempre pautar-me pela análise materialista da História.
      Noémia de Sousa, uma grande poetisa moçambicana, por exemplo, que representou os activistas anti-coloniais junto do CC do PCP, trabalhou comigo e ao meu lado, durante muitos anos. Fui dos poucos que estiveram no seu funeral e nem sequer um dirigente de quarto plano daquele partido lá se mostrou a representar uma personalidade daquele gabarito que nunca abandonou os ideiais comunistas. Eu não referi no meu texto que não houve livros e activistas anticoloniais. O que refiro é que eles nunca tomaram uma posição pública contra o colonialismo na primeira metade do século XX. Cito, para que conste, as palavras do médico e activista politico anti-colonialista António Alves Tomás Medeiros, que nasceu em São Tomé em 1931, viveu em Angola, no Gana, na Argélia e finalmente instalou-se em Portugal, onde até hoje reside e escreveu, ha dois anos, o livro *A verdadeira morte de Amilcar Cabral". Pertenceu ao núcleo que estudou em Portugal, onde germinaram os movimentos anti-coloniais (Lara, Cabral, Neto, Marcelino dos Santos). Ainda hoje se sente ligado ao PCP. Eis os trechos: "Na estratégia de atrair para as suas fileiras os jovens estudantes africanos, a Direcção do MUDJ (nota minha, a direcção do PCP) promove um conjunto de reuniões. Um grupo desses estudantes elabora um importante documento sob a forma de XI teses, onde se pode ler, logo de início, que as colónias portuguesas são consideradas como *países africanos ou asiáticos dominados por Portugal*, e as populações constituidas por *colonos portugueses, agentes do colonialismo e pela população colonizada*, reclamando, por isso, inequivocamente, *o direito à independência nacional".(...) A "Carta aos jovens coloniais de Lisboa" com a qual o Comité Central do movimento responde, em Outubro de 1953, ainda que aceite, no geral, os grandes princípios formuladas nas XI teses, coloca-lhe um conjunto de objecções que, ao fim e ao cabo, configuram a posição do PCP sobre a questão colonial. Embora admitisse o direito à independência das colónias portuguesas, submetia-se esse reconhecimento à luta pela democracia em Portugal. A partir daí,a pequena e a média burguesia colonial seria a potencial aliada da luta antissalazarista. (...)A integração dos jovens coloniais do MUDJ era a de simples pertença às suas estruturas. Era uma atitude que entrava radicalmente em choque com os interesses do movimento de libertação nacional".
  3. Em tempo - o "independentismo" das colónias,- que como tal me parece só existem a partir da Conferência de Berlim no século XIX, - ficando-me pelo euro-centrismo - "esquece" aparentemente a resistência dos ameríndios e dos povos da ásia e de áfrica, entre outros, às "descobertas", colonizações", saque, genocídio e escravização a partir do século XV efectuadas no início por portugueses, castelhanos, holandeses, franceses e britânicos. Mas isso dava pano para outras mangas
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    1. Victor Nogueira: O grande capital financeiro é internacional, como qualquer processo de penetração de capital. Desde a II Grande Guerra, o grande capital financeiro concentrou-se em Wall Street, e os seus principais bancos e outros produtos financeiros, como os seguros, e as acções das grandes empresas, como as petrolíferas e de riquezas mundiais, são pertençam de judeus capitalistas. real Nos últimos 20 anos, a concorrência capitalista aumentou e com isso surgem novos pólos de capitalismo, como é o caso do Vaticano, da China e Rússia. Mas se verificar, embora tivesse perdido, algum poder, e bem, nos últimos tempos, Wall Street continua a ser o centro da banca e da especulação financeira mundial.

      Um exemplo: o maior banco do Mundo, segundo as revistas de especialidade, como The Banker, ou agências como a Bloomberg (curiosamente, de capitais judeus!!!), é chinês - Industrial & Commercial Bank of China (em resultados, embora não ainda em expansão internacional). O principal accionista é o Estado chinês, mas o segundo maior accionista é o Goldman Sachs - a diferença entre os dois é muito curta nominalmente, mas são accionistas com peso as norte-americanas Merrill Lynch e JP Morgan. Também lá está o Crédit Suisse (que pertence ao IOR).

      Cito a Bloomberg (2012) sobre os primeiros banqueiros mais "influentes"

      Lloyd Blankfein, CEO do Goldman Sachs (é judeu)


      Emílio Botin, presidente do conselho do Santander. (Este banco é da OPUS DEI/Vaticano)


      Jamie Dimon, CEO do JP Morgan Chase (judeu)

      Isabelle Ealet, Diretora de securitização do Goldman Sachs.

      Anshu Jain, co-presidente do Deutsche Bank. Uma parte do capital é do IOR.

      .

      Jiang Jianqing, presidente do conselho do Industrial & Commercial Bank of China


      Gerald McCaughey, presidente do Canadian Imperial Bank of Commerce (judeu)


      Ruth Porat, diretora financeira do Morgan Stanley (judia)

      agora, foram elevar os fundos do banco, melhorar a liquidez e eliminar os commercial papers.

      John Stumpf, presidente do Wells Fargo (Esta empresa é detida essencialmente por fundos lidados a Wall Street)

      Você fala, um pouco aleatoriamente, em capitalismo desde o seu início no Renascimento, com a expansão extra-europeia, começada por Portugal. Sabia que grande parte do investimento para a "cruzada" descobridora teve a mão de banqueiros como os Alfieri, que são judeus italianos e, curiosamente, estão ligados ao Vaticano, que recebe uma quota-parte do espólio colonial..

      Cito-lhe um extracto do trabalho de de Maria José Pimenta Ferro Tavares, que foi reitora da Universidade de Lisboa.

      "No entanto, o grande comércio internacional está centralizado em Lisboa e é aqui que nós encontramos os
      grandes mercadores judeus. A corroborar a nossa afirmação estão as únicas cartas régias, outorgadas a estes
      comerciantes, permitindo-lhes exportar e importar mercadorias por via marítima, em nome de cristãos e com a
      marca destes ou a sua própria, pagando os direitos devidos ao rei, além de poderem cambiar dinheiro no
      estrangeiro.”. TAVARES, Maria José Pimenta Ferro. Os Judeus em Portugal no Século XV…, p. 285.". Não é conspiração é realidade.
    2. Registo e agradeço os seus esclarecimentos.Serafim Lobato, embora continue a ser da opinião que se o capitalismo pode ter a sua origem nos adeptos da religião judaica, perseguidos pelas monarquias e pela Igreja Católica que condenavam a "usura", se em Portugal no século XIX começam a surgir grandes capitalistas "judeus", mesmo que não professem a religião, mesmo que o centro do poder financeiro continue a residir em Wall Street (mas tb na City, parece-me),a verdade é que não me parece correcto identificar o grande capital com os Judeus (e com Israel), apesar das suas alianças ,com as Igrejas Cristãs (que se não reduzem à Católica). Parece-me que substitui uma análise baseada na estrutura e na dinâmica de classes e nas várias camadas que as componhem com a religião judaica e com Israel. Este é, parece-me, o pensamento comum, vulgar, de que se serviram Hitler e o Partido Nazi, que serviam os interesses do grande capital, fosse alemão, fosse britânico, francês ou estado-unidense.
      http://tabancadeganture.blogspot.pt/2014/04/25-de-abril-o-anti-colonialismo.html

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