quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Retratos (19) - Interrogativamente

* Victor Nogueira
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Telefonei-te, porque desejava falar contigo, ouvir-te, acalmar a contrariedade. De lá veio a tua voz tímida, pequenina e depois ... depois o silêncio, o "não percebo o que queres dizer", o "então deixa-me." Mas eu não queria magoar-te, apagar o teu sorriso bom e alegre, de salta-pocinhas que amo, no silêncio do meu quarto, e que perco tantas vezes. Parece me importante que as pessoas ajam com inteligência, procurando dominar os acontecimentos e as palavras e não serem dominados por eles. E não é isso que me está sucedendo. Mas queria-te também mais senhora de ti, lutando pelo que te diz algo. Daí as pedras que semeio ou em que por vezes transformo aquilo em que toco. De ti saberei apenas que esperas de mim amizade e compreensão (e talvez também ternura) Seremos capazes de dar isso um ao outro? Que é realmente importante? A nossa relação só tem razão de ser se for fonte de liberdade e alegria, para nós e para quem nos rodeia. Que não se transforme em pesadas cadeias pantanosas. Seremos nós capazes disso ? Estará certo o nosso caminho ? Seremos ambos capazes de reconhecê-lo ?
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A resposta busca-se no presente que me desagrada, sem saber em quem, onde e como encontrá-la ! E no entanto pareceria tudo tão fácil, amiga. Soubesse eu mais de ti. Fosse eu menos impaciente !
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Somos nós e não só eu quem deverá decidir do futuro da nossa relação. (MCG - 1973.04.08) Évora

3 comentários:

De Amor e de Terra disse...

Lembranças de interrogações desiludidas.



BJ

Maria Mamede

Anónimo disse...

Só escreve assim quem sentiu. Quem não sentiu não é capaz, ao escrever inventa e sabe-se bem quando é inventado.
Eu conheço esse sentimento, preferia não conhecer.

A MINHA AMIGA ESTRELA CADENTE disse...

Nem semore há serenidade suficiente para dominar os acontecimentos